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O mundo dos puros e infalíveis

 (*) Luiz Alves Lopes

Está na Bíblia Sagrada: “Não julgueis para não serdes julgados” (Mateus 7,1-5). Continuando: da mesma forma que julgares, você será julgado; e a medida que usares também será usada para medir você. “Porque você repara no cisco que está no olho de seu irmão e não se dá conta da VIGA que está no seu próprio olho?”

E mais: “E Jesus não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-Lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-Lhe Jesus: Nem eu também te condeno. Vai-te e não peques mais”.

A Constituição Federal da Terra de Cabral, em seu artigo 5º, inciso XLV, apregoa que em nosso país “a pena não pode passar da pessoa do condenado”, alcançando familiares. No inciso XLVII da mesma CF está contido que em nosso país “não haverá pena de morte”, salvo em casos de guerra. Prisão perpétua, também não.

Em decorrência de período nebuloso de nossa história, de triste memória, editou-se a Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979, concedendo anistia ampla, geral e irrestrita a atores diversos que praticaram ou que foram acusados de praticarem diversos tipos penais. Não foi do agrado geral, mas é questão pacificada pelo STF.

Em 1987, em Berna, na Suíça, teria ocorrido um episódio reprovável, ilícito, antijurídico e condenável envolvendo EDUARDO HAMESTER, HENRIQUE ETGES, FERNANDO e ALEXI STIVAL, jogadores do Grêmio de Porto Alegre, que por lá excursionavam.

Detidos no país europeu por 28 dias, os atletas retornaram ao Brasil e no ano de 1979 – dois anos depois – a Justiça suíça condenou 3 dos envolvidos a 15 meses de prisão, dentre eles a pessoa de Alexi Stival.

O tempo passou. Extradições não ocorreram; penas não foram cumpridas; e pouco ou quase nada se falou sobre o assunto. Vida que segue… porém, ALEXI STIVAL, após o término de sua carreira como atleta razoável, transformou-se em técnico de futebol conceituado, ganhando títulos importantes e muito dinheiro. Muito dinheiro… também.

Emotivo e temperamental, amável também, seus trabalhos à frente de grandes equipes sempre foram de curta duração, o que não deixa de ser curioso. Razões devem existir.

No Brasil de 3 poderes constituídos – Legislativo, Executivo e Judiciário – há uma luta ferrenha para imposição de um “quarto poder”, não se importando se os meios utilizados são republicanos. Metem o “bedelho” em tudo. Às vezes acertam, mas na maioria das vezes provocam apenas estragos. São, na maioria, desinformados e inconsequentes.

A campanha encetada para derrubar “mais um” técnico de futebol no Brasil longe está da verdadeira caminhada que deve ser encetada para o bem do país. Nada tem de republicana. Não querem saber de ALEXI STIVAL e seus companheiros. Querem o CUCA! Nesta atual empreitada, a vergonhosa adesão de um bando de hipócritas rotulados de torcedores.

Os atletas gremistas erraram, cometeram ilícito penal, foram condenados e podem perfeitamente cumprirem suas penas (se ainda não prescritas) em nosso país, na forma da lei. A imposição de uma pena corporal tem seus objetivos e finalidades. Os doutos e cultos o sabem? São conhecedores do instituto da prescrição? Ouviram falar da lição de CARRARA sobre o processo criminal? Estão preocupados em saber?

Depois de tanto tempo não seria interessante proporcionar aos envolvidos (todos) oportunidades de se redimirem, de cumprirem suas penas com correção e, quem sabe, praticarem atos reparadores que podem servir de alerta para nossos deslumbrados jovens que ingressam na atualidade no mundo esportivo?

Quanto aos que sonham com o QUARTO PODER, debrucem-se sobre os episódios do Ninho do Urubu, de Mariana, de Brumadinho, dos indígenas, das Cracolândias, das obras inacabadas da Copa e das Olimpíadas e, se não for pedir muito, DOS RESPIRADORES que fizeram história durante a COVID-19. Sejam felizes! Quem planta vento, pode colher tempestade.


(*) Ex-atleta

N.B. – O episódio envolvendo o NOSSO Ney Bala está a merecer de todos nós uma maior, melhor e verdadeira participação em defesa da dignidade do ser humano. E muita compreensão. Não é tarefa fácil enfrentar determinadas adversidades. É, e será preciso de sangue, suor e lágrimas. A hora é agora…

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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