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Futebol, dinheiro e negócios                                                                                             

Luiz Alves Lopes (*)

Aventa-se a história de que o futebol – que se tornaria o esporte das multidões – teria origem na China, onde teria surgido aproximadamente há 3.000 a.C. Pode ser. Porém não se pode descartar a hipótese de que japoneses, egípcios, gregos e romanos também praticavam algo semelhante em tempos anteriores a Cristo.

Na era tida como moderna, dúvida não há de que teria ele começado a ser praticado na Inglaterra, no século XVII. Mas no início sem regras, que surgiriam anos depois. Na terra da rainha centenária que se foi, muita coisa boa aconteceu.

Charles Miller

No Brasil ou Terra de Cabral chegou ao término do século 19, trazido por Charles Miller, ocasião em que era praticado, aliás, somente pela elite branca de São Paulo. Ainda que extinta a escravidão, ‘os mulatinhos’ não eram aceitos na prática de tal modalidade esportiva.

Filho de pai escocês e de brasileira descendente de ingleses, Charles Mïller, tendo estudado na Inglaterra e de lá retornado, trouxe consigo alguns apetrechos e introduziu o futebol em nosso país, sendo considerado o PAI do futebol brasileiro.

Então passada a fase do amadorismo aqui no Brasil, profissionalizando-se, nosso futebol extrovertido, animado, divertido e cadenciado conquistou o mundo, chegando ao topo da pirâmide pela classe e categoria de nossos futebolistas. Aliás patamar que hoje não mais ostentamos, por razões óbvias.

Amor incomum ao clube

Tempos houve em que grandes craques e ídolos se eternizavam em seus clubes, assinando contratos em branco, demonstrando amor incomum ao clube de seu coração. Era que se foi e que não volta mais. Assim sendo hoje não mais há exemplos como Castilho, Telê, Pinheiro, Jadir, Dequinha, Jordan, Belini, Orlando, Coronel, Nílton Santos, Pampoline, Ubaldo, Kafunga, Amauri de Castro, Pelau, Zuca, Ari, Jair Bala, etc, etc, etc, incluindo-se ainda dirigentes amadores e passionais.

Nesse sentido ocorreu uma profissionalização exagerada em todos os níveis e sentidos no futebol mundial, com países como o Brasil e seus clubes tentando acompanhá-los, de forma insensata, numa loucura que não faz sentido, com o dinheiro em profusão ‘matando’ histórias, valores e sentimentos. E dinheiro cujas origens são, no mínimo, questionáveis. Ah! Esses príncipes, esses milionários, esses donos de grandes fortunas… estão comprando tudo. Aliás até a beleza do futebol.

Dinheiro diz tudo no futebol

Nos tempos atuais, o DINHEIRO diz tudo no futebol. Na direção do clube, na composição de equipes, na forma de participação e de sujeição a calendários, na forma de comunicação e de recepcionar seus simpatizantes (torcedores). Estádio de futebol no Brasil está se tornando local impróprio para assalariados. Quem se lembra dos ‘geraldinos’?

Formação e revelação de novos talentos? Alguns preferem ‘comprar’ pronto. Enquanto outros tantos vão seguindo com a velharia. Poucos, muito poucos, insistem na política da base. Eis que nela, também, se gasta muito dinheiro. Dinheiro de quem? De onde? Qual a origem?

Tragédia do “Ninho do Urubu” à parte, por sinal caindo no esquecimento, a legislação que aí está é draconiana, leviana e inviabiliza que sonhadores e masoquistas, como nos antigamente, possam se dedicar à nobre missão de oportunizar à gurizada/molecada o espaço e condições para a realização do sonho de tentar se tornar atleta de futebol. Uma pena! Muito triste. Mas por que não rever a legislação? Então com a palavra nossos…

Nos antigamente, comum, corriqueiro mesmo, era a figura do caixeiro-viajante comercializando todo tipo de produto e mercadoria. Fumo de rolo, carne seca defumada, secos e molhados e tudo o mais que o homem afastado se via impossibilitado de adquirir, de vivenciar. Tempo ‘bão’ que se foi e não volta mais. A modernidade aí está… a globalização também. Dura realidade!

Pobre futebol

No futebol da atualidade, a figura do caixeiro-viajante deu lugar a uma série de notáveis, de aventureiros, de espertalhões, de comerciantes, de investidores e de alguns outros rótulos em moda que não devem sequer ser mencionados, tomando de assalto os clubes de futebol, transformando-os em negócios rentáveis para eles próprios. Clubes, camisas, histórias, tradições, conquistas e paixões não interessam. Ou seja interessa apenas e tão somente um bom NEGÓCIO. Pobre futebol!…

E há um fato novo, ainda não bem esclarecido e explicado, que são as SAF’s. Dentre tantos questionamentos, por que concentrar nas mãos de um único investidor 80%, 90% de tudo? Espírito leolino? Ganância mesmo? 60% não seria um percentual razoável? Então parece-nos que aqui também se busca um bom NEGÓCIO.

Pouco mais de meia dúzia de clubes do planeta, pelo poderio econômico, concentra em suas fileiras a nata dos futebolistas em atividade, seguidos a distância por chineses, árabes e japoneses e alguns outros poucos. A distância ainda é quilométrica.

Daqui, na telinha, abaixando o som ao máximo possível para evitar narrador e comentaristas, nos contentamos, de vez em quando, com partidas do nível de França x Argentina e de um Real Madrid x Barça. Difícil torcer por uma ‘refinaria de petróleo’, para ‘uma montadora de veículos’ e coisas do gênero. Só se pensa em NEGÓCIO quando o assunto é futebol. Uma pena!…


(*) Ex-atleta

N.B.- Para a turma da velha guarda, amante do futebol valadarense, o registro de duas perdas nos últimos dias: o velho ALICATE, destemido zagueiro do saudoso Almirante Barroso, e TONICO, dos bons tempos do Ypiranga, do bairro Santa Terezinha, e das peladas no campo de areia do aeroporto do bairro de Lourdes, subiram para o andar de cima, indo ao encontro do Pai celestial.

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