Luiz Alves Lopes (*)
Com a costumeira serenidade, assim se expressou Leovegildo Lins da Silva Júnior – o maestro Júnior, a respeito da investidura de Fernando Diniz como técnico da seleção brasileira: “É o único que apresentou algo novo e diferente nas últimas décadas”. Falou e disse!
Somos tricolores assumidos de uma época de Castilho, Píndaro e Pinheiro, Jair, Emilson e Bigode, Tele, Didi, Ambróis, Robson e Escurinho, sob a batuta de Alfredo “Zezé” Moreira, e tempos de inúmeras goleadas de 1×0. Saudades, Bolivar!…
O glorioso BOTAFOGO dos velhos e saudosos tempos ressurge das cinzas e aparece bem na fita, liderando com méritos o Brasileirão do corrente ano. Sua trajetória e caminhada atual fazem um bem danado ao nosso futebol. Oxalá continue assim durante toda a temporada!
LUÍS CASTRO, também técnico ‘portuga’, deixou a direção técnica do glorioso de vez, após receber irrecusável proposta financeira do mundo árabe. Valeu-se de cláusula contratual, pagou a multa prevista, saiu e se mandou. Não cometeu ilícito algum, não feriu a ética, mas foi e está sendo bombardeado pela torcida e parte da mídia raivosa, sensacionalista.
Fernando Diniz
Chegamos a Fernando Diniz e a sua condução, ainda que de forma interina e com prazo certo e sabido de duração, ao comando da seleção canarinha. Certamente um sonho de inúmeros técnicos e também por ele sonhado. É feito de carne e ossos.
Diniz teve a audácia e petulância de fazer alguns milagres dirigindo o tricolor das Laranjeiras, dentre os quais a classificação para a Libertadores e o título carioca frente ao poderoso e milionário rival. Mas tem em mãos um time e um plantel diminuto e limitado em valores técnicos. O cansaço chega e chegou, as contusões, idem; e o que era surpresa não é mais.
O torcedor é passional. Com raríssimas exceções, faz questão de nada enxergar que não seja a vitória e títulos. O desgaste de um técnico de futebol em nosso país difere em muito dos grandes centros futebolísticos. E a mídia concorre para tal em percentual altíssimo.
Na seleção ou fora dela, Diniz e a direção do Fluminense sabem perfeitamente que ao término da presente temporada, ou até mesmo antes, o momentâneo ciclo vitorioso do treinador do pó de arroz está por se encerrar. Deixará um legado e lembranças positivas. É assim o mundo do futebol. O reconhecimento só virá com o tempo.
Diniz tem se mostrado ser diferente ou tem procurado ser diferente. É um ser humano e como tal possuidor de virtudes e defeitos. Provavelmente as primeiras suplantam em muito as últimas. Obcecado no que faz, é por demais detalhista. As vezes incomoda.
O tempo dirá
Dará certo à frente de uma seleção que não é mais uma paixão nacional? Saberá lidar com o ego e vaidades dos tidos e havidos como craques consagrados? O tempo dirá. Do jeito que está certamente não irá piorar. Não custa torcer…..e rezar.
E tem mais: será que Carlo Ancelotti virá mesmo? E se o Real Madrid bombar na temporada que se avizinha não poderá ele mudar de ideia? Há algum contrato assinado?
Ainda que venha o italiano, profissional fantástico em todos os sentidos, não poderá Diniz figurar em sua comissão técnica, pensando numa eventual continuidade do trabalho que deve visar a recuperação do futebol, que um dia foi o melhor do mundo?
Para tanto, há um enorme obstáculo a ser suplantado; mequetrefes e factoides de comentaristas e debatedores esportivos, todos eles havidos pelos cinco minutos de fama. Fazem de tudo e muito mais, sem escrúpulo algum. Donos da verdade. Pobres coitados!
(*) Ex-atleta
N.B. – Prazerosas foram as visitas de Elias ‘EUA’ Dutra Pereira e do mano TIÃO, bem como de Carlos BIDA Ferreira Leão, boleiros da velha guarda e hoje cidadãos exemplares. De ambos vem o Projeto Pingo D’Água recebendo generosas doações. Pessoas altamente comprometidas com os objetivos propostos.
