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Humanidade: até quando seremos o nosso próprio lobo?

Walber Gonçalves de Souza (*)

O importante filósofo modernista Thomas Hobbes defendia a ideia de que o homem é o lobo do próprio homem. Para o pensador o ser humano é o próprio inimigo da humanidade, portanto, o próprio inimigo dos seus pares.

Claro que não podemos descontextualizar a ideia de Hobbes que viveu praticamente há quatro séculos em uma conturbada Inglaterra. Entretanto, transportando-a para a era presente parece se encaixar perfeitamente dentro das características pelas quais a humanidade está vivendo. Literalmente estamos nos acabando, tornando-nos uma bomba relógio.

Todos os dias somos invadidos por notícias que beiram a desumanidade. São construções de mísseis cada dia mais potentes, bombas nucleares sendo testadas em várias partes do planeta, assassinatos em série, balas perdidas que não deixam de encontrar um alvo inocente; conflitos, a exemplo do que vem acontecendo com a Faixa de Gaza, vividos em inúmeros lugares; um contingente indizível de refugiados que buscam a paz que nunca encontrarão, números cada vez mais alarmantes de gente morrendo de fome, doenças até então adormecidas, tornando-se ativas e em muitos casos descontroladas; atentados a cada dia mais frequentes, uma intolerância extrema e híper radical, guerra civil, a exemplo do Rio de Janeiro, disseminando em milhares de lugares no planeta; sem mencionar a má gestão dos recursos e a desenfreada corrupção, talvez o nosso maior mal e porque não afirmar uma das principais causas das demais.

Lendo este texto parece transmitir um pessimismo, mas prefiro acreditar e defender que ele é um retrato fiel do que estamos nos tornando; portanto um texto realista, que não quer ousar ser um texto que tape o sol com a peneira.

Se toda mudança nasce da crise, já está na hora de dias melhores começarem a surgir, pois estamos atolados até o pescoço nela, já não há mais espaço para problemas, precisamos urgentemente tentar encontrar saídas, soluções que apontem novos rumos, que proporcionem a mudança dos paradigmas atuais pelos quais estamos descrentes e que já deram sinais claros que não estão em consonância com os verdadeiros anseios da humanidade, que nada mais é do que poder viver dignamente.

Cidades estão em crise, países estão desgovernados, continentes à beira do caos social e humanitário. Os ricos, em sua grande maioria, foram dominados por uma ganância sem precedentes e transformaram o Estado em seus próprios quintais; os pobres movidos por uma cultura que cultiva a violência, saíram da defensiva mórbida e resolveram se mexer e contra-atacar, e juntos estamos criando o que vemos e vivenciamos todos os dias. 

Queria muito acreditar que Hobbes está mentindo, mas a realidade nos mostra que não. Todavia, o ser humano é sempre surpreendente e quem sabe um dia consigamos nos enxergar com tal. Quando este dia chegar estaremos dando o primeiro passo para desarmarmos a bomba relógios do qual nos transformamos. Será que este dia chegará?


(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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