O período que antecede o Natal provoca uma mudança significativa na rotina dos condomínios. O aumento do número de visitantes, a intensificação das entregas, as confraternizações e as viagens de fim de ano criam um cenário que exige atenção redobrada de moradores, síndicos, administradoras e equipes de apoio. Quando não há orientação clara e prevenção, situações simples podem evoluir para conflitos ou falhas de segurança.
Acesso liberado sem controle aumenta riscos
Com a circulação maior de pessoas, o controle de acesso se torna um dos pontos mais sensíveis. É comum que moradores autorizem entradas de forma apressada ou sem a devida identificação, principalmente em dias de confraternização. Essa prática fragiliza a segurança coletiva. A liberação de visitantes deve sempre ocorrer mediante confirmação direta do morador responsável, com identificação adequada e observância dos protocolos do condomínio. Porteiros e funcionários precisam estar respaldados por regras claras, evitando exceções que possam comprometer o controle do fluxo interno.
Entregas em excesso exigem protocolos claros
O crescimento das compras online no fim de ano transforma a portaria em um ponto crítico. A ausência de regras bem definidas favorece golpes, extravios e acessos indevidos. É fundamental que moradores compreendam que entregadores não devem circular livremente pelas áreas internas e que o recebimento de encomendas deve seguir normas previamente estabelecidas. A orientação para que os próprios moradores busquem seus pedidos ou autorizem formalmente o recebimento reduz riscos e sobrecarga das equipes.
Festas e ruídos: quando o direito de um começa onde o do outro termina
As celebrações natalinas são legítimas, mas precisam respeitar os limites da convivência coletiva. O desrespeito aos horários de silêncio, a utilização irregular das áreas comuns e o excesso de convidados são causas recorrentes de conflitos. O regulamento interno existe para equilibrar direitos e deveres e deve ser observado especialmente em períodos festivos. Planejamento e comunicação antecipada evitam desgastes e preservam a harmonia entre vizinhos.
Apartamentos vazios se tornam mais vulneráveis
Durante o Natal, muitas unidades permanecem fechadas por vários dias. A divulgação pública de viagens, o acúmulo de correspondências e a ausência de movimentação são fatores que aumentam a vulnerabilidade dos imóveis. Medidas simples, como informar a administração sobre a ausência, manter algum sinal de ocupação e evitar exposição nas redes sociais, contribuem para a prevenção de furtos e invasões.
Comunicação preventiva é ferramenta de gestão
O papel do síndico e da administração é decisivo nesse período. A comunicação preventiva, clara e acessível, reduz conflitos e fortalece a cooperação. Informar não é punir, é orientar. Quando moradores sabem exatamente como agir, a chance de erro diminui. Mensagens humanizadas, reforçando regras e responsabilidades, produzem mais resultados do que advertências aplicadas depois do problema instalado.
Convivência responsável também faz parte do espírito natalino
O Natal passa, mas a convivência permanece. O vizinho de hoje será o mesmo ao longo de todo o ano seguinte. Por isso, respeito, bom senso e responsabilidade coletiva são tão importantes quanto a celebração. Proteger o condomínio e preservar relações não é excesso de zelo; é uma atitude consciente de quem entende que viver em coletividade exige compromisso diário.
Mais do que decorar, festejar ou viajar, o fim de ano pede planejamento. E, no condomínio, planejar é a melhor forma de garantir tranquilidade para todos.
Que o Natal seja vivido com alegria, responsabilidade e respeito coletivo, dentro e fora dos condomínios.
(*) Cleuzany Lott é advogada com especialização em Direito Condominial, MBA em Administração de Condomínios e Síndico Profissional (Conasi), Presidente da Comissão de Direito Condominial da 43ª Subseção da OAB-MG, Governador Valadares, 3ª Vice-Presidente da Comissão de Direito Condominial de Minas Gerais, síndica, jornalista e palestrante.
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