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Passe por cima

Rev. Jakstone Carvalho Braga (*)

A palavra Páscoa significa “passar por cima”. Mas de onde vem essa necessidade de algo que passe por cima? A Páscoa começou como uma festa judaica. O povo de Israel era escravo no Egito e Deus escolheu Moisés para libertá-los com poder e fúria, enviando 10 pragas sobre a nação. Não vou discorrer sobre o significado de cada uma delas, apenas preciso ressaltar que a última praga foi a morte de todos os primogênitos que habitavam na terra do Egito, desde o filho do Faraó até o filho do homem mais pobre da nação, inclusive, animais. O decreto estava estabelecido, e haveria choro e luto em todo o Egito, em todas as casas e em cada lugar.

Mas havia um primogênito que não morreria: Israel. A nação de Israel, os primeiros filhos de Deus por adoção, seriam poupados, mas para isso eles teriam que mostrar um sinal ao anjo do Senhor que viria ferir a nação do Egito. Eles colocariam sangue de um cordeiro sobre os umbrais da porta e se alimentariam daquele cordeiro naquela noite. Quando o anjo viesse e visse o sangue nos umbrais da porta, ele passaria por cima daquela casa, e naquela família não morreria o primogênito, mas um cordeiro morreria.

Este era um ritual sangrento que se repetia todos os anos, quando chegava a festa da Páscoa. Uma semana antes das comemorações, o pai da família compraria um cordeiro novo, sem defeito, e o levaria para casa. Toda a família conviveria com ele, e alguns historiadores nos dizem que era incentivado dar nome ao cordeirinho, quem sabe costelinha, as crianças se divertiriam com o costelinha até o dia da Páscoa. Imagine o apego afetivo, psicológico e físico que se produzia naqueles dias, entre uma criança e aquele animal. Mas ao entardecer no dia da Páscoa, aquele cordeiro seria morto. Quem sabe em algum lugar daquela nação, uma criança se apegou tanto ao cordeiro costelinha que pediu ao pai: papai não mate o costelinha. E o pai com lágrimas nos olhos responderia: ou morre o cordeiro costelinha ou morre você.

Por que contar toda essa história? Para falar da narrativa das narrativas, quando Deus enviaria ao mundo seu único Filho, Seu Unigênito, para ser o cordeiro perfeito que morreria em lugar de Seu povo, a Igreja, o verdadeiro Israel. Mas agora não para livrá-los da escravidão do Egito, mas para libertá-los da escravidão do pecado e da morte eterna.

A Palavra eterna de Deus, o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Trindade, tornou-se um de nós e desde então caminha em nossa história. Ele seria para sempre 100% homem e 100% Deus, homem de homem, Deus de Deus. Aqueles que seriam salvos por Ele poderiam dizer: “Não morra, Senhor Jesus, você não merece. O Senhor merece toda honra, glória e louvor.

Porém, Ele sabia e todos os membros da trindade concordavam que a salvação da humanidade só seria possível através da Sua morte sacrificial. Ele não poderia se salvar e salvar a nós ao mesmo tempo, mas pela graça bendita de Deus, Ele escolheu nos salvar, derramando Seu precioso sangue sobre a cruz, de modo que a ira e a destruição de Deus não nos alcançassem. Ao ver aquele sangue precioso, não mais sobre portas, mas agora sobre Seu povo, a destruição passou por cima de nós mais uma vez.

O Filho de Deus morreu em nosso lugar, assumindo o castigo que merecíamos, para que pudéssemos receber o que Ele merecia. Ele levou a nossa morte para que pudéssemos ter a vida Dele nesta vida e pela eternidade. Louvado seja Deus pelo Senhor Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e feliz é o homem que Nele crê, pois esse pode dizer: Deus não derramará sobre mim a sua ira, por amor ao Seu Filho e tendo o Seu sangue sobre mim, ao invés de me destruir, mais uma vez irá passar por cima.


(*) Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Governador Valadares

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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