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Meu pai, o contador de histórias

FOTO: Freepik

Por Thiago Ferreira Coelho (*)

Já me disseram que eu sou um bom contador de histórias. Não tenho tanta certeza se é verdade, mas vou dar um voto de confiança pra quem disse isso. E minha desconfiança nem é por excesso de modéstia, é porque eu vejo por aí algumas pessoas com muito mais talento pra coisa. Inclusive na minha família, a começar pelo meu pai.

Tarciso, meu pai, é uma pessoa que sabe muita coisa. Sobre muitos assuntos. E fala com bastante propriedade sobre cada um deles. Principalmente sobre artes, em geral. Música francesa, cinema italiano, literatura brasileira, por aí vai. E cada história é contada recheada de fatos, curiosidades sobre personagens, com contexto e detalhes que incluem citações, dramas e glórias das figuras envolvidas.

Às vezes as histórias são sobre a juventude dele, vivida principalmente numa cidade chamada Bom Jesus do Galho (perto ali de Caratinga, onde ele nasceu). Boa parte das histórias envolve a política local. E aí a comparação que eu faço é com o Forrest Gump, personagem título de uma película que rendeu um Oscar de Melhor Ator a Tom Hanks (e ainda levou outras cinco estatuetas, incluindo a de Melhor Filme). Mas guardadas as devidas proporções, já que meu pai não testemunhou eventos históricos em Bom Jesus do Galho (pelo menos até hoje ele não revelou nada parecido). Outra diferença é que, geralmente, meu pai tem um copo de cerveja à mão quando está contando histórias.

Em Forrest Gump, o personagem principal possui algumas características bem peculiares, mas aqui no Brasil o filme ganhou o subtítulo “o contador de histórias”, reforçando uma delas. Quando começa a narrar os fatos que viveu, Gump prende a atenção de seus ouvintes, desconhecidos em muitas das vezes, pessoas no ponto à espera de um ônibus, mas que sempre têm a curiosidade despertada e ficam à espera da conclusão dos relatos. A mesma coisa vale pro meu pai. Cada novo desdobramento de um conto traz aquela ansiedade de saber como a história termina. Algumas histórias terminam com risos, outras são de fazer chorar. Meio como a vida mesmo.

Por isso é uma responsabilidade tremenda se alguém me diz que eu sou bom contando histórias. Mas agora eu tenho meus próprios filhos e às vezes me vejo conversando com eles, tentando repetir o talento do meu pai. Será que meu avô Cid, já falecido, também era assim? Talvez seja uma tradição de família.


(*) Jornalista pela UFV; mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas pela Flacso; analista de Comunicação na UNIVALE. Na internet, este e outros textos estão em https://thiagoferreiracoelho.medium.com/

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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