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Novo vinho brasileiro | Sem intervenção, o sabor da Serra da Mantiqueira

ILUSTRAÇÃO: Freepik

por Marcelle Justo (*)

O trabalho de formiguinha dos produtores de vinho da Serra da Mantiqueira é um exemplo de perseverança. Não à toa é de lá a técnica inovadora que fez a colheita migrar para o inverno. As primeiras garrafas da pioneira vinícola Estrada Real chegaram ao mercado consumidor em 2010.

O feito que disseminou vinícolas pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste é um capítulo de uma história muito bem sucedida. Há um tempo, no entanto, outra parte desta epopeia está sendo escrita e o foco é a sustentabilidade. Isso porque nesta mesma Serra da Mantiqueira, a produção de vinhos de baixa intervenção está a todo o vapor.

Foi em São Bento do Sapucaí (SP) que, em 2008, o agrônomo Rodrigo Ismael plantou suas mudas para começar a vinícola Entre Vilas. A uma altitude de 1.600 metros, entre outras culturas de frutas, saem belos cachos de Pinot Noir, Cabernet Franc e Cabernet Sauvignon. Para proteger a plantação da chuva são usadas coberturas, que também acabam por produzir calor, o que auxilia na maturação das uvas. 

É a mesma técnica usada em Maria da Fé (MG), a 1.560 metros de altitude, pela vinícola Lorenzo. Este ano a produção do casal Elisama e Léo atingiu aproximadamente 3 mil garrafas, saídas de seus 5 hectares de plantio. O cultivo foi iniciado em 2019 com mais de 10 variedades, entre elas, a Pinot Noir, Chardonnay, Merlot, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Viognier, além das uvas americanas Isabel e Carmem. De lá, saem vinhos brancos, tintos e um pet-nat de Pinot Noir. Apenas o espumante (Pinot-Chardonnay) de método tradicional (champenoise) escapa da baixa intervenção. Isso porque é preciso adicionar os nutrientes necessários para que a levedura consiga fazer a segunda fermentação na garrafa.

É, aliás, um ponto em comum com a vinícola Ferreira, em Piranguçu (MG). Orgulho da vinícola, o Le Nuage de Noir é feito com Pinot Noir, a casta de colheita mais precoce da fazenda, em fevereiro. Elaborado pela enóloga Isabela Peregrino, seguindo o método champenoise, o espumante tem estrutura e complexidade, apresenta coloração salmão claro, com perlage fino e persistente. Aromas delicados que remetem a frutas vermelhas, especialmente morangos e framboesas, além de toques de panificação e frutos secos. O paladar tem acidez, espuma cremosa e leve dulçor final. A complexidade da bebida só nos faz crer, que chova ou faça sol, vai ter vinho na Mantiqueira.

HARMONIZAÇÃO

Da Fazenda Paineiras, em São João da Boa Vista (SP), saem burratas artesanais de leite de búfala, que podem ser servida com torradinhas ou saladas frias, e harmonizam perfeitamente com os Pinot Noir da Serra da Mantiqueira.

DICAS

Mantendo suas personalidades diversas, as vinícolas Entre Vilas e Ferreira têm atrativos para enoturismo, que são divulgadas em suas redes sociais.


(*) Jornalista e especialista em vinhos. Instagram @marcellejusto

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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