Em CANÇÃO DA AMÉRICA, na voz do incomparável Milton Nascimento, com propriedade ficou registrado que “amigo é coisa para se guardar“. Não menos verdade – dentre outras a afirmativa do professor Felipe de Souza, que “sonhar um sonho impossível pode torná-lo possível.”
“Faça uma lista de grandes amigos. Quem você mais via há dez anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia. Quantos você já não encontra mais. Faça uma lista dos sonhos que tinha. Quantos você desistiu de sonhar“.
“Quantos amores jurados pra sempre. Quantos você conseguiu preservar. Onde você ainda se conhece. Na foto passada ou no espelho de agora. Hoje é do jeito que achou que seria. Quantos amigos você jogou fora“(A LISTA – na voz de Oswaldo Montenegro).
“Dai-lhes vós mesmos de comer”
QUARESMA – tempo para reflexão. De leitura de vida. Em especial de uma vida terrena que já se arrasta por mais de 7 décadas (não integramos a galera dos dentes de leites), convivendo com todo tipo de gente e de situação. Certo, Bolivar?
Alinhados à melodia de Milton Nascimento, apenas no mundo esportivo aqui da terra de Serra Lima, na última década, quantos subiram para o andar de cima? Como não lembrar de Carioca Nunes, de Beto Teixeira, de Juvenal, Feca Barbosa, de Almyr Lordes, dos massagistas Zequinha, Haroldo e Nascimento, de Washington, Timburé, Cotinha, Roberto Felipe, Cepinha, Caçapa e…não dá mais. A lista é imensa.
E quantos não partiram para o andar de cima, porém, se mandaram para bem longe, alguns para fora do país, distantes da ‘terrinha’, e quase não dando notícias. Alô, Vionaldo, Pagani, Paulo Dutra, Rogerinho, Iury, Matheus, Elias, Wildmarck, João Carlos, Beltrão, Kolinos, Zé Maria, Helinho, Merendão, Alcindinho, Fernandão, Waldemar Pena, Valério Melo, e….também não dá mais.
Voltemos à Quaresma e com ela a Campanha da Fraternidade de 2023: “Dai-lhes vós mesmos de comer“. Reflitamos. Não a interpretemos de forma restritiva e taxativa. Pelo contrário, sobre ela nos debrucemos, inclinemos e aprofundemos análises e estudos sobre a situação do mundo, do mundo a nosso redor.
Em nossa família, em nossa vizinhança, em nossa comunidade/bairro, em nosso local de trabalho, em nossa Igreja (e não no templo), no local de nosso lazer, enfim, como tem sido nossa vida neste MUNDÃO DE DEUS?
Daqueles com quem convivemos por décadas e décadas, não importando se no mundo esportivo ou fora dele, o que sabemos? Alguns, poucos ou muitos, estão em estado de vulnerabilidade social? Podemos fazer alguma coisa? Aconselhar, orientar, encaminhar…ou mesmo assistir?
Ainda que fora da LISTA de Oswaldo Montenegro; ainda que não integrante de um rol de amigos; ainda que implacável adversário no passado, ainda assim, valorizando a VIDA, uma dádiva do CRIADOR do Universo, estender às mãos aos necessitados deve fazer parte de nossa caminhada terrestre.
A propósito, como tem sido sua vida? Vai bem, obrigado. Sem problemas…e os problemas e adversidades alheias não lhe dizem respeito? Pare. Pense. Reflita. Mude…somos todos irmãos e aqui estamos por um curto período. Façamos a vida valer a pena.
Voltando a Oswaldo Montenegro e sua contagiante canção, um verdadeiro legado, lembramos de um passado que se foi e que não volta mais, com histórias, fatos e acontecimentos publicáveis e não publicáveis, com aquela ‘querela’ não resolvida…e que permanece viva em nossa memória. Ah! Coloca na LISTA.
Que a Semana Santa seja para todos nós um verdadeiro antídoto para nossos males, para nossos questionamentos, para nossas friezas e indiferenças, permitindo-nos rever conceitos e posicionamentos. Se tal ocorrer, seremos ou nos transformaremos em seres humanos melhores. Se não for pedir muito, que saibamos ouvir mais e permitir as colocações e argumentos de outros. Oxalá que assim seja!
(*) Ex-atleta
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