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Que futebol é este?

Luiz Alves Lopes (*)

Houve um homem enviado por Deus a este mundo, chamado João Batista. Veio para dar testemunho da Luz. Uma voz clamando no deserto… foi preso por ordem do então rei Herodes e teve a cabeça decepada para satisfazer o desejo da filha de Herodíades, que fora casada com um irmão do monarca em apreço, posteriormente casada com o poderoso rei. A ‘coisa’ é antiga minha gente, não é de hoje…

Na pequenina Itabirito, nas Minas Gerais, veio ao mundo um cidadão chamado TELÊ SANTANA da Silva, filho do senhor Zito e de dona Corina, numa família de 10 irmãos. Enveredou-se pelo mundo do futebol e fez história. Não mais está entre nós.

Na poderosa São Paulo, maior cidade do país, nasceu Muricy Ramalho que foi também atleta de futebol profissional. Tornou-se técnico de futebol com virtudes e feitos altamente positivos, sendo atualmente dirigente de um dos mais poderosos clubes de futebol do Brasil, no caso o São Paulo Futebol Clube.

Neste 18 de dezembro encerra-se mais um campeonato mundial de futebol profissional de seleções, sediado pelo Catar e marcado pela riqueza que invadiu e tomou conta daquele que já foi o melhor esporte do mundo. Transformaram-no em um grande negócio. Com água na boca assistiremos Argentina x França. Já fomos os melhores, não somos mais.

A copa do mundo que se finda foi disputada por 32 países que lá chegaram mediante processo seletivo, salvo o país sede, conforme normas que não são de hoje. Alguns gigantes sequer se classificaram – Itália, Rússia, Hungria, República Tcheca, Chile, Romênia, etc, mas em tais países e outros mais a vida continuou normalmente…

Ultrapassada a fase de grupos e oitavas, algumas potências foram mandadas de volta para casa – Espanha, Bélgica, Alemanha, Suíça, etc, e nas quartas a seleção brasileira com toda sua pompa também recebeu ordens para deixar o Catar. Havia uma tal de Croácia na disputa…

No futebol 3 (três) são as possibilidades ao término de uma partida: ganhar, perder ou empatar. Simples. Há momentos e oportunidades – nos chamados regulamentos -, que diferenças de gols, saldo de gols, maior número de gols marcados, etc., definem uma partida ou mesmo competição. Há ainda previsibilidade da chamada prorrogação ou decisão mediante cobranças de penalidades máximas. Tudo bonitinho, no papel.

E vai, daí, que no embate entre Brasil x Croácia, valendo pelas quartas de final, houve empate no tempo normal e na prorrogação nossa esquadra após fazer 1×0, permitiu o empate nos momentos finais. Na sequência, sucumbimos na cobrança de penalidades máximas (2×4).

No negócio que virou o futebol, muito semelhante ao surgimento e solidificação das organizações criminosas, há um infindável número de ex-atletas fazendo as vezes de comentaristas ou mesmo comandando programas esportivos, acrescido de jornalistas despudorados, despreparados e de formações bizarras.

De causar náuseas ou mesmo provocar vômitos foram os momentos em que os NETO’s da vida, os ZÉ’s Elias da vida, os Walter CASAGRANDE’s Júnior da vida, os Vampeta’s da vida, os MAURO’s Cézar da vida e inúmeros outros, sem dó nem piedade, se valeram dos microfones disponíveis e dos telespectadores desinformados para tecerem considerações tendenciosas e ofensivas aos atletas, comissão técnica e alguns dirigentes. Se excederam covardemente.

Há de se registrar que JUNINHO Pernambucano, sentido, abatido e decepcionado com o resultado, agiu com equilíbrio e correção, criticando sim a atuação e comportamento de nossa esquadra e de seu comandante, porém, fazendo uma análise mais profunda dos acontecimentos, inclusive com a coragem de dizer que ‘nosso meio campo’ foi dominado durante toda a partida. Fizeram com a gente o que sempre fizemos, registrou.

Bons tempos em que a magia, malandragem, ginga e individualidade do futebolista brasileiro resolviam qualquer parada. Tempos de Mané Garrincha e do filho do senhor Dondinho que não voltam mais. Tempos em que, segundo o príncipe etíope DIDI, “a bola é que tem que correr”, também se foram. Hoje prevalece o coletivo, ainda que o craque ou a estrela, também cheios de brios, deem o exemplo com sábia liderança. No caso do Brasil, estamos longe (…) de tal exemplo.

Com pressões de todos os lados, com os lobbys dos poderosos e uma pressa desnecessária, aventa-se a hipótese da contratação de um técnico estrangeiro para a vaga deixada por TITE. O descompensado Abel Ferreira, atualmente no Palmeiras, e o tal de mister Jorge Jesus, são os nomes falados. A ambos falta aquele algo mais necessário para estar à frente da seleção canarinha e promover a reformulação que se faz necessária.

Telê Santana da Silva, como técnico, montou a seleção de 1982 que perdeu a copa realizada na Espanha, mas que permanece viva em nossa memória. Outros feitos extraordinários tiveram no ‘mestre’ Telê a sábia e eficiente direção. Sua paixão e dedicação ao futebol que amou profundamente impingiram a ele grave doença que ocasionou sua morte.

Muricy Ramalho, discípulo de Telê Santana, também sábio e competente, conquistou títulos nacionais e internacionais aos montes. Também apaixonado e dedicado como o mestre, teve sérios problemas de saúde e não mais exerce as funções de técnicos.

João Batista, o precursor, Mestre Telê Santana e o discípulo Muricy Ramalho, pelos exemplos e condutas, merecem ser lembrados de forma positiva. Quanto ao futebol dos dias atuais, carece da lisura, da decência e da competência vivenciadas pelos últimos dois. João Batista é apenas para o registro de que a má índole do ser humano não é coisa nova.


(*) Ex-atleta

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