Tenho tido o privilégio de conhecer muitas pessoas que, em sua maioria, são ótimas e interessantes.
Gosto de conhecer gente! Trabalhar com gente, e conviver com gente!
Dentre as muitas pessoas que conheci, fiz amizade com algumas bastante brincalhonas, de super bom humor e de muito bem com a vida, do tipo que adora fazer molecagem com os amigos, mas só com amigos de verdade!
O Ambrósio era um desses “moleques”, que adorava fazer molecagens e brincadeiras, mas nunca violentas e nem agressivas. Ele morava em uma cidade vizinha de onde eu moro atualmente.
Certa vez, fui fazer um serviço lá na cidade dele e o avisei que ficaria lá por uns dois dias. Combinamos ir à noite em um boteco da cidade com outro amigo comum, o Felício, que já o conhecia de longas datas.
Chegamos juntos no boteco lá pelas 8h da noite: cervejinha gelada e peixinho frito! Quando já eram 22 horas, chegou à nossa mesa o convidado do nosso amigo Ambrósio, o médico mais importante e querido da cidade, sua excelência, o Dr. Joaquim. Era uma pessoa muito afável, de conversa mansa e agradável. Ficamos todos ali, até que, ao olhar para as mesas, percebemos que só nós ocupávamos o recinto, e já nem mais havia garçons para nos servir (os dois eram filhos do proprietário do estabelecimento e tinham de ir cedo para casa).
Como Ambrósio era amigo do dono do boteco, ia ele mesmo no freezer pegar as cervejas. Eram freezers antigos, de revestimento de madeira, com aquelas velhas maçanetas (e como eram antigos!) não via aqueles equipamentos desde que eu era menino.
Em certo momento dos “altos papos“, em que discutimos o futuro da Nação, rsrsr, Ambrósio pediu que o nosso doutor Joaquim fosse, dessa vez, pegar as “geladas” no freezer.
Houve uma demora estranha do médico para trazer as cervejas. Depois de uns 20 minutos, aparece o Dr. Joaquim, ofegante e assustado, parecendo ter visto um bicho de outro mundo. Gente! Gente! Gritou, rouco, o médico: tinha um gato dentro do freezer! Quando abri, ele pulou em cima de minha cabeça e saiu correndo para fora. Com cara de sério, Ambrósio falou: eh, doutor! A bebida já fez efeito! Já tá vendo até gato dentro de geladeira. O Dr. Joaquim estava ainda tão assustado que apenas balançou a cabeça, dando a entender que concordava.
Fomos embora logo em seguida, pois já eram 3 horas e meia da madrugada.
No outro dia, fui à casa de Ambrósio para me despedir, já que havia terminado o serviço e era hora de voltar para casa. Ao chegar lá, ele me perguntou: adivinha quem acabou de me ligar e conversar comigo? Foi o Dr. Joaquim! Diz ele que hoje tem certeza de que havia um gato dentro do freezer, pois acordou com “a careca” toda arranhada (Dr Joaquim era calvo).
Ambrósio depois disse que tinha mesmo! Da última vez que foi buscar a cerveja, viu um gato debaixo do balcão e resolveu jogá-lo dentro do freezer. Depois, “armou” para o Dr. Joaquim abrir e tomar o susto ! Rsrsrs.
Esse era o meu amigo Ambrósio, meio adulto, meio menino moleque! E como a gente riu depois rsrsrs.
A vida é feita, também, desses momentos!
E, você? Já fez uma brincadeira com alguém?
Até hoje, ao lembrar-me do fato, começo a rir sozinho. Pena que aquela noite se foi e o Ambrósio, também, já que há alguns anos partiu para outro plano. Era muito gentil, e gostava de gente, como eu!
(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.