Luiz Alves Lopes (*)
Iniciada em 21 de fevereiro, terminou no último dia 24 de setembro a 35ª edição da Copa do Brasil, segunda competição mais importante do futebol brasileiro e com rica premiação, além de assegurar a seu vencedor uma vaga direta para a Libertadores do próximo ano.
Sem um grande título desde 2008 e debaixo de uma pressão danada de seus torcedores, finalmente o São Paulo Futebol Clube – o tricolor do Morumbi – voltou a ser manchete positiva e proporcionou grande alegria à sua torcida, verdadeiramente um 12º jogador.
Ainda que de forma discreta, porém percebida, coube a Muricy Ramalho, atualmente coordenador técnico de futebol do tricolor e acompanhado do auxiliar técnico permanente Milton Cruz, efetuar uma caminhada de aproximadamente 8 quilômetros para agradecer aos CÉUS a conquista do título em comento. Foram quase 3 horas na Marginal Pinheiros.
Ex-meio campista dos bons e ex-técnico de futebol consagrado, Muricy Ramalho figura entre os maiores ídolos do São Paulo, tendo conquistado 3 títulos brasileiros com o Tricolor Paulista, tendo ainda conquistado um Brasileirão pelo Fluminense do Rio e uma Libertadores pelo Santos. Deixou de ser técnico de futebol em função de sérios problemas com sua saúde.
Auxiliar técnico de Telê Santana da Silva – o seu TELÊ como se referia e se refere ao mestre, dele herdou qualidades incomuns e que o classificaram como um dos maiores e mais consagrados técnicos de futebol do país. Famosa é sua frase “aqui é trabalho” quando com seriedade explana sobre o sucesso e que este não vem por acaso.
No disputadíssimo e fétido mundo em que se transformou o futebol, muito mais que um simplório negócio da China e que os Árabes passaram a gostar para justificarem perante o mundo suas crueldades, Muricy Ramalho consegue navegar com ética, dignidade e competência, tornando-se exemplo raro a ser copiado e seguido. Certo, Luxemburgo?
Diferente dos demais ou da maioria, sem ser arrogante, MURICY se impõe com clareza solar, inclusive, perante a cartolagem. Não dá para esquecer quando dona CBF quis usá-lo no passado e ficou a ver navios. Sempre teve traquejo e sabedoria no trato com os boleiros. Certo, Rogério Ceni?
A meritória conquista são paulina, sob a batuta do corretíssimo e competente Dorival Júnior, muito se deveu ao trabalho discreto e silencioso de Muricy Ramalho, transmitindo segurança e harmonia no departamento de futebol do clube.
Os poderosos Clube de Regatas do Flamengo e Sociedade Esportiva Palmeiras, ambos com grupo de atletas sobejamente superiores tecnicamente e com seus cofres disponibilizando valores para aquisições de atletas qualificados, sucumbiram diante de uma vontade incomum do tricolor do Morumbi, tecnicamente muito inferior. Houve motivação, planejamento e vontade.
O futebol brasileiro está impregnado de maus profissionais, de pessoas incompetentes, desqualificadas e de comerciantes amadores e aos quais está se juntando considerável número de atores midiáticos em busca de audiência que lhes rendam algum trocado. Hilários, portam-se como se estivessem em espetáculos circenses ou teatrais.
E como desgraça pouca é bobagem, temos também um grupelho de futebolistas, também conhecidos como atletas de futebol, que infernizam a vida de treinadores e dirigentes, ditando normas e fazendo o que bem entendem, sob o aplauso das torcidas organizadas (que de organizadas nada têm), dos NETOS, dos CASAGRANDES, dos PILHADOS e de outros tantos. Especialistas em derrubarem treinadores.
Como intervir no futebol e nas astronômicas cifras que o regem? Difícil responder. Como exercitar o princípio da razoabilidade insculpida no artigo 37 da Carta do Doutor ULISSES? Ajuda aí, Bolivar. Peça ao Romário para disciplinar a matéria. Não sendo por ele atendido, socorra-se ao TIRIRICA.
E como o espetáculo não pode parar, resta-nos o consolo de presenciar a trajetória ética e vitoriosa de Muricy Ramalho, um vencedor como poucos. Um agradecido e homem de fé. De muita FÉ. E a fé remove montanhas. Vida longa a Muricy Ramalho!
(*) Ex-atleta
N.B.1 – No dia 3 deste corrente mês de outubro, se entre nós estivesse, completaria 100 anos de idade o mais valadarense de todos os espanhóis que aqui residiu por décadas: padre EULÁLIO LAFUENTE ELORZ, carinhosamente chamado de “Tio Eulálio’. Há pessoas que não morrem, apenas se despedem. Saudades…muitas saudades.
N.B.2 – Deu no jornal que este ano o ícone SILAS DIAS COSTA – O PAI, completará 90 anos bem vividos neste mundão de Deus. “Velho Guerreiro” de tantas demandas e de um amor descomunal pela terra de José de Serra Lima. Muitas histórias a serem contadas.
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