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Sem festas, setor de eventos teme por futuro incerto

Um dos primeiros a parar, setor de eventos não deve retornar tão cedo ao funcionamento normal

As medidas de isolamento social têm se mostrado como única saída viável para reduzir a transmissão da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. No entanto, depois de mais de 40 dias do primeiro decreto que iniciou o distanciamento em Governador Valadares, os impactos econômicos já podem ser sentidos nos mais diversos setores.

Um dos primeiros ramos da economia a serem afetados foi o setor de eventos, que engloba os profissionais e empresas que lidam diretamente com organização e cobertura de festas e eventos. Se o princípio básico do isolamento social é evitar qualquer aglomeração de pessoas, é também esse o ponto que impede o funcionamento desse setor.

Maria Auxiliadora Barbosa. Foto: arquivo pessoal

Pela necessidade de manter a sustentabilidade econômica sem quebrar as normas de segurança, imprescindíveis no momento, esses profissionais e empresas precisaram tomar medidas drásticas. Esse é o caso de Maria Auxiliadora Barbosa, dona da empresa Loc Festas.

“Estamos passando por uma crise que em 22 anos de trabalho nunca vi igual! Logo no início de março, comecei a sentir dificuldades, pois os eventos começaram a sumir, aqueles tipo casamentos, début, começaram a agendar para o segundo semestre ou para o ano que vem! Os clientes que tinham materiais agendados cancelaram”, conta.

A solução encontrada foram as férias coletivas para os funcionários. “Logo percebi a falta de serviços, entramos na quarentena e os funcionários ficaram 10 dias parados. Em seguida eu dei férias para todos os 10 funcionários, ficando somente com uma secretária, para responder algumas mensagens e e-mails, que são quase nada”.

Apesar da solução encontrada para evitar prejuízos maiores a curto prazo, Auxiliadora teme pelo futuro da empresa. “Estamos totalmente parados, sem nenhum trabalho. Agora em maio meus funcionários retornam de férias e vão ficar em suspensão por mais 30 dias. Está muito complicado, pois não temos perspectiva de volta. Está muito difícil, pois a minha empresa sempre foi muito solicitada, sempre estivemos na correria, agora, totalmente parada. Estou pedindo a Deus que esta pandemia passe rápido!!!”.

Apesar de futuro incerto, empresários mantêm a esperança

O caso da Loc Festas não é isolado, pelo contrário, tem sido a regra para a maior parte das empresas. Adriana Miranda e Vander Borges, donos da Fest Festas e do Ateliê de Festas Adriana Miranda, estão em uma situação parecida.

Vander Borges e Adriana Miranda. Foto: arquivo pessoal

“O ramo de festas está entre os mais atingidos por essa pandemia, nós estamos praticamente 100% parados, todas as festas canceladas ou adiadas, pouco podemos fazer para driblar o que está acontecendo. Um ou outro caso de locação de brinquedos para distrair as crianças que estão de quarentena em casa (sem monitores)”, conta Vander.

O empresário enfatiza a importância da movimentação econômica que o setor traz para a cidade. “É um ramo muito importante e que movimenta bastante a economia do país; milhares de pessoas dependem dele. Locadores de artigos de festas em geral, aluguel de brinquedos, aluguéis de chácaras, montadores de estruturas, DJs, garçons, promoters, buffets, salões de festas, doceiras, boleiras, churrasqueiros, decoradores e inúmeros outros profissionais que dependem direta ou indiretamente de festas. Além de aquecer o comércio, porque movimenta os salões de beleza, as floriculturas, o comércio de presentes e outros”, destaca ele.

Apesar das dificulades e do futuro incerto, Vander também mantém a esperança de que em breve tudo voltará ao normal.”Nós temos consciência da necessidade dessa parada para o bem e segurança de todos. Mas precisamos voltar às nossas atividades, pois é difícil para todos do ramo aguentar despesas tanto tempo parados. Com fé em Deus, em Governador Valadares e outras cidades tudo irá voltar ao normal”.

Profissionais tiveram que se reinventar

É importante ressaltar que o setor de eventos não envolve só as empresas que organizam festas e outras atividades culturais. Profissionais como DJs, cerimoniais e fotógrafos, que na maioria dos casos são autônomos, podem ser tanto quanto ou ainda mais afetados.

fotógrafo setor de eventos
Fotógrafo Marquinhos Silveira. Foto: arquivo pessoal

Marquinhos Silveira, correspondente do DRD e fotógrafo conhecido na região, conta que precisou se adaptar ao momento. “Esse isolamento atingiu todas as áreas. No meu caso, é claro que atingiu sim, só que a gente pode remanejar, adiar, passar as datas pra frente, de acordo com cada contratante. Eu tinha muita demanda, e aproveitei o tempo para trabalhar com as montagens de álbuns que estavam pendentes”, conta.

Além disso, Marquinhos também aproveitou o momento para renovar os equipamentos. “Antes de o isolamento começar de fato, há mais ou menos dois meses, eu vim para os Estados Unidos com o intuito de comprar equipamentos novos e aproveitar esse tempo parado para me aprimorar. Eu estou na Flórida desde então. Eu continuo fotografando aqui, porque também já tenho meus clientes, mas tudo com muito critério e com todos os cuidados necessários”.

No fim da entrevista, o fotógrafo quis deixar uma mensagem de esperança. “Gostaria de colocar que todo mundo, todos nós profissionais de comunicação e eventos, estamos todos trabalhando da mesma forma, tentando informar sobre os pergios, mas a gente tem uma esperança muito grande de que as coisas voltem ao normal. A cidade necessita muito desse setor que gera tantos empregos, porque Valadares é uma cidade comercial e que tem muita mão de obra. Ficamos na torcida pra que essas coisas voltem ao normal”.

Setor de eventos previa crescimento para 2020

De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC), 59% das produtoras de eventos são empresas com até três sócios. Sobre a quantidade somada de funcionários e donos, 46% das empresas trabalham com 10 pessoas ou menos.

Apesar de parecer mais fácil para essas empresas lidar com a crise, isso pode, na verdade, ser uma agravante, já que elas ficam mais suscetíveis financeiramente às mudanças na economia e no comportamento dos clientes.

Ainda de acordo com os dados da ABEOC, 73% das empresas que trabalham no setor de eventos esperavam aumentar o faturamento em 2020, e 44% esperavam contratar mais pessoas. Levando em conta que o setor emprega indiretamente mais de 25 milhões de pessoas no Brasil, e é responsável por 4,3% do PIB Brasileiro, de acordo com a Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (AMEE), a mudança nessas expectativas pode gerar um impacto gigantesco na economia do país.

Recentemente, a AMEE chegou a enviar cartas ao Governo de Minas e à Prefeitura de Belo Horizonte, reafirmando o apoio ao isolamento social, mas pedindo que medidas de apoio ao setor de eventos sejam tomadas imediatamente. Dentre as medidas solicitadas, a AMEE pede isenção de taxas e flexibilização de impostos.

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