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Setembro Amarelo: Como síndicos e moradores podem ajudar na Prevenção do Suicídio em Condomínios

O suicídio é uma realidade preocupante no Brasil e no mundo. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de suicídios no Brasil cresceu 11,8% em 2022 em comparação com o ano anterior.

Foram registrados 16.262 casos no país, o que representa uma média alarmante de 44 suicídios por dia. Esses números são apenas parte de uma estatística que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode estar subnotificada. Estima-se que, a cada suicídio registrado, outros cinco deixem de ser oficialmente contabilizados.

Diante desse cenário, o Setembro Amarelo, campanha realizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), tem como lema este ano: “Se Precisar, Peça Ajuda”. O objetivo é conscientizar a sociedade sobre a importância de falar sobre saúde mental, rompendo o tabu e promovendo a prevenção do suicídio. E quando falamos em sociedade, os condomínios também fazem parte dessa rede de apoio.

Importância da adesão dos condomínios

Os condomínios são, muitas vezes, mais do que apenas lugares de moradia — são comunidades inteiras. Síndicos, administradores e moradores podem ter um papel fundamental na criação de um ambiente acolhedor e vigilante, onde os sinais de sofrimento emocional possam ser percebidos e o apoio esteja disponível.

A convivência em proximidade permite a observação de mudanças de comportamento e a identificação de possíveis sinais de depressão ou isolamento, que são fatores de risco para o suicídio.

A responsabilidade de prevenir suicídios em condomínios não deve recair apenas sobre os síndicos, mas em toda a comunidade. Pequenos gestos de solidariedade contribuem e fazeem a diferença e, em muitos casos, oferecer ajuda, mesmo que de maneira discreta, pode salvar uma vida.

O Caso de Jundiaí e o Risco do Conflito Não Resolvido

Em setembro de 2023, um caso chocante em Jundiaí, São Paulo, reforçou a importância da gestão equilibrada de conflitos em condomínios. Um policial militar, envolvido em um desentendimento administrativo com o síndico de seu condomínio, cometeu um homicídio seguido de suicídio.

O episódio trágico é um alerta para todos os envolvidos na gestão condominial: questões mal resolvidas e a falta de diálogo podem intensificar problemas emocionais já existentes, levando a consequências devastadoras.

O papel do síndico, assim como de toda a comunidade, vai além da administração de questões práticas. A atenção ao bem-estar emocional dos moradores é essencial para evitar tragédias como essa.

Estados com maior número de suicídios

Em relação às internações por tentativas de suicídio e lesões autoprovocadas, alguns estados brasileiros apresentaram um crescimento alarmante.

De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Alagoas liderou esse aumento percentual em 2023, com um salto de 89%. Outros estados como Paraíba e Rio de Janeiro também apresentaram aumentos significativos, de 71% e 43%, respectivamente.

No entanto, há regiões onde os números foram mais moderados. Em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, os aumentos foram de 5% e 2%, respectivamente, embora os números absolutos ainda sejam elevados: 3.872 internações em São Paulo e 1.702 em Minas Gerais em 2023.

Por outro lado, alguns estados apresentaram quedas expressivas, como o Amapá, que registrou uma redução de 48% no número de internações por tentativas de suicídio, seguido por Tocantins (27%) e Acre (26%).

Contudo, a Região Sul se destaca negativamente. O Rio Grande do Sul lidera com um aumento de 33% nas internações, seguido por Santa Catarina (22%) e Paraná (16%).

Esses dados demonstram que, em algumas regiões, os sinais de alerta para o suicídio são mais evidentes e exigem maior atenção das comunidades locais, inclusive em condomínios.

Medidas Concretas nos Condomínios

Campanhas de conscientização podem ser realizadas nos condomínios de forma acessível e prática. Cartazes e comunicados com mensagens de incentivo à procura de ajuda podem ser afixados nas áreas comuns, como elevadores, portarias e salões de festas. Também é possível enviar essas mensagens por e-mail e grupos de WhatsApp, alcançando todos os moradores. Essas ações simples podem trazer uma sensação de acolhimento e abrir espaço para diálogos sobre saúde mental.

É importante incluir nos comunicados os contatos de serviços de apoio como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece atendimento emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia, é uma forma de facilitar o acesso à ajuda.

O número do CVV, 188, deve estar presente em todas as comunicações, assim como os contatos das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) mais próximos.

Síndicos Atentos e Preparados

Os síndicos podem desempenhar um papel chave ao promover espaços de convivência mais acolhedores e incentivar a participação em atividades comunitárias, como eventos, grupos de apoio e rodas de conversa.

Estimular o diálogo entre moradores pode ajudar a reduzir o isolamento, um dos fatores que aumenta o risco de suicídio, especialmente para quem mora sozinho.

Em situações de conflitos internos, como desentendimentos entre moradores ou questões administrativas, é essencial que os síndicos busquem soluções mediadoras, evitando que tensões se agravem. O caso de Jundiaí reforça a importância de manter um ambiente equilibrado e de dialogar sempre que necessário para evitar que problemas emocionais se tornem tragédias.

Acolher e Apoiar

O Setembro Amarelo nos lembra que o suicídio é um problema de saúde pública e que cada um de nós pode fazer parte da solução. Em um condomínio, a empatia e o cuidado mútuo podem transformar o ambiente em um local mais seguro para todos. Se precisar, peça ajuda — e se perceber que alguém está precisando, ofereça-a.

Condomínios são lugares onde vidas se entrelaçam. Campanhas de conscientização, combinadas com ações de acolhimento e apoio, podem fazer a diferença. O simples fato de um morador sentir que não está sozinho pode ser o primeiro passo para evitar que uma tragédia aconteça. Porque, no final, o que está em jogo são vidas, e cada uma delas importa.


Se precisar de ajuda, entre em contato com o CVV pelo telefone 188 ou visite o site www.cvv.org.br para apoio emocional gratuito e sigiloso 24 horas por dia.

Cleuzany Lott é advogada especialista em direito condominial, cursando MBA Administração de Condomínios e Síndicos com Ênfase em Direito Condominial (Conasi), síndica, jornalista, Diretora Nacional de Comunicação da Associação Nacional da Advocacia Condominial (ANACON ), diretora da Associação de Síndicos, Síndicos Profissionais e Afins do Leste de Minas Gerais (ASALM), coautora do livro e-book: “Experiências Práticas Conflitos Condominiais”, produtora de conteúdos e apresentadora do podcast  Condominicando.

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