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A FRIEZA DE UM SILÊNCIO

Luiz Alves Lopes (*)

Temos consciência de que grande parte dos assuntos abordados neste pedaço de espaço aborrece muita gente. Fazer o quê? O papo não é de boleiro, preferencialmente direcionado aos amantes dos esportes e às vezes sobrando para outros segmentos? Repito, enquanto o redator tolerar, vai ser assim mesmo. Estamos entendidos? E, de vez em quando, algumas abordagens repetitivas, para que os senões não caiam no esquecimento.

Noves fora a atipicidade do corrente ano de 2020, ano do bichinho danado, a outrora pomposa Princesa do Vale, de clima tropical, por demais apropriado para a prática do esporte em geral, movimentava durante toda a temporada os amantes do futebol em todas as suas categorias e dimensões, impulsionados por uma mídia contagiante e participativa e que contava, também, com vontade de muita gente boa à frente dos clubes e da entidade dirigente.

Clubes? Quais? Quem são seus dirigentes? Como têm se posicionado?

E a entidade dirigente? O que tem feito? Como? De que forma? Há um calendário? Há algum planejamento?

Ah! Governador Valadares tem uma Secretaria de Esportes. Tem um Conselho Municipal de Esportes. Tem escolas de jornalismo. Então, dá para debater. Dá para elaborar plano de metas mediante sério planejamento. Com os pés do chão. Sem demagogia e interesses pessoais ou mesmo escusos.

Se é verdade que neste ano a pandemia impossibilitou a realização de campeonatos e torneios, não menos verdade é que, em inúmeros anos anteriores, nada, absolutamente nada foi realizado. Não cabe aqui falar em torneios oficiosos promovidos pela administração municipal.

Certamente lá de cima, com os olhos cheios d’água, Mendes Barros, Dolfino Chisté, Luiz Bento, Mário Marinho, Hormando Leocádio, Daniel Matias, Bráulio Mesquita, Boris Silva, Tião Nunes, Beto Teixeira, dentre outros, estão tristes com o rumo tomado pelo futebol amador valadarense, ao qual tanto se dedicaram. Uma lástima!

No momento atual, que falta faz o catimbeiro José Pereira da Silva, que também atendia por Zé Rodinha! E o que falar de César de Assis Alves e seu Everest, de Joaquim Inácio de Lima e seu Santa Helena, de Almyr Lordes e seu Bangú, de Francisco Conceição e seu Cruzeiro, de Ranulfo Alvares da Silva e seu Vila Isa, de José Glória Barbosa e seu Ibituruna, de José Antônio e seu Estrela do Mar, de Josino Silva e seu Inter, de Serafim Leiteiro e seu Coope, do velho Maleiro de antigamente com seu Táxi, do senhor Antônio e seu União, de Cesário e seu Santa Rita? Muitos outros poderiam ser mencionados. Faziam a diferença. Posicionavam-se.

O que motivava Dolfino ‘Italiano’ Chisté e seus pares a organizarem interessantes torneios regionais de clubes, em que ferrenhas disputas entre cidades despertava o interesse e o entusiasmo dos aficionados da nobre arte no Leste de minas e suas redondezas? E as acirradas disputas locais com clubes em quantidade e qualidade? Não há motivos e justificativas plausíveis para o que vem ocorrendo nos últimos anos. Sim. Com criatividade, sabedoria e boa vontade, não é difícil fazer a bola rolar.

Querer é poder, já diziam nossos antepassados. Quando se quer, se faz. Dificuldades existem? Sim, sempre existiram e foram superadas. Humildade, organização e planejamento devem caminhar juntas.

Não surgiu em Governador Valadares recentemente mais uma agremiação esportiva com departamento de futebol profissional? Certamente que estudos foram feitos, planejamento idem, e o clube aí está, participando de competições oficiais. Aliás, provavelmente com méritos e com aprovação da assembleia dos clubes, utiliza-se ele das dependências da Liga Amadora, inclusive estádio de futebol para seu funcionamento. Repetindo, quando se quer é possível fazer. Aliás, diga-se de passagem, o estádio, em sua parte externa, carece de pintura, reparos e construção de calçada.

Não se quer aqui e agora, já para este 2020, que caminha para seu final, realização de certames oficiais na cidade. Este é um ano atípico, de dores, perdas e sofrimentos. Mas dá para pensar, refletir, planejar e idealizar um calendário interessante para o próximo ano, certamente após a constatação e comprovação do surgimento de uma vacina eficaz, disponibilizada para todos os mortais, sem distinção de classe, cor e categoria social.

O afogadilho, pressa e improvisação não levam a porto seguro. Trabalho isolado, centralizador e desprovido de participação ou mesmo de consultas a outros não dá bons frutos.

É preciso saber o que se quer, se é que queremos alguma coisa em termos de futebol amador na terra de Serra Lima. Campeonato Amador da Primeira Divisão? Da Segunda Divisão? Certame de Juniores? De Aspirantes? De Veteranos? Movimentação da petizada?

A entidade dirigente deve puxar a fila. A mídia deve voltar a incentivar e cobrar, a Secretaria de Esportes do Município pode ajudar de alguma forma e os dirigentes de clubes têm a responsabilidade de dizer a que vieram. O futebol amador assim pede, assim espera, e o torcedor merece.

Chega da balela de que a quase totalidade dos clubes encontram-se em situação irregular perante o Departamento de Futebol Amador do Interior da Federação Mineira de Futebol. Cada clube fala por si. As respectivas diretorias são responsáveis pela regularização, sanando as pendências existentes. Cerveja de boa qualidade, carne mesmo de segunda para churrasco e tira gosto e chuteira de marca para agradar “boleiro explorador” não faltam nunca.

Edital bem redigido ou mesmo boletim informativo dirigido aos filiados podem sintetizar passos iniciais para a esperança de que dias melhores estão reservados para o futebol amador de Governador Valadares para o próximo ano. Que assim seja. Amém.

(*) – Ex-atleta

N.B. – Ética, dignidade, respeito e compreensão são valores que adquirimos ao longo de nossa caminhada terrena. Quanto a ser um estadista, nem sempre tal acontece. Predicado de poucos.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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