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Desvalorizando a vida

Luiz Alves Lopes (*)

Observância dos princípios recomendados pela Ciência ou defesa intransigente da Economia?

Eis a questão decorrente e provocada por uma tal de Covid-19. Aparato policial de país algum conseguiu, até agora, capturá-la ou efetuar seu encarceramento. Desafiou ela a soberba da humanidade, não importando se de países ricos ou pobres.

Provoca, inclusive, crises políticas de consequências inimagináveis. O Brasil que o diga!

Ah! Brasil: país do futebol, em que interesses os mais variados, alguns inconfessáveis, impublicáveis e inaceitáveis, vêm à baila quando se aventa a possibilidade de retorno do futebol às atividades oficiais. É isso mesmo!

Quando números, estudos e o crescimento assustador de óbitos decorrentes da pandemia induzem e direcionam grande parte dos estados brasileiros, senão a totalidade, à adoção do LOCKDOWN, poderosos e interesseiros, desprezando e ignorando dores e sentimentos, verdadeiramente “forçam a barra” para o retorno das atividades futebolísticas, desvalorizando e vulgarizando VIDAS dos atores envolvidos, em especial de atletas, profissionais técnicos e funcionários para, a seguir, incluir também o torcedor apaixonado e desavisado. Corja de desumanos.

Vejamos ou fiquemos atentos ao que está ocorrendo nos principais centros esportivos do planeta terra, sabedores que somos de suas pujanças, organizações e disciplinas na solução de seus impasses e conflitos. Não são passionais. Raciocinam. Fazem contas. Conhecem valores, são planejadores e valorizam a vida. E mais: os ditames governamentais são ouvidos, respeitados e cumpridos integralmente.

E por aqui? Desarticulação total. Atiram para todos os lados e direções, cada um ou cada lado defendendo interesses individuais, desprezando-se o coletivo. Danem-se.

Qual a política de saúde determinada pelo Governo central ou mesmo por parte dos inúmeros estados brasileiros, cada um com sua autonomia traçando normas próprias?

Quanto às atividades futebolísticas, será possível acompanhar orientações, normas e determinações regionais ou haverá uma política única que preserve, em especial, a vida e a saúde de seus atores?

Há notícia de que a entidade maior do futebol brasileiro – leia-se Confederação Brasileira de Futebol – tenha tido alguma iniciativa abrangente, participando de alguma AÇÃO solidária em relação à crise de epidemia do coronavírus em nosso país? Quer nos parecer que não.

Em especial, no mundo do futebol, a quem mais interessa a volta das atividades e competições futebolísticas no nosso país? Certamente que à Confederação, às Federações dos Estados, empresários, agentes, mídia em geral, clubes e, ao final, aos atores responsáveis maiores pelos espetáculos. Referimo-nos aos atletas e profissionais de campo. E a eles, certamente, o risco maior de contaminações. São unidos? Não. Nunca foram. E quando aparecem alguns “cabeças pensantes”, são defenestrados. Quem se lembra de Afonsinho, Sócrates, Vladmir, Casa Grande e, mais recentemente, Paulo André?

O homem é um animal conflituoso. Está em constante atrito com seu semelhante. Não basta para a sociedade apenas o costume para promover o entrosamento dos indivíduos. A sociedade complexa em que vivemos precisa de normas de conduta estáveis que espelham as necessidades e definem as condutas dos cidadãos.

O sábio sem sabedoria é o conhecimento puro sem a vida. A sabedoria sem a vida é uma virtude isolada. Saber e sabedoria são uma mistura difícil em uma só pessoa, mas é necessário tentá-la.

Vivência, sensatez e equilíbrio são virtudes que não podem faltar, pois estão num plano em que são vistos por todos, na busca de soluções.

Que ocorra autocrítica necessária. Que prevaleçam trabalho, inteligência e a capacidade de envolvidos e interessados. Que assim seja!

“Para cumprir adequadamente a sua função, as políticas públicas necessitam resguardar um princípio fundamental: permitir que cada cidadão se sinta ativamente participante da construção de tais políticas. Os instrumentos utilizados devem promover o pluralismo, estabelecendo espaços de diálogo destinados à representação das questões éticas e normativas.

“As políticas públicas devem assegurar, com atenção especial, os direitos elementares que correspondam à consciência de um universo ético no qual a pessoa age. Particularmente, essa correta concepção do universo ético deve orientar para a abertura de horizontes do bem comum, progressivamente mais amplos, até englobar toda a família humana.

“O progresso científico e tecnológico tem mostrado, nesses últimos anos, como as escolhas feitas no presente podem influenciar os estilos de vida e, em alguns casos, a própria existência dos cidadãos das futuras gerações. A noção do bem comum engloba também as gerações futuras. Os cidadãos de hoje, de fato, devem ser solidários com os seus contemporâneos – onde quer que estejam -, mas também com os futuros cidadãos do planeta”.

“Uma vez que não dispomos ainda de cultura necessária para enfrentar a crise e há necessidade de formar lideranças que apontem caminhos, procurando dar respostas às necessidades da geração atual – todos incluídos, sem prejudicar as gerações futuras – , uma tarefa de elaboração de políticas públicas é contribuir para a construção dessa cultura baseada na ética intergeracional.” (Padre Luís Fernando da Silva, na interpretação de tema da Campanha da Fraternidade de anos anteriores).

Acorda, Brasil! Esta tal de COVID-19 tem nos feito refletir.

(*)Ex- atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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