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Monstros sagrados, bem mais do que mitos e ídolos

Luiz Alves Lopes (*)

Nestes tempos modernos, imprevisíveis e cheios de cenas pitorescas, algumas hilárias, ocorrem registros e posicionamentos de desportistas hoje famosos – no passado ficariam no patamar de medianos -, ditando para o grande público normas e procedimentos que não vivenciam, jogando para uma plateia perdida e desiludida. Não estão só. Outros tidos como famosos também o fazem.  Pobre Brasil!

Numa pobreza de JÓ, criamos e fabricamos aos montões MITOS  e ÍDOLOS em flagrante desrespeito aos verdadeiros e cujas trajetórias sintetizaram não só conquistas mas também posicionamentos, alinhamentos, participações, procedimentos, atos e ações. Não se omitiram quando chamados.

O que poucos sabem é que, por vezes, o termo mito é utilizado de forma pejorativa para se referir às crenças e condutas, sejam elas boas ou más, inclusive na tentativa de explicar fenômenos de natureza e fatos reais, idealizados pela literatura oral e escrita. Normalmente, narrativas de povos antigos. Há, inclusive, os mitos folclóricos. Exemplo: Saci Pererê.

Ídolo pode ser um objeto de adoração que representa uma entidade espiritual ou divina e a quem são atribuídos poderes sobrenaturais. Pode ser ainda uma estátua, uma imagem ou figura, inclusive humana, e que se transforma em objeto de adoração. Uma celebridade a quem se ama apaixonadamente.

Roberto Dinamite é e continua sendo um grande ídolo do Clube de Regatas Vasco da Gama? Sim, e com todos os méritos, assim como foram, dentre tantos, Barbosa Augusto, Juvenal, Hideraldo Luiz Belini, Orlando Peçanha, Danilo, Sabará, Pinga, Chico, Ely, Jair da Rosa Pinto e Ademir Meneses, quando se fala no “machão da Gama”. Certo, capitão Elias?

Arthur ZICO Coimbra, com todos os méritos, também foi e continua sendo inconteste ídolo do Clube de Regatas do Flamengo, numa listagem que tem Júnior, Raul, Adílio, Andrade, Garcia, Tomires, Pavão, Jadir, Dequinha, Jordan, Joel, Moacir, Henrique, Evaristo, Dida, Zagalo e muita gente boa. Dá para incluir Leônidas da Silva?

No Santos de Édson Arantes, Gilmar, Zito, Coutinho, Calvet, Formiga, Pepe e um mundão de gente; no Botafogo de Manga, Nilton Santos, Mané, Amarildo, Didi, Paulo Valentim, Zagalo (de novo) e outros tantos; no Flusão de Castilho, Píndaro e Pinheiro, Bigode, Veludo, Telê, Valdo, Didi (também de novo), Assis, Samarone, Romerito, Branco e mais gente que não acaba mais.

No Cruzeiro, no Clube Atlético Mineiro, no Inter de Porto Alegre, no Grêmio, na Academia de Futebol do Palmeiras,  na Portuguesa de Desportos, no América do Rio, no Bangú Atlético Clube, no Guarani e Ponte Preta de Campinas, no Corintians, no Atlético do Paraná e em inúmeros outros clubes tradicionais de nosso país, desfilaram craques que se tornaram ídolos, por merecimento.

A história  esportiva de nosso país, muito mais que apenas e tão somente o futebol das multidões, registra em outras modalidades as passagens e presenças marcantes de figuras exponenciais em todos os aspectos e sentidos, verdadeiros MONSTROS SAGRADOS que devem ser reverenciados e jamais esquecidos.

EDER JOFRE, falecido no último dia 2 aos 86 anos de idade, foi pugilista que dignificou o box brasileiro, tornando-se tricampeão mundial nas categorias peso-pena e peso-galo (em duas associações mundiais). Ficou mundialmente conhecido como “Galo de Ouro”, na fase áurea de sua longa e vitoriosa carreira.

MARIA ESTHER BUENO, tenista brasileira que atuou durante as décadas de 1950, 1960 e 1970, sendo uma das raras tenistas a conquistarem títulos em três décadas. Natural de São Paulo, faleceu em junho de 2018, prestes a completar 79 anos. De técnica refinada, encantou o mundo, os ingleses em especial, praticando um tênis de altíssimo nível.

ADHEMAR FERREIRA DA SILVA, no atletismo, foi bicampeão olímpico em 1952 e 1956 na modalidade de salto triplo, tendo ainda sido recordista mundial em cinco oportunidades. Ao falecer, em janeiro de 2001, em São Paulo, deixou eterno legado para o esporte olímpico brasileiro.

AIRTON SENA DA SILVA foi o campeoníssimo brasileiro da Fórmula 1, nos anos de 1988, 1990 e 1991, afora outros inúmeros títulos conquistados no Kart e Fórmulas 1.600 e 2.000.  Sua morte, em 1 de maio de 1994, em trágico acidente na Fórmula 1, consternou o mundo esportivo. Partiu aos 34 anos, deixando um vazio enorme no automobilismo brasileiro.

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, conhecidíssimo como João do Pulo, foi recordista mundial de salto triplo em 1975 nos Jogos Panamericanos realizados no México, ocasião em que obteve a fantástica marca de 17,89m, que fez dele recordista mundial. Vencedor, também, na modalidade do salto em distância. Faleceu em São Paulo em 1999, aos 45 anos de idade.

Os cinco personagens aqui mencionados foram muito mais do que ídolos e mitos, verdadeiramente MONSTROS SAGRADOS do esporte brasileiro e que deixaram marcas e saudades que não são e não foram poucas. Há inúmeros outros da mesma espécie, bem diferentes de um numeroso grupo de ‘mequetrefes’ dos dias atuais. Pobres coitados.

(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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