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Do rei Pelé ao velho Caçapa

Luiz Alves Lopes (*)

Dor de cotovelo e gosto de guarda-chuva na boca passam a figurar em nosso cotidiano diante do espetáculo proporcionado por Argentina e França na decisão do mundial do Catar, no último domingo (18). O futebol reapareceu para o mundo. Curvemo-nos diante da realidade atual. Aliás nossa antipatia pelos hermanos da América do Sul deve dar lugar ao reconhecimento pelo que fizeram, mostrando um futebol exuberante e “uma vontade danada” dentro das quatro linhas. Afora o grande líder de que [eles] dispõem.

Sim! Argentina e França proporcionaram espetáculo de grande monta, raramente presente em jogos decisivos, contrariando a regra geral. Mas em um certame apenas um dos competidores pode sagrar-se campeão. Uma pena! Na final do último domingo ambos os finalistas foram vencedores aos olhos do mundo do bom futebol.

Passado o mundial – sim o mundial já é passado – uma sombria constatação: quando muito, pelo futebol que praticamos ou pela forma de futebol que nos mandam praticar, uma terceira colocação seria o máximo a ser alcançado. Portanto estamos léguas distantes das duas esquadras que encantaram o mundo no último domingo. Verdade, verdadeira.

Rei Pelé

Ultrapassada a introdução inicial, perfeitamente válido o registro de que nosso ídolo eterno, o maior futebolista de todos os tempos do planeta Terra, sua senhoria Édson Arantes do Nascimento – o Rei PELÉ, acha-se enfermo, bastante debilitado e com um quadro clínico que requer cuidados, aliás, que preocupa e muito! Aos 82 anos, internado em um dos melhores hospitais de nosso país, cercado de todos os cuidados, ainda assim as notícias são desencontradas.

De PELÉ já se disse tudo e muito mais. Como futebolista, simplesmente inigualável. Não dá para comparar. Veio de outro planeta e encantou o mundo. Verdadeiramente um MITO enquanto jogador de futebol. Fez a América (EUA) através do New York COSMOS, despertando nos habitantes da terra do Tio Sam o interesse pelo futebol.

Pelé merece tudo e muito mais! Mas é um ser humano e brasileiro. Por tudo que fez pelo futebol de nosso país e do mundo, afora a privilegiada situação que alcançou com todos os méritos, tem e faz por merecer tratamento digno neste momento crucial de sua existência terrena, podendo custeá-lo com tranquilidade. Nada contra.

Diabo Loiro

No Leste de Minas Gerais, na outrora Princesa do Vale, reinaram futebolistas de escol. O maior deles, segundo Chico Duro e alguns outros, foi o Diabo Loiro Valter de Almeida Melo – o Valtinho, ídolo maior do Esporte Clube Democrata. Quem o viu fala maravilhas.

Mas na mesma cidade, em curto período de tempo, umas duas décadas incompletas, reinou um tal de Clube Atlético Pastoril. Indigesto e indócil. Com uma fanática torcida que provocava arrepios nos adversários.

Caçapa

No C.A.Pastoril, que não mais existe, brilhou craques em quantidade e qualidade. Poucos, pouquíssimos estão entre nós. A vida é bela, mas é curta. Dentre aqueles que brilharam no Leão da Baixada, ainda entre nós, Antônio José da Silva – o velho CAÇAPA, zagueiro que zagueirava, que impunha respeito, que não tinha medo de cara feia e não se intimidava diante dos atacantes famosos dos grandes clubes brasileiros que aqui se exibiam.

Com o Leão da Baixada encerrando suas atividades futebolísticas, CAÇAPA, já em final de carreira, aportou-se no Esporte Clube do Rio Doce de mister João Rosa, ali encerrando sua vitoriosa carreira. Sendo sábio, ingressou na então Companhia Vale do Rio Doce, onde se aposentou.

CAÇAPA, hoje com 88 anos, está gravemente enfermo. Certamente a mesma doença do rei Pelé, embora qualificativos outros sejam ditos. Tem agendada operação para o próximo dia 26. Oxalá seja bem-sucedido. Ao seu lado alguns familiares e poucos amigos. Não dispõe de grandes  recursos para usufruir de um tratamento e assistência mais avançados. Uma pena! É a porca da vida. A vida do mundo dos humanos.

O velho CAÇAPA foi zagueiro como poucos. Um dos monstros sagrados da história futebolística da terra de Serra Lima. Foi companheiro de outros cobrões como Jota, Ronam, Palheta, Caboclinho, Djalma, Maranhão, Cocó, Joel, Pedrinho Pitanga, Valtinho, Licio, Bitaca, Carioca e tantos outros, dirigidos por Marcelo Guzella e Jaime ‘Pinduca” dos Santos, o Professor de Bola.

SUS

No Brasil varonil, terra do samba e do carnaval, um agente político nada simpático, de cara feia mesmo, teve a coragem e ousadia de criar o SUS – Sistema Único de Saúde. Uma benção! Opera milagres graças à dedicação dos profissionais da saúde. Contudo um sistema que merece um melhor olhar de nossos dirigentes.

Então quem sabe se aquelas verbas, se aqueles recursos, se aqueles orçamentos… se aqueles excessos, se aqueles… sendo reestruturados, redimensionados, melhor trabalhados e melhor aplicados, o sofrimento de nosso povo do andar de baixo seria reduzido consideravelmente?!

PELÉ é PELÉ! Faz parte de um dos dois Brasis existentes. Daquele comumente praticado por percentual diminuto de nossa população. CAÇAPA é Caçapa, pessoa simples, do povo, mas integrante da grande massa e contingente de habitantes de um outro Brasil. Uma pena!

                                                                                                                                                   (*) Ex-atleta

N.B. – Muito rica e gratificante a conversa com Marcius Túlio, coronel da reserva, amigo de fé, irmão e camarada, por ocasião do XVII Encontro dos Desportistas de Governador Valadares, realizado no último dia 17, nas dependências do Coopevale Futebol Clube. Continuaremos a consultar o Aurélio por ocasião da leitura de suas crônicas dominicais.

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