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Imprevisibilidades e maldades do futebol

Luiz Alves Lopes (*)

Contrariando prognósticos e posições dos entendidos num negócio chamado ‘futebol’, ocorreu no último domingo o encerramento do Campeonato Brasileiro de Futebol – Série B e que culminou com os retornos de Cruzeiro, Grêmio, Bahia e Vasco da Gama à Série A para o ano vindouro de 2023. Porém com a ocorrência de suspenses e dramatismos que não foram poucos.

A história do esporte das multidões registra acontecimentos marcantes em determinadas oportunidades e ocasiões, impensáveis para um estado de normalidade. Porém normalidade nem sempre ocorre em determinadas disputas futebolísticas. Há um tal de ‘sobrenatural de Almeida’ como bem definiu Nélson “tricolor” Rodrigues e que, ocasionalmente, provoca desastres de grandes magnitudes.

Pelo andar da carruagem o Vasco da Gama deveria chegar à rodada final já com o acesso garantido, todavia, por sua instabilidade e pouco futebol apresentado durante a competição, necessitava ainda de pelo menos um pontinho no derradeiro compromisso diante de um Ituano, dentro do reduto adversário.

Noves fora à parte e deixando de lado a falta de tradição e histórico do time de Itu, este, pela impressionante regularidade e solidez que vinha apresentando, pelos próprios números e resultados, em seus domínios, tinha tudo para escrever uma página marcante em nosso futebol, favoritaço sim, na oportunidade, para tal realização.

Início de jogo, mais ou menos três minutos, bola na área do time do interior paulista, ocorre o cometimento de uma penalidade máxima, convertida, ocorrendo ainda a expulsão correta de um atleta do clube da casa. Mudou-se tudo, muito embora o time mandante tenha dominado toda a partida, criado inúmeras chances reais de gols e com o goleiro cruzmaltino fazendo inúmeras defesas de vulto. O Vasco se salvou, mas…

Por estas bandas das Minas Gerais, guardamos na memória – tristes memórias -, registros de dois resultados adversos quando tudo conspirava a favor em função da qualidade futebolística infinitamente superior. Não foi o que ocorreu.

Em 1967, o fogoso, organizado e competente Esporte Clube do Rio Doce, de mister J. Rosa, acabara de vencer o terrível e temível SEXTO BATALHÃO por 3×2, lá no saudoso Estádio Armando Vieira – para variar o TIÃO fez os três gols e o Maroto defendeu uma penalidade máxima cobrada por Luiz Castro -, indo para a última rodada do campeonato dentro de seus domínios, com vantagem e tendo pela frente o modesto time do Santo Antônio.

Resultado: Santo Antonio 2×1, com os gols sendo consignados por Lula e Zé Nílton, um deles de calcanhar. Nesta partida, no gol ferroviário, lá estava ele, o cara JUVENAL. O Sexto Batalhão venceu seu adversário e o título escapou…das mãos ferroviárias.

Para os torcedores e simpatizantes do Democrata Pantera, a perda do Regional de 1974 frente ao E.C. Caratinga, em decisão ocorrida em Inhapim, foi por demais amarga. Tínhamos um time muito bom. O valadarense invadiu Inhapim e o torcedor local também estava de nosso lado. Roberto Felipe fez dois, mas perdemos a decisão por 3×2. Eramos infinitamente superiores, mas o futebol e seus deuses…

Quando o futebol carioca era o mais ouvido e acompanhado de nosso país, mais precisamente em 1960, o AMÉRICA, da cidade maravilhosa, sob o comando técnico de um jovem desconhecido – Jorge Vieira -, desbancou o Fluminense que buscava o bicampeonato. Com gols de Jorge ‘macumba’ e Nilo, viraram um resultado adverso e entraram, merecidamente, para a história.

E a façanha da INTER de Limeira no campeonato paulista de 1986? Comandada pelo senhor José Macias – mais lembrado e conhecido como PEPE, “o canhão da Vila “- também integrante de um quinteto atacante composto por Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e……, derrubou os gigantes e poderosos, tornando-se vencedora da competição. Coisas do futebol!

Os amantes do bom e bonito futebol ou futebol arte como queiram, conhecem ou já ouviram falar do fenomenal escrete húngaro de 1954, que encantou o mundo pela qualidade de seus notáveis craques, mas que foram surpreendentemente derrotados na final do campeonato mundial daquele ano pela Alemanha (3×2). Na mesma Copa, na fase inicial, haviam os húngaros vencido os mesmos alemães por um indigesto 8×3. Como explicar?

Em relação ao nosso Brasil, quando tínhamos escretes que verdadeiramente nos encantavam e encantavam o mundo esportivo, existem os tristonhos registros de 1950 diante do pequenino Uruguai, em pleno Maracanã (1×2) e do fatídico resultado adverso diante dos italianos em 1982 (2×3), era do Mestre Telê Santana. Em ambas as oportunidades o verdadeiro futebol saiu derrotado.

Entre clubes ou seleções, há inúmeros registros de competições em que os maiorais ou os verdadeiramente melhores não saíram vencedores. Para alguns aí está a beleza do futebol. Será? Neste espaço e bate-papo não se cogita falar em equívocos graves de arbitragens e outras coisitas mais.  Simplesmente o que os Deuses do Futebol nos reservam em determinadas oportunidades, fazendo a felicidade de muitos e tristezas de outros tantos. Ah! O FUTEBOL… simplesmente indescritível e imprevisível.

Pena que nos dias atuais o futebol tenha perdido seu glamour e seu brilho, tornando-se muitas vezes chato em demasia. Difícil até de assistir, tá certo Bolívar? É dose aguentar um Neymar da vida… Saudades dos tempos em que o futebol fazia a alegria do povo e de multidões de torcedores e atores.


(*) Ex-atleta

N.B.- faleceu VALTINHO , irmão de Roberto ‘Burraldo’ Sales Borges e tio de HOBERG ‘Batata”. Ele, um dos últimos do incomparável e saudoso Clube Atlético Pastoril, o Leão da Baixada. Fica uma saudade danada. A missão terrena foi cumprida e bem.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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