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A TRISTEZA DO ESTÁDIO VAZIO

por Luiz Alves Lopes (*)

“Sua ilusão entra em campo no estádio vazio…” (saudades de Mané Garrincha). ILUSÃO.

Futebol profissional no interior do Brasil. Haja paixão, masoquismo, amor ao clube e muita abnegação. Como custeá-lo? Como mantê-lo? Eis o desafio e questão a serem atacados.

Último final de semana. O valadarense nordestino Paulo de Tarso, democratense roxo desde que aqui aportou, e atualmente recluso em estabelecimento prisional de luxo por imposição da pandemia que persiste, fez encaminhamento de ‘link’ que permitiu acompanhar, acomodado em casa, a partida inicial do Democrata Pantera frente ao Aymorés de Ubá, pelo certame mineiro do módulo B – nome bonito dado ao Campeonato Mineiro da Segunda Divisão. Pantera 1×0.

Defensor intransigente da regionalização do futebol nas Minas Gerais, medida por demais sensata, Paulo de Tarso vê no certame mineiro da segundona, ocasional e acidentalmente, e não em função de estudo e planejamento, relativa regionalização.

Assim, Democrata GV, Ipatinga do Vale do Aço, Vila Nova de Nova Lima, Tupy de Juiz de Fora, Aymorés de Ubá, Guarani de Divinópolis, Democrata de Sete Lagoas, representante de Betim e alguns outros, perfazendo um total de doze equipes, buscam duas preciosas vagas para a elite do futebol mineiro em 2022.

Já pensaram se estudos fossem feitos e Esporte Clube Caratinga, da “Terra das Palmeiras”, Social de Coronel Fabriciano, Fluvasan de Manhuaçu, Acesita Esporte de Timóteo, Nacional de Muriaé, América de Teófilo Otoni, Valeriodoce de Itabira, Grêmio de Manhumirim, Ipiranga de Carangola e outros mais da região fossem chamados, conversados e se sujeitassem a planejamento sério, objetivo e consistente? A regionalização se tornaria uma realidade. Dá para sonhar?

Voltemos ao clássico Democrata x Aymorés. A narração e os comentários, de certa forma esquisitos, com vocabulário inapropriado em inúmeras oportunidades, se fizeram presentes. Porém, o futebol apresentado foi pra lá de aceitável.

Independentemente da ausência de público, por razões óbvias, há de se registrar o gosto de ‘guarda-chuva’ na boca em decorrência da ausência na esquadra valadarense de craques feitos na terrinha. Todos ou quase todos os participantes ilustres desconhecidos. Uma pena!

Tempos houve em que o manto democratense abrigava Pagani, Alex, Mateus, Jairo, Wildimarck, Borges, Robertinho, Beltrão, Valmir, João Carlos, Bigorna, Giacomin, Fausto Rosa, Claudinho, Walber, Gilberto “Ziquita”, Sílvio, Gilmar, Carlos, Mauro Botelho, Tião, Fábio Junior e um mundão de gente que fez história no futebol. Se retroagirmos mais ainda no tempo, aí a lista será de metros, e complica. Deixa pra lá…

Ao lado de um grupo de ‘folgados’, para não dizer da terceira idade – P. Tarso, Hoberg, P. Hilel, C. Thébit, Valdemar Pena e Fernandão (o de GV) – participamos semanalmente de interessante bate-papo sobre futebol e suas nuances. Encontro de cinco ou seis horas apenas.

Cabeças pensantes, Hoberg e P. Tarso vão fazendo consultas, estudos e fazendo exibições de muita coisa do futebol pouco conhecida e divulgada. Exemplificando, as taxas impostas aos clubes pela Confederação do Caboclo afastado e da Federação Mineira são de arrepiar. Inscrições e regularizações de atletas implicam em gastos astronômicos. De desanimar.

Folha de pagamento de um plantel, de uma comissão técnica, deslocamentos com viagens, hospedagens, alimentações, departamento médico e outros tantos em moda. Loucura. Loucura tocar futebol profissional no interior. Ações trabalhistas à vista… em profusão.

Onde vamos parar? Vale a pena? Há patrocinadores? Há alguma receita não conhecida? A Federação ajuda com alguma coisa ou continua apenas e tão somente comparecendo com seu tradicional borderô?

Tempos houve de estádio lotado, de torcedor se espremendo, ainda que entoando o “põe o Marcelo… tira o Marcelo…”. Também tempos de Jota, Juca, Nagel, Vicente e Lúcio, Carlos Antônio e Luiz Augusto. Décio Amaral, Chico, Tuca e Alecir. Tempos que a cuíca roncava. E como roncava!

Tocar futebol profissional nos dias atuais? Como? De que forma? O torcedor não quer saber. Quer ver sua equipe na linha de frente da tabela. A ele não interessa como. É passional. Mas ver o estádio vazio dá uma dor danada, quase cortando o coração. Difícil segurar as lágrimas.

(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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