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“Defenestramento”: lixo pela janela é uma péssima ideia!

FOTO: Divulgação

A palavra é esquisita: defenestramento. Em latim: “ACTIO DE EFFUSIS ET DEJECTIS”. Mas estranho é só o nome, pois as queixas dessa ação são corriqueiras nos condomínios.

O que poucos conhecem são as conseqüências de lançar ou deixar cair objetos da janela do prédio. Basta alguém ser prejudicado para que o condomínio ou o habitante seja acionado na Justiça. Se não agir rápido para resolver o problema, o síndico também é passível de uma ação judicial. 

Trata-se da responsabilidade civil, que consiste em assegurar o direito da pessoa lesada ser indenizada pelos danos causados por outrem e responsabilidade effusis et dejectis do condomínio edilício pelo que cair ou for arremessado do prédio.

Previsão legal

O primeiro Código Civil brasileiro, escrito em 1916,  já previa no artigo 1.529, que o habitante da casa seria responsabilizado pelos danos proveniente das coisas que caíssem ou fossem lançadas em lugares indevidos.

Mais de um século depois, a legislação é a mesma, apenas a palavra “casa” foi adequada para  “prédios”. O dispositivo atual está no artigo 938 do Código Civil. Mesmo assim, há quem se arrisque a ser responsabilizado civilmente e criminalmente e ter que ressarcir os prejuízos que porventura causar.

É o caso, por exemplo, do entupimento da calha do imóvel ao lado do condomínio. A pessoa prejudicada pode pedir na Justiça o ressarcimento do dinheiro gasto na limpeza da calha, além da obrigação de fazer cessar o descarte irregular.

Os moradores do condomínio também podem recorrer à Justiça quando se sentirem prejudicados pelos vizinhos. O procedimento é o mesmo. Porém em todos os casos a vítima precisa provar o dano sofrido e o nexo de causalidade proveniente do que foi lançado do edifício.

Teoria da Causalidade 

Quando for possível saber de onde o objeto caiu ou foi lançado, mas a pessoa que jogou ou deixou cair não for identificada, o morador da unidade será responsabilizado. Isso se deve à Teoria da Causalidade Adequada. 

O mais comum, entretanto, é detectar o prédio de onde o objeto caiu ou foi jogado sem descobrir a unidade. Nesse caso a obrigação de reparar o dano é do condomínio, em função da Teoria da Causalidade Alternativa. O valor da ação poderá ser repassada a todos os moradores através da cobrança de taxa extra.

Parece injusto, mas foi a forma que os legisladores encontraram para não deixar quem sofreu o dano desamparado. A boa notícia é que,descoberto o causador do problema, cabe uma ação de regresso contra ele.

Culpa presumida

O trabalho do síndico é essencial para garantir a boa convivência entre os moradores, bem como a preservação do patrimônio e o cumprimento das normas internas.

No entanto quando ele deixa de tomar providências sobre problemas que afetam a harmonia e o bem-estar dos condôminos, ele pode enfrentar consequências jurídicas.

Logo, quando o síndico não fiscaliza, não se empenha em descobrir quem está jogando o lixo pela janela, não conscientiza sobre o problema e, se descobrir o porcalhão, não toma as providências previstas no Regimento Interno ou Convenção, ele assume uma culpa in vigilando pela falta de zelo e pode ser acionado judicialmente.


(*) Cleuzany Lott é advogada,  especialista em direito condominial, síndica empreendedora, conselheira profissional, jornalista, publicitária, diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM) e membro da Associação Nacional da Advocacia Condominial (Anacon).tx

Comments 2

  1. Walnei Antonio says:

    Excelente tema! Parabéns!

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