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O Porto Aéreo

Por Crisolino Filho

O artigo Porto Aéreo, publicado no DRD em 11 de abril de 2007, portanto, há 13 anos, continua atualíssimo. Se existe um termômetro que mede de fato o grau de desenvolvimento de uma cidade, esse termômetro é seu aeroporto. Quanto mais desenvolvida, mais qualidade tem seu porto aéreo. Se Governador Valadares for aferida por esse termômetro, vai ter um resultado negativo.

Vítima de promessas há muitos anos, inclusive com placa em frente ao terminal atual, sua pista continua à espera de melhorias. Como é curta, jato de maior porte não pode pousar por aqui, o que impede o pouso de grandes aeronaves de outras companhias aéreas. Assim, a concorrência, que estimula a queda de preços e que tanto beneficia o consumidor, fica prejudicada. Atualmente, a cidade é servida apenas por uma companhia aérea, uma espécie de monopólio.

As únicas referências no nosso porto aéreo, e que nos remete a ideia de progresso, são os quiosques das locadoras de automóveis e a brigada de incêndio aeronáutica, no mais… está feia. Exemplos não faltam. Os locais destinados a guichês das empresas de aviação estão instalados em caixotes de cimento, não oferecem nenhum conforto. As cadeiras de espera destinadas aos passageiros estão rasgadas. A impressão é de abandono. Com a paralisação temporária das atividades aéreas em função da pandemia, a coisa ficou mais triste.

A sala VIP se deteriorou completamente. Ali, as cadeiras de espera também estão se decompondo. A pintura interna e externa do prédio está desbotando. Apesar de ter um estacionamento razoável, não existe nele a sinalização horizontal demarcando as vagas. Em frente, logo na saída do prédio, o que era para ser um jardim se transformou em cesta de lixo. Do outro lado, além da limitação da rua, lixo se acumula à beira dela.

Além da ampliação da pista de pouso, falta ainda torre de controle aéreo e de iluminação noturna (tal qual as dos estádios de futebol). Aqueles pequenos holofotes colocados em pequenas torres de aço não são mais utilizados. Os passageiros que chegam à cidade à noite descem da aeronave em um pátio muito mal iluminado. A impressão é que a conta de luz não foi paga.

A vizinha cidade de Ipatinga tem um aeroporto que, se não é modelo, é bem mais profissional que o nosso. Lá existe torre de controle aéreo, seis torres de iluminação, pista que pode receber qualquer tipo de aeronave, várias companhias aéreas instaladas em guichês confortáveis, placas e sinalização impecáveis, esteira de aço giratória para bagagens, sala de desembarque, várias locadoras de automóveis, lojinhas de souvenirs, brigada de incêndio e uma área de alimentação bastante ampla. O estacionamento é todo demarcado.

Como sonhar é preciso, e como gostamos da cidade, ficamos na torcida para a reversão do quadro. Afinal, pelos céus cruzam executivos, empresários e investidores. O porto aéreo é um verdadeiro cartão de visitas, sinaliza progresso. Se ele não oferece condições ideais, ainda mais numa cidade do porte de GV, perde-se goleada.

Já recebemos, inclusive, boas sugestões de leitores que defendem que o poder público poderia oferecer uma área para a Aeronáutica construir dentro dos domínios do aeroporto uma pequena Vila Militar, mesmo que fossem seis casas. Assim, teríamos uma base militar, até porque a Aeronáutica já fez várias manobras por aqui.

De qualquer forma, vamos ficar na torcida. Ah! Na língua inglesa o adjetivo sempre vem antes do substantivo. Pela analogia, a tradução para o português da palavra “Airport” deveria ser “porto aéreo”, ou seja, o substantivo primeiro. Não sabemos porque, mas a tradução para “Aeroporto” ficou como no inglês; o adjetivo veio primeiro, apesar de a palavra não ser escrita separada. Não importa, mesmo que seja depois, que nosso Porto Aéreo se modernize.

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