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Aos navegantes… e aos sem tempo

Luiz Alves Lopes (*)

“O tempo passa, torcida brasileira…” é expressão e narrativa de uma das mais belas vozes de narradores e locutores esportivos de nosso país. Falamos de Fiori Gigliotti, que nos deixou nos idos de 2006. Encantava a todos nas transmissões esportivas, nos clássicos em especial.

Aqui na terrinha, permitimo-nos dizer e transmitir aos mundanos do mundo esportivo e aos que um dia foram dos ‘dentes de leites’ que a vida passa, que a  vida terrena é curta,  cheia de altos e baixos, de nuances, ciladas e adversidades. Nada avisa e não manda recados.

Melhor idade ou envelhecimento mesmo? Faz ou há diferença? Sei não, Bolívar. Mas assusta, e como assusta! Muito pior que enfrentar as defesas do Borroló (João Miranda, Puri e cia.) e do Caratinga (Fifi, Zezé e cia.). O momento é  de reflexão.

A boleirada não assume, mas, na verdade, o que quer mesmo é uma cerveja estupidamente gelada e acompanhada de um bom tira gosto. Há algo mais, porém impublicável. Deixa pra lá.

Vivemos em um país tropical, abençoado por Deus, porém cheio de desigualdades sociais. Há momentos que provocam revoltas, destemperos e outros procedimentos inevitáveis. A análise da pirâmide social dá náusea. Concentração avassaladora de nossas riquezas em um baixíssimo percentual de nossa população.

Minha gente e gente que não é minha, negócio seguinte: há um considerável agrupamento de boleiros da velha guarda, de militantes e simpatizantes esportivos, de torcedores e de pessoas de bem, solidárias para com aqueles que estão em estado de vulnerabilidade social e de outros que possam, no futuro, enfrentar tal situação.

Nas Minas Gerais, Wilson da Silva PIAZZA e seus amigos fizeram e continuam a fazer o  bem, assistindo e encaminhando inúmeros ex-atletas para a profissionalização, para o emprego e, em muitos casos, assistindo-os em suas necessidades básicas. Na maioria ex-atletas que não se cuidaram durante a carreira futebolística. Tudo foi e continua sendo possível graças à  AGAP – Associação de Garantia ao Atleta Profissional.

Em certa ocasião assim se expressou o papa João Paulo II: “Tenho medo do cansaço dos bons”. Preocupante. Faz sentido.

No dia 28 de agosto do ano vigente, o grupo que anualmente organiza o Encontro dos Boleiros de final de ano estará promovendo, nas dependências do Coopevale Futebol Clube, uma assembleia geral que oficializará a criação do Projeto Pingo D’Água, estudará e deverá aprovar seu estatuto e eleger sua primeira diretoria.

Na informalidade, o Projeto Pingo D’Água, voltado para pequenas ações solidárias, já vem assistindo minimamente alguns integrantes do mundo esportivo valadarense  em estado de vulnerabilidade social. Sonha-se, com organização e participação, muito mais realizar.

É pensamento do grupo  ter o alinhamento de profissionais liberais – médicos, dentistas , advogados, psicólogos, psiquiatras, engenheiros, nutricionistas, enfermeiros, professores de educação física, músicos, empresários  e profissionais outros que possam, VOLUNTARIAMENTE e de forma programada, participar no atendimento de demandas identificadas, justificadas e recepcionadas pelo projeto. Grande é o desafio e a proposta. Não custa sonhar.

Com espaço físico delineado e disponibilizado nas dependências do Coopevale Futebol Clube, criou-se a expectativa de que considerável número de ex-boleiros passaria a frequentá-lo e a dedicar um pouquinho de seu tempo ao projeto. Ledo engano. Poucos, pouquíssimos se deram conta da proposta, dos objetivos e das pretensões. Sequer o visitaram.

E, assim sendo, avisando aos ‘navegantes’ que o amanhã será outro dia e que é bíblico que “são muitos  os convidados, mas quase ninguém tem tempo”, o barco vai sendo tocado dentro do possível e das possibilidades, ressaltando que alguns dos nossos, distantes, vêm contribuindo para a solidificação do projeto. Acreditaram e continuam acreditando, orgulhosos de participar ainda que à distância. Dispensam a citação de seus nomes.

Certamente que, com sua oficialização, o Projeto terá condições de buscar na sociedade organizada parceiros para suas demandas e convênios diversificados que proporcionarão o desenvolvimento de ações que valorizam a vida, dando dignidade a quem não tem e restabelecendo-a a quem a perdeu.

Boleiros e não boleiros: Fazer o bem faz bem. Não basta não fazer o mal. É preciso fazer o bem. Enquanto é tempo, façam a vida valer a pena. Participem.

(*) Ex-atleta 

N.B. – A boleirada da ativa no futebol brasileiro, a mídia raivosa e os loucos fantasiados de torcedores continuam, irresponsavelmente, a fazer o que bem entendem no tratamento e respeito à classe dos técnicos de futebol profissional. Se acham. A vida nos cobra um dia o preço de tudo aquilo que fizermos. Atrás de montanha tem montanha. E o JÔ ? Que exemplo maravilhoso…

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