
No presente século, a humanidade está vivendo uma nova e assustadora era de perplexidade, em um mundo bombardeado por informações irrelevantes e processos globais complicados demais para a compreensão humana. Como consequência dessa problemática, surge o fluxo de ideias sem restrição, a lógica da censura completamente subvertida e os educadores perplexos mediante o processo ensino-aprendizagem.
Isso se deve ao fato de que a cultura de conhecimentos dispersos se torna a tragédia do nosso sistema atual, uma vez que compartimenta os conhecimentos de tal maneira que torna o pensamento complexo, ou seja, um pensamento que reúne conhecimentos separados. Isso acaba por gerar problemas tão difíceis, tornando-se grande desafio para leitores atentos e educadores da atualidade.
Infelizmente, não temos ideia de qual aspecto terá o mundo futuramente. Não sabemos como serão as relações entre os gêneros, e o próprio corpo humano poderá passar por uma revolução nunca vista, graças à bioengenharia e a interfaces cérebro-computador diretas. Assim, alunos se sentem desmotivados e perdem o interesse por aulas que acham desnecessárias, uma vez que têm um smartphone e podem passar a vida consultando enciclopédias e bibliotecas virtuais, assistindo a “Conferências TED”.
Enquanto isso, muitas escolas se concentram em abarrotar os estudantes de informações, o que no passado faria sentido, porque estas eram escassas e não havia os meios de comunicação de que hoje dispomos. Agora estamos inundados por enorme quantidade de notícias, e nem mesmo os censores tentam bloqueá-las. Em vez disso, estão ocupados, disseminando conteúdos falsos ou nos distraindo com irrelevâncias.
Dessa forma, a última coisa que um professor precisa dar a seus alunos é informação, pois eles já as têm demais. Mas trabalhar a capacidade para extrair um sentido dessas e, acima de tudo, combinar os muitos fragmentos desses assuntos, usando o senso crítico. É preciso incentivá-los a “pensar por si mesmos, pois o objetivo do ensino deveria ser ensinar a viver. Viver não é só adaptar-se ao mundo moderno, mas também compreender e analisar a sociedade de consumo e obter os meios de que necessitam para se tornar adultos, fazer suas próprias escolhas, tomar decisões com responsabilidade. É preciso ensinar a conhecer o mundo da internet, a saber como é selecionada a informação na mídia, possibilitando-lhes o ensino dos problemas fundamentais globais.
Se essas gerações não tiverem uma visão abrangente do cosmos, o futuro da vida será decidido aleatoriamente. Cabe à escola prover os alunos de um conjunto de habilidades predeterminadas, como leitura de bons textos e obras literárias para desenvolver o senso crítico-analítico, como também resolver equações diferenciais, elaborar programas de computador, ou programar softwares, assim como aplicativos de tradução que os habilite a conduzir uma conversa em qualquer idioma.
Entende-se, portanto, que o excesso de conteúdo a que as pessoas são expostas diariamente acaba inundando-as de desinformação e distrações. Daí a necessidade de muita clareza para que não mergulhem num futuro dominado por algoritmos. Isso pode impactar a vida cotidiana dos indivíduos do mundo inteiro. E a maior preocupação é conviver com esses desafios contemporâneos, uma vez que é preciso refletir sobre a nossa posição de educadores, em um momento de tantos ruídos e incertezas.
(*) Academia Valadarense de Letras – AVL
Patrono: Gregório de Matos Guerra
Mestre em Ciências da Educação