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Desconexão entre liderança e conselho: lições de condomínios e a demissão do CEO da OpenAI

FOTO: Divulgação

Você conhece os conselheiros do seu condomínio? Se você é conselheiro, está preparado para o cargo ou apenas cedeu o nome para cumprir as formalidades legais? Qual é a relação do síndico com o conselho? E qual é a sua participação nas decisões do condomínio?

A falta de participação e conhecimento dos condôminos nas decisões é comparável à situação na OpenAI. O recente episódio envolvendo a demissão e posterior reintegração de Sam Altman, CEO da OpenAI, releva a importância da governança corporativa, estabelecendo paralelos intrigantes com a gestão de condomínios.

Transpondo para o contexto condominial, a figura do síndico é crucial, mas, assim como o CEO da OpenAI, sua atuação não deve ser isolada. A presença de conselhos consultivos e fiscais é fundamental, oferecendo suporte valioso na tomada de decisões e na fiscalização financeira do condomínio. A participação ativa dos moradores nas decisões é tão crucial quanto a dos funcionários na vida de uma empresa.

Capacitação

O Código Civil faculta a criação do conselho consultivo, embora altamente recomendado, enquanto o conselho fiscal é obrigatório, segundo o artigo 1.350.

O fato é que a presença desses conselhos é crucial. Eles proporcionam o suporte valioso na tomada de decisões do dia a dia, enquanto os conselheiros fiscais atuam com olhar mais crítico nas questões financeiras.

Contudo, muitas vezes, a escolha desses condôminos é negligenciada. Pessoas sem conhecimento ou comprometimento com os interesses da coletividade são eleitas, tornando o papel desse grupo meramente formal, ou “decorativo”.

Essa falta de responsabilidade traz um grande prejuízo aos demais, pois cria falsa impressão de segurança e boa gestão do condomínio.

Por outro lado, mesmo que o intuito seja de contribuir positivamente, a tomada de decisão de pessoas não capacitadas para o conselho também traz prejuízos ao condomínio.

Transparência

Voltando ao exemplo da empresa de tecnologia, a desconexão entre Altman e o conselho da OpenAI reflete um dilema recorrente: quando líderes agem de forma independente, há o risco de desalinhamento com os valores e estratégias fundamentais da organização. Essa disparidade pode resultar em decisões aparentemente benéficas em curto prazo, mas prejudiciais em longo prazo.

No âmbito condominial, a falta de critérios na escolha de conselheiros e a escassa importância atribuída ao cargo refletem a situação enfrentada pela OpenAI. Ambos os casos reforçam a necessidade de um conselho ativo, comprometido e com conhecimentos mínimos de gestão e finanças.

O papel do síndico, embora não submisso ao conselho, deve pautar-se pela transparência e alinhamento com as orientações do conselho. Síndicos que agem sozinhos, não prestam contas do que fazem ou ignoram a existência dos moradores são tão nocivos quanto aos conselheiros inertes.

Essa cooperação entre síndicos, conselheiros, lembrando que o condomínio pertence a todos os proprietários, é essencial para evitar conflitos e promover uma gestão condominial eficaz.

Liderança

Na esfera corporativa, a OpenAI, ao concordar em princípio com o retorno de Altman, demonstra a importância de reavaliar decisões e reconhecer a necessidade de uma liderança alinhada aos interesses da empresa.

Assim como em condomínios, onde conselheiros muitas vezes são ignorados ou subestimados, na OpenAI, a decisão do conselho de demitir Altman sem explicar detalhadamente os motivos provocou reações intensas.

Funcionários ameaçaram renunciar em massa, evidenciando a necessidade de uma relação saudável entre líderes,  conselhos e moradores para evitar crises.

Em última análise, a demissão e reintegração de Sam Altman na OpenAI serve como um lembrete de que a governança corporativa é vital para o sucesso e estabilidade de qualquer organização, independentemente de seu porte ou natureza.

Da mesma forma, nos condomínios, a escolha cuidadosa de conselheiros e a colaboração transparente entre síndico e conselho são alicerces para uma administração eficiente e livre de crises.


Cleuzany Lott é advogada condominialista, especialista em direito condominial, síndica, jornalista, publicitária, diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM), Diretora Nacional de Comunicação da Associação Nacional da Advocacia Condominial (ANACON ),  coautora do livro e-book: “Experiências Práticas Conflitos Condominiais” , apresentadora do quadro Condomínios.etc no programa Condofornecedor.tv e do podcast e canal Condominicando.

Comments 3

  1. José Fortes says:

    Excelente tema. A Governança é fundamental. Comungo ” ipses literes ” com o Artigo. Parabéns.

    • Cleuzany Lott says:

      Muito obrigada. Sinta-se à vontade para sugerir temas para os artigos. Abraços.

  2. Cleuzany Lott says:

    Olá pessoal. Preciso fazer uma retificação no artigo que passou despercebido. O Código Civil faculta a criação do conselho consultivo, embora altamente recomendado, enquanto o conselho fiscal é obrigatório, segundo o artigo 1.350. Na verdade os dois conselhos são Facultativos, embora altamente recomendáveis. Portanto, esclarecendo: não há obrigatoriedade de ter conselhos no Condomínio, assim como não é obrigatório ter subsíndico. Entendido? Obrigada,

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