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Do Kichute e do Ceijuv aos dias atuais

Luiz Alves Lopes (*)

Do agrupamento de boleiros da velha guarda que ainda mostram as caras e interagem, mantendo-se em evidência e aprontando coisas do arco da velha, grande parte pertence à safra dos chamados “dentes de leite”, do saudoso futebol valadarense dos tempos de Daniel Mathias e Hormando Leocádio, noves foras outros mais.

Grupo que, contra todas as evidências, insiste na falácia de que venceu a casa dos 60, mas que ainda está bem distantes dos 70. Consequência do festival de certidões bem produzidas em cidades da região e alguns distritos, com as facilidades da época.

Vai daí que tem muita gente boa, muitas cabeças pensantes, bons de prosas e relatos de tempos idos que são verdadeiras pérolas. Resta-nos ouvir e tomar conhecimento, impossibilitado de sequer imaginar a possibilidade do contraditório. Coisas de Paulo Catuaba, Fernandão, Thébit e companhia, sob os cúmplices olhares de Paulo de Tarso.

As prosas, sempre às sextas-feiras, adentram madrugadas e de tudo se aborda um pouquinho. Vez ou outra Pagani dá um alô de Portugal, e Beltrão, da sua distante São José dos Campos, quase sempre tem que socorrer Paulo de Tarso.

Verdadeiramente, um programa da saudade, em que alguém relembra dos velhos tempos da chuteira de couro duro, travas quadradas bem pregadas e antigos campos de pouca grama, topografia irregular, bola vermelha, camisas pesadas e desbotadas. E todos tratavam a “maricota” com bons modos. E eram correspondidos.

Nos dias atuais, os pseudocraques reclamam de tudo e de todos, em que pese mordomias e todo tipo de conforto, e contam ainda com  bajulações da mídia raivosa. Efetivamente, muitos dotados do futebol arte nasceram em épocas inapropriadas. Azar e problema de quem não os viu em ação.

Grande parte dos integrantes dos agrupamentos de dentes de leites de nossa cidade são da turma do “kichute”, verdadeiramente chuteiras de pobres, surgido na década de 70 e que fazia o sorriso de muita gente boa. Ninguém reclamava. O importante era correr atrás da “maricota”. Mais ou menos dá época da “prainha” próxima da Ilha dos Araújos e onde o “fura redes” comandava o pedaço, promovendo seus torneios.

E se é para falar do passado, de coisas boas, vem à mente a figura do extraordinário professor Maurício PARÁ, com suas ideias, seus projetos e suas realizações, que não foram poucas.

Alguém se lembra do comboio com 10(dez) ônibus lotados de jovens e não jovens até a cidade então maravilhosa do Rio de Janeiro-RJ, em dia de Fla x Flu, com Cafuringa e tudo (1×1), adentrando o gramado do Maraca e nele demarcando com uso de talco a bandeira do Brasil? Houve muita preparação e treinamento para tal. Uma coisa fantástica. Inesquecível.

Alguns mais vividos hão de se lembrar quando do surgimento da SR Filadélfia, a criação do clube da CAMISA, idealizado pelo professor Maurício e que consistia basicamente na caminhada em torno da lagoa do clube pelos seus integrantes, acompanhado de alguns leves exercícios. O saudoso advogado Ítalo Pifano, dentre tantos, era participante ativo.

Mas, porém, todavia, entretanto, sem dúvida alguma, a obra maior do professor Mauricio Pará, verdadeiramente um visionário e sonhador, foi a criação do CEIJUV-Centro Esportivo da Infância e Juventude Valadarense, ocasião em que a equipe de educação física do antigo MIT comandou as dependências da Praça de Esportes da cidade.

A revolução encetada pelo projeto em comento – sempre há favoráveis e contrários – contaminou setores importantes da sociedade valadarense, que atenderam ao chamamento e entenderam sua grandiosidade. Alguém se lembra que o presidente do CEIJUV (de vida curta, diga-se de passagem) foi o extraordinário Luiz Geraldo de Oliveira Chaves, o marido de dona Leninha e pai do Tico e do Serginho?

Na pluralidade de modalidades esportivas desenvolvidas e na plêiade de valores que surgiram e que não foram poucos, permitimo-nos fazer referência a um único nome em homenagem e recordação de algo extraordinário criado em Governador Valadares, que tinha tudo para dar certo e que foi interrompido bruscamente por razões inconfessas. Uma grande fera, uma extraordinária atleta respondia pelo nome de ANA PAULA PISOLER.

O tempo passou. O CEIJUV se foi. O Figueira Tênis Clube também. O Ilusão já havia partido. Restou-nos e continua restando um vazio danado na prática sadia do desporto, afora ações isoladas que sobrevivem.

Do poeta maior desta cidade, de um ser humano extraordinário que respondia pelo nome de Sebastião ‘Carioca” Nunes, ainda ecoa sua célebre e sinistra afirmação: “Valadares é a cidade do já teve”. E como teve boas coisas!

(*) Ex-atleta.

N.B. – Ratificando e retificando registro do papo do último domingo, o DIA V- 2022, Dia do Voluntariado, será realizado em 28 de agosto – domingo – na parte da manhã, nas dependências do Coopevale Futebol Clube.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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