por Coronel Celton Godinho
Desde a criação do Homem, o seu maior medo, sem dúvida nenhuma, é o medo de morrer. Essa fobia de que a vida nesse mundo acaba um dia torna-se um tormento diário no cotidiano humano.
A finitude humana nunca foi, e nem será, um tema agradável para ser abordado. Como cristão, ainda não assisti pregação sobre o assunto, talvez por gerar um “certo desconforto”. Afinal de contas, ninguém gosta de pensar que a sua vida terrena tem um fim.
É fato que o ser humano ainda não aceita a morte, e, diante dessa negação, vem procurando, por meio do frenético avanço tecnológico, tornar-se imortal em todos os sentidos. Meios para prolongar a vida, utilizando a Medicina, já são moda há muitos anos, mas a imortalidade tem sido a obsessão de vários mortais como nós.
Há alguns anos, durante a minha juventude, assisti a um filme sobre imortalidade. Era a estória de um guerreiro escocês no século XV ou XVI, mais ou menos, que morreu durante uma batalha entre clãs, e durante o seu velório veio a reviver, como se voltasse de um breve sono, e sem feridas do combate. O fato gerou pânico na sua comunidade, que acabou por expulsá-lo. Ali, ele percebeu que tinha “ganhado o dom da imortalidade”. Passaram-se os anos, e ele não envelhecia, e via todas as mulheres, esposas que amava, morrerem. Ele chegou até ao século XX vivendo triste sob a regência daquele “presente”, a sua imortalidade. Na verdade, ele nunca pediu a imortalidade, ele queria mesmo ser mortal, o que, ao fim do filme, ele conseguiu! Não via sentido em sua vida ver as pessoas que amava morrerem e sua época passar. Ele se tornou um ser humano perdido num mundo de mortais. Depois de assistir mais vezes o filme e analisar o tema, conclui-se que a morte para esse mundo é natural, e para todos os seres vivos. No cosmos, estamos conectados uns aos outros e há um “fluxo” de vida terrena. A finitude humana nesse mundo é um fenômeno inevitável.
Aumentar a expectativa de vida é uma coisa, mas criar para o ser humano a possibilidade de ser imortal é outra. Seria como “brincar de Deus!” Os cientistas já afirmam que a imortalidade humana deverá ser possível até 2030.
Importante salientar que não abordamos nesse colóquio a imortalidade sobre o prisma filosófico e nem sobre as noções religiosas atinentes à alma, espírito e corpo, e muito menos causar tormento.
Eu, particularmente, acredito na vida eterna, depois da morte nesse mundo, pois estamos aqui de passagem. Aqui é a preparação para outra vida.
A nossa Bíblia cristã traz posicionamentos sobre o tema:
“Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá” – Gênesis 2,17
“Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” – Hebreus 9,27
“Que homem pode viver e não ver a morte, ou livrar-se do poder da sepultura”? – Salmos 89,48
E VOCÊ, SE FOSSE IMORTAL?
(*) Advogado militante | Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João
Pinheiro
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