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A Copa, a Fifa e a náusea

Luiz Alves Lopes (*)

Ferindo e ignorando a tradição e passando por cima de normas e princípios, aí está mais uma Copa do Mundo do futebol association, cantado em prosa e verso como o esporte das multidões e uma das maravilhas do mundo dos humanos. Pode ser… mas pode não ser.

Foi-se o tempo em que se rezava e orava para que 4 (quatro) anos se passassem e uma nova Copa do Mundo ocorresse, levando ao êxtase e delírio altíssimo percentual de habitantes do planeta Terra. Verdadeira loucura que ficou ou teria ficado para trás. Não mais acontece.

Criação do francês Jules Rimet à frente da FIFA, o Campeonato Mundial de Futebol de Seleções foi realizado pela vez primeira no Uruguai, em 1930, com a participação de 13 seleções e com os donos da casa sagrando-se vencedores, merecidamente.

Realizada de 4 em 4 anos, tal não ocorreu em 1942 e 1946, devido à Segunda Guerra Mundial, retornando com toda pompa em 1950, aqui no Brasil, e que redundou no fatídico 2×1 do  escrete uruguaio frente ao escrete brasileiro. Um Maracanã com 200.000 torcedores incrédulos presenciou o desfilar da celeste olímpica. Coisas do futebol.

De tempos para cá que não dá para precisar, escolha e definição de um país para sediar uma Copa do Mundo passaram a contar com procedimentos nada republicanos, com interesses inconfessáveis prevalecendo, colocando também o futebol no rol de negócios repugnantes, sujos e reprováveis. Podridão mesmo. No e com o CATAR não foi diferente.

Dona FIFA, nos últimos anos e campeonatos promovidos, inclusive o realizado no Brasil, vem impondo e exigindo a adoção de medidas e procedimentos revoltantes e abomináveis, imiscuindo-se algumas vezes em questões tradicionais, rotineiras e até mesmo folclóricas das nações patrocinadoras/organizadoras dos mundiais. Uma lástima! 

Com inúmeras partidas já realizadas e resultados para todos os gostos, índice técnico que ainda não passou do razoável, sua excelência o Presidente da FIFA, ‘o careca’ Gianni Infantino, foi à televisão (ou chamou a televisão) e em seus seletos minutos de glória ou de orgulho tentou passar para o mundo situações que contrastam com a realidade e acontecimentos sobejamente conhecidos.

Disse: “Hoje me sinto catari. Hoje me sinto árabe. Hoje me sinto africano. Hoje me sinto gay. Hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto como um sem teto. Hoje me sinto como um trabalhador migrante“. Cinismo deplorável. Revoltante. Deu náusea ouvi-lo.

Em pleno século 21, integrantes das seleções disputantes do mundial foram e têm sido impedidos de se manifestar, de se posicionar e de mostrar para o planeta terra a visão, entendimento, pensamento e opiniões que têm sobre determinadas situações. Cerceamento brutal e inaceitável. Todos sucumbiram.

A braçadeira “OneLove”, uma criação dos holandeses, também proibida, tem como objetivo maior enviar uma mensagem de tolerância, conexão e oposição a todas as formas de discriminação. Apropriada para o momento vivido pela humanidade. Sua proibição provocou as mais variadas reações, inclusive culminando com a venda de todo estoque disponível. Parece que o tiro saiu pela culatra.

Por ocasião da partida inicial da Alemanha, em plena tribuna do estádio, no meio de engravatados e outros quetais, uma ministra alemã, sem medo de ser feliz, exibiu orgulhosamente sua  braçadeira “OnLove” e, ao contrário de dona FIFA, não se curvou ao autoritarismo e discriminação do Catar. Ainda bem…

E o escrete do Tite e do “rapazinho dodói”  também fez sua estréia e se saiu bem, levando-se em conta o futebol que se pratica nos dias atuais. Tudo roborizado e miletricamente pensado. Uma chatisse, mas… estamos no páreo.

E a pequena Nova Venécia, no Espírito Santo, passa a ser notícia por ser a terra natal de Richarlison, atacante de centro do escrete canarinho e autor dos dois gols da vitória brasileira. Ele que na atualidade brilha nos gramados ingleses, defendendo um dos grandes da terra da rainha.

A mesmíssima Nova Venécia, no passado, lá para as bandas de 1970 e alguma coisa, já havia revelado para o Borroló de Carlos Chagas, Democrata Pantera, para Minas e para o Brasil, um senhor fazedor de gols que atendia pelo nome de LAMPARINA. Gilberto “Ziquita”, em algumas oportunidades, esteve para ser barrado, mas era jeitoso…

Com as devidas proporções, também por aqui, antes e durante a Copa de 2014, exigências absurdas foram feitas e atendidas, e a herança é por demais conhecida. Final de Copa, dona FIFA e os seus se mandaram, e quem pariu Mateus que tome conta. Muitas vezes pagamos com nossa vaidade. Nos outros países também o mesmo ocorre. É o padrão FIFA.

A atual é apenas mais uma Copa do Mundo. Daqui a 4 (quatro)anos outra virá. O futebol de negócios não pode parar. Os senhores da FIFA continuarão a ditar normas para os países organizadores. Um dia que já está distante, o futebol já foi divertido, alegre e gostoso de se ver. FOI.


(*) Ex-atleta

N.B. – Em uma mesma semana se foram Wilson Índio do Brasil Carreira, doutor Ary Constante Soares e a professora Ruth Soares. Valadares ficou mais pobre. A ética, a dignidade, a competência, a lealdade  e a doação a esta cidade foram marcas deles. Combateram o bom combate. Merecem, mercê da misericórdia Divina, a companhia do Pai celestial.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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