Se alguma vez você se perguntou se sua empresa poderia continuar funcionando sem a sua presença constante ou se já se viu preocupado com o rumo do negócio após a saída de um colaborador essencial, este texto é exatamente o que você precisa.
Imagine que um time de futebol dependesse apenas de um único jogador para marcar todos os gols. Se esse jogador se machucasse e ficasse de fora, o time inteiro estaria em apuros. Esse conceito é conhecido como “bus factor”: quando um projeto ou grupo depende demais de poucas pessoas, e se elas se ausentarem por algum motivo, tudo pode dar errado.
O “bus factor”, fator ônibus em tradução literal, sinaliza a quantidade de pessoas que, se forem atropeladas por um ônibus, inviabilizarão a continuidade do projeto. Quanto maior essa medida melhor, visto que dificilmente dez pessoas seriam atropeladas por um ônibus ao mesmo momento. Mas se o seu projeto ou negócio tem o fator ônibus baixo, igual 1 ou 2, você corre sérios riscos.
Dessa forma, o bus factor não é apenas uma questão de eficiência, mas também de resiliência organizacional. Serve para nos lembrar da fragilidade de sistemas que dependem excessivamente de poucos indivíduos. E se essa pessoa estiver indisponível? Doenças, férias, turn-over e outras eventualidades podem resultar em atrasos significativos, e todo o esforço investido pode ser comprometido.
Essa dependência é um obstáculo comum na gestão organizacional, mas, felizmente, as empresas podem adotar algumas estratégias para reduzir os riscos associados ao bus factor.
Uma das formas é promovendo uma comunicação aberta entre os membros da equipe. Ao compartilhar conhecimentos, resolver dúvidas coletivamente e garantir que todos estejam na mesma página, o risco associado à dependência de um único indivíduo é reduzido. Documentar processos e etapas é igualmente importante, pois facilita a integração de novos integrantes e garante que informações valiosas não sejam perdidas.
Outra medida é o rodízio de funções e responsabilidades. Ao permitir que os membros da equipe assumam diferentes papéis, a organização não apenas diversifica o conjunto de habilidades de sua equipe, mas também garante que mais de uma pessoa esteja familiarizada com funções ou tarefas específicas.
Por último, a mentalidade da liderança desempenha um papel fundamental. Em vez de centralizar o poder e o conhecimento, os líderes ou proprietários devem buscar se tornar substituíveis, garantindo que suas equipes amadureçam e possam prosperar mesmo em sua ausência. Não é uma tarefa fácil. Mas a chave é transparência, equilíbrio e a busca constante por uma construção e crescimento coletivos.
(*) Profissional com ampla experiência no desenvolvimento de negócios e produtos, com passagens por Méliuz, Itaú, PicPay e Prefeitura de Valadares. Foi membro do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Câmara Técnica de Empreendedorismo e Inovação da Bacia do Rio Doce. Fala sobre inovação, tecnologia, negócios e carreira. Instagram: @eutorrente
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