[the_ad id="288653"]

Grafia de horas e emprego do infinitivo

Abordaremos hoje dois assuntos que são objeto de muitos erros pelos usuários. São assuntos um pouco técnicos e que requerem, além de muita atenção, certos conhecimentos dos rudimentos de nossa língua. Por isso, peço antecipadamente desculpas pela linguagem às vezes um pouco técnica na abordagem. Quem, entretanto, se interessar em aprimorar seus conhecimentos, deve debruçar-se sobre o assunto. Advirto que não são muito fáceis, especialmente quando se trata do emprego do infinitivo.

HORAS

Em referência a horas, não se usa zero antes do numeral; além disso, devem-se evitar abreviações quando se trata de horas exatas: Saí às 3 horas (e não às 3h); A reunião foi marcada para as 19 horas (e não para as 19h).

Nas horas quebradas, usam-se h para horas, min para minutos e s para segundos, os quais devem ser escritos sem espaço e com letras minúsculas: O show começou exatamente às 21h34min53s. O registro de min só será necessário quando se especificar a hora até os segundos; caso contrário, pode ser omitido: O show começou exatamente às 21h34.

Tais abreviaturas não admitem ponto nem sinal de plural.

Não se usam algarismos para registrar duração, tempo gasto: A reunião durou, aproximadamente, três horas; Restam trinta minutos para o encerramento da prova; Faz vinte e quatro horas que ela viajou.

Observação: O mesmo se dá com dias, meses e anos: Sua viagem durou trinta e sete dias; Faz cinco meses que ela se foi; Não vejo Maria há quarenta e dois anos.

ATENÇÃO:

Na grafia de horas, como já anotei anteriormente, não se usam letras maiúsculas. Nunca diga, ao falar, dezenove e trinta horas. Isso não existe, embora largamente utilizado por muitas e muitas pessoas. O certo é: dezenove horas e trinta minutos, etc.

INFINITIVO

O emprego das formas flexionada e não flexionada do infinitivo é uma das questões mais controvertidas da língua portuguesa. Muitas são as regras propostas pelos gramáticos para o uso seletivo das duas formas, no entanto, serão apresentadas, a seguir, apenas cinco regras básicas que expressam, de forma geral, consenso a respeito do assunto.

  1. Flexiona-se o infinitivo quando seu sujeito e o do verbo principal são diferentes: Acreditamos (nós) estarem todos cobertos de razão; Acho (eu) melhor partirmos (nós) à noite; Solicitamos (nós) a gentileza de enviarem (eles) os ofícios; É louvável a disposição de servirem (eles); Julgo (eu) estarem (eles) bem.

Não se flexiona quando os sujeitos são idênticos: Programamos (nós) fazer (nós) uma festa; Prometeram (eles) chegar (eles) à tarde; Dormimos tarde a fim de terminar (nós) a monografia; Fizemos (nós) as sugestões com o propósito de (nós) contribuir para a melhoria do trabalho.

  1. Flexiona-se o infinitivo quando seu sujeito, mesmo semelhante ao da oração principal, está claramente expresso: Confirmaram (elas) serem elas as autoras do crime; Não nos conformamos (nós) com nós sermos demitidos; Alegramo-nos por nós termos sido convocados para a missão.
  2. Não se flexiona o infinitivo quando, precedido da preposição de, tem sentido passivo e serve de complemento aos adjetivos fácil, difícil, bom, ruim, possível, raro, agradável e a outros semelhantes: Essas receitas são fáceis de fazer; As letras são difíceis de decifrar; Essas sementes são boas de cozinhar; Os tecidos são ruins de lavar; Embora muito pequenas, as letras são possíveis de ler; Essas orquídeas são raras de encontrar; São paisagens agradáveis de ver; Ossos duros de roer.

ATENÇÃO:

Não use o pronome SE, como é comum, em orações do tipo acima. O SE é pronome passivo. O verbo no infinitivo antecedido da preposição DE já tem o sentido passivo. Portanto, o pronome SE não tem função nesse tipo de oração. NÃO O USE!

Flexiona-se, entretanto, o infinitivo da voz reflexiva: Eles são incapazes de se respeitarem.

  1. Não se flexiona o infinitivo quando compõe predicado de oração que serve de complemento a verbos causativos (mandar, fazer, deixar) e sensitivos (ver, ouvir, sentir) e tem como sujeito um pronome oblíquo: Mandei-os sair; Fi-los participar das decisões; Deixou-nos dormir no alojamento; Vi-os sair; Ouviram-nos reclamar da sorte.

Contudo, a forma flexionada pode ocorrer quando o sujeito vem expresso por substantivo: Mandei os homens começar/começarem a busca; Fizemos as crianças dormir/dormirem cedo; Deixou apenas três funcionários participar/participarem do treinamento; Vi meninos e meninas sair/saírem pelas ruas.

  1. Não se flexiona o infinitivo em locução verbal: Os assessores deveriam discutir esse assunto com urgência; Vocês não podem desistir da candidatura; As psicólogas irão assistir às entrevistas.

O erro que se comete aí é: “As psicólogas irão assistirem às entrevistas”. É feio demais…

Ilvece Cunha | Professor de Português | ilvececunha@hotmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM

Cuide do cap table da sua startup

🔊 Clique e ouça a notícia A distribuição de ações em uma startup pode influenciar significativamente seu potencial de investimento e a forma como ela é percebida pelos investidores. Inclusive,

Igreja viva

🔊 Clique e ouça a notícia Caros irmãos e irmãs, desejo que a ternura de Deus venha de encontro às suas fragilidades e os apascente de muito amor, saúde e

Se o esporte é vida e educação…

🔊 Clique e ouça a notícia Luiz Alves Lopes (*) Doutos, cultos e muitos que se dizem entendidos das coisas mundanas, enchem e estufam o peito para dizer que “o