Como a pandemia já afetou a economia de Governador Valadares

O DRD conversou com o secretário municipal de Desenvolvimento para entender os impactos econômicos da pandemia

O primeiro caso de Covid-19 apareceu em Governador Valadares no dia 24 de março de 2020. Antes disso, a pandemia já estava presente na realidade da cidade. Além da saúde, a segunda área mais impactada pela crise do coronavírus é a economia, que sofre com incertezas e instabilidade. Um dos primeiros setores que precisou parar, por exemplo, foi o setor de eventos, que ainda não pode voltar ao seu funcionamento normal por questões sanitárias. Em maio, quando o DRD fez uma entrevista com empresários do setor, a onda de demissões já era iminente.

Mais de três meses depois da primeira confirmação de Covid-19, o DRD conversou com o secretário municipal de Desenvolvimento de Governador Valadares, Hílton Manoel Dias Ribeiro. Perguntamos a ele sobre os impactos que a pandemia causou até agora, as mudanças no cenário e possíveis previsões para o futuro. Confira a entrevista.

DRD – Existe um balanço que mostra quais eram as perspectivas de avanço para a economia local em 2020, e se o que era esperado até o meio deste ano foi ou não alcançado?

Hílton Ribeiro – Podemos considerar que a economia local depende fortemente do setor de comércio e serviços, que juntos representam mais de 80% do total de estabelecimentos no município, do total de empregos formais e da participação do Produto Interno Bruto.

Com a crise gerada pela pandemia, os impactos na economia foram imediatos, causando choque de oferta por conta da interrupção das cadeias produtivas, choque nos custos de produção, medidos pela variação de preços das commodities e uma retração de demanda proveniente do aumento da incerteza que a pandemia causa no mercado. Deste modo, uma economia altamente dependente do pequeno varejo e dos serviços sentiu, nestes segmentos, uma retração rápida.

secretário fala sobre economia de GV
Hílton Manoel Dias Ribeiro, secretário municipal de Desenvolvimento de Governador Valadares

DRD – Nesses seis meses de pandemia da Covid-19, quais são os impactos constatados pela secretaria?

Hílton Ribeiro – Segundo alguns especialistas, de forma geral, os segmentos mais afetados pela crise são restaurantes, bares e alimentação fora do lar, atividades de lazer e turismo; varejo (exceto de alimentos); transporte e serviços de beleza também são segmentos muito afetados.

Segundo dados do Sebrae, é possível dizer até em 80% de queda nos primeiros meses da crise, com estabelecimentos fechados. Como o nível de emprego e a dinâmica interna da economia dependem muito desses segmentos, deve-se considerar que os efeitos negativos no curto prazo foram significativos. Todavia, o setor de varejo de alimentos e farmácias não passaram por este mesmo impacto de curto prazo, com retração imediata de demanda.

DRD – Qual é o panorama atual, em relação a surgimento de novos negócios e empreendedorismo?

Hílton Ribeiro – Deve-se observar as tendências locais para negócios na área da saúde e negócios que envolvam mais tecnologia de informação e comunicação. Estes segmentos tiveram aumento de demanda na crise e, segundo especialistas, permanecerão com tendência de aumento em médio e longo prazos.

Para Governador Valadares, particularmente, aposto no desenvolvimento da cadeia de negócios em saúde como uma das estratégias para o desenvolvimento local, dado que já temos uma rede bem desenvolvida de serviços, temos capital humano em formação constante, além de pesquisas em desenvolvimento nas universidades.

Devemos considerar que Governador Valadares também é um polo de educação, especialmente do nível superior, com um conjunto de Instituições de Ensino Superior (IES) considerável. Isso nos coloca numa posição privilegiada para a construção de políticas públicas para fomento a geração de novos negócios, novas startups, atração de pequenas indústrias em segmentos estratégicos.

A Prefeitura tem desenhado novas estratégias para sua política de desenvolvimento, incluindo a instalação do primeiro Parque Científico e Tecnológico de toda região. Esta estrutura vai priorizar a geração de novos negócios, principalmente aqueles de maior intensidade tecnológica.

DRD – Há algum estudo pós-pandemia sobre o desenvolvimento econômico da cidade?

Estamos, pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento, construindo boletins informativos sobre temas variados. O Boletim de número 6 trata brevemente dessas questões e vamos lançar em breve novos volumes sobre tendências nos negócios pós-pandemia. Para acessar os boletins da SMDE basta acessar a guia Boletins no site da Prefeitura.

Vale destacar também que a SMDE apresentou, recentemente, a primeira versão do PDI 2020-2030, Plano de Desenvolvimento e Inovação que traça as diretrizes de longo prazo para o desenvolvimento local. Este plano passará por discussões com parceiros da sociedade civil, para validação e nova apresentação em um segundo momento.

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