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O centenário de um mestre e educador

Luiz Alves Lopes (*)

Está no dicionário que MESTRE é uma pessoa dotada de excepcional saber, competência, talento em qualquer ciência ou arte. Trata-se de uma pessoa que ensina…

EDUCADOR seria aquele que ensina, inclusive, a questionar, a ter raciocínio lógico, senso crítico, sempre dialogando para a ampliação dos conhecimentos.

Mestre, no latim, significa o que manda, dirige, ordena, guia, conduz, administra, enfim o que ensina tudo e muito mais.

Neste espaço, de forma simples, porém respeitosa, queremos registrar que no corrente ano de 2022, ocorrerá o centenário de nascimento de uma pessoa não letrada, despossuída de diplomas que qualificam, que era portadora de uma simplicidade impar, mas, na vivência futebolística da cidade que já foi princesa, foi, com louvor, mestre e educador.

Referimo-nos ao “bom crioulo” JOÃO ROSA, amado por muitos e odiado por outros tantos. Estes últimos certamente por não terem tido a oportunidade de conhecê-lo, de com ele conviver, ou até mesmo pela inveja. João Rosa do ESPORTE CLUBE DO RIO DOCE, do time da Vale, do legítimo representante da classe ferroviária no futebol amador de Governador Valadares e região.

Vindo ao mundo em 18 de setembro de 1922, nascido na cidade capixaba de Apiacá, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, deixou-nos exatamente no dia 22 de março de 1991, já ferroviário aposentado e com uma trajetória funcional digna dos maiores encômios na ‘sua’ Companhia Vale do Rio Doce.

Os de sua época sempre foram categóricos em afirmar ter sido futebolista dos bons, viril, disciplinado e impetuoso, valendo-se sempre de uma invejável condição física. Teria atuado lá para as bandas de Nova Era/João Monlevade.

Remanescentes hoje na casa dos 80, 70 e 60, que são muitos e estão por aí, são unânimes em registrar e enaltecer a capacidade de comando de ‘mister’ João Rosa por décadas e décadas à frente do Esporte Clube do RIO DOCE, não importando se na direção do quadro principal ou mesmo e principalmente na direção dos mais novos – os chamados infantos e juvenis.

Se craques e bons atletas sempre foram a marca do ‘time da Vale’, não menos verdade que FABRICAR HOMENS, educando-os e encaminhando-os para os percalços da vida mundana, sempre foram atributos dos quais o ‘mestre’ não abria mão, tornando-se, às vezes, uma pessoa incompreendida.

Diploma não é tudo. Curso superior, também não. Porém, um bom profissional liberal que tenha tido em sua infância/juventude uma exemplar  orientação e acompanhamento, com certeza teve uma visão do mundo e de suas nuances, e certamente são comprometidos em fazer o bem e praticar caridade. Inúmeros aprenderam com o mestre.

Não menos verdade também que, ainda que não letrados em abundância, inúmeros foram os futebolistas de bons princípios (alô, velho Caçapa) que passaram pelo Rio Doce e que, encaminhados pelo MESTRE, fizeram também carreira profissional na empresa das mineradoras e hoje usufruem de justas e merecidas aposentadorias.

Privilegiados fomos em passar ‘pelas mãos’ do mestre João Rosa, dele recebendo ensinamentos e decentes “mumunhas” da vida esportiva.  Anos que não foram poucos. Mas também recebemos orientações, carinho e ensinamentos para vida cidadã que certamente contribuíram em demasia pelos êxitos alcançados. Concorda, Bolivar?

Governador Valadares – a cidade ‘do já teve’,  segundo o poeta maior Sebastião Carioca Nunes, teve no passado extraordinários dirigentes/líderes esportivos que empolgavam pela conduta, pela ética, pelo conhecimento e pela dedicação à causa abraçada. Dentre vários emerge a figura lendária de JOÃO ROSA. O João Rosa da Vale. O João Rosa do Rio Doce.

Há pessoas naturalmente boas, que dormem serenamente todas as noites, porque despertam todos os dias com o coração aberto, onde a fé e a esperança conversam com vontade inabalável de construir um mundo melhor.

Assim foi e viveu JOÃO ROSA, homem simples e do povo, não letrado, porém sábio e generoso e que veio a este mundo para servir e não ser servido. E que deixou recordações e saudades altamente positivas.   


(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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