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Máfia e Loucura

FOTO: Freepik

Não se pode negar de maneira alguma que os times do Atlético mineiro e do Cruzeiro são dois gigantes do futebol brasileiro, e como acontece com os demais pelo país afora, eles têm suas torcidas organizadas.

De acordo com os dicionários, a palavra MÁFIA designa sociedades da esfera do crime organizado. Já LOUCURA designa alienação mental, insensatez, doidice, ato próprio de louco, doido, temerário, quem perdeu a razão, furioso. Como se vê, a palavra máfia está em direção contrária à legalidade, já a palavra loucura contradiz ordem, ao sadio, à razão, à lucidez.

Uma parte da torcida do Cruzeiro fundou a MÁFIA AZUL. Já uma parte da torcida do Atlético fundou a GALOUCURA, um neologismo que soma as palavras Galo + Loucura. Antes de qualquer coisa, que fique claro: os clubes e suas diretorias, as respectivas representações pelo interior mineiro, e muitos de seus integrantes, não têm nada a ver com os problemas e as confusões criadas. Por tudo isso, a grande maioria de seus pacíficos torcedores não pode ser confundida com essas denominações.

Por que escolheram esse nome não se sabe, talvez fosse melhor buscar uma resposta na psicologia, haja vista que pegaram “carona” justamente nessas duas palavras para se autodenominarem, que muitas vezes agindo de forma desorganizada, tomam atitudes alienadas com violência para justificar aquilo que deveria ser um resultado normal no esporte. Normalmente isso ocorre na capital. Não se tem notícia de que a mesma coisa aconteça por aqui.

Fato isolado

A batalha travada entre os próprios torcedores não deve ser tratada como fato isolado, nem como se fosse apenas uma briga entre aqueles que se excedem pela paixão misturada a alguns goles. Estamos falando de organizações que agridem e até matam de forma torpe, banal, e por motivo fútil, o que penalmente caracteriza uma conduta tipificadora.

Para chocar ainda mais, quando pegos em confusões, pode se notar nas entrevistas que os depoimentos dos acusados, após a decretação de prisões, fazem mais o tipo de quem foi para uma guerra, do que de pacíficos torcedores, se assemelham aos conhecidos “bad boys”.

Indignação

Não que sejamos contra o grande espetáculo que é a torcida, muito pelo contrário, é ela parte fundamental do show. No entanto, causa indignação o jeito que atualmente a coisa é gerida. Para os que ficam em casa nos dias de clássico, restam entre pais, mães, irmãos e outros familiares sentimentos de angústia e aflição.

Os nomes das torcidas organizadas deveriam ao menos invocar a paz. Ao contrário de Máfia, por que não o nome CINCO ESTRELAS, uma referência dada aos hotéis de qualidade, já que uma torcida pode tranquilamente invocar qualidade. Por que não o poético AZUL CELESTE? Ou, BRILHO ESTRELAR? SHOW NO CÉU?

Aliás tem torcida em BH que aproveita de forma espetacular o nome da cidade e dos bairros para se ilustrarem, como a GALO HORIZONTE (Belo Horizonte), GALO PRATES (Carlos Prates), SALGALO FILHO (Salgado Filho), GALOTADA (Garotada), GALODUM (Olodum).  Portanto nomes bonitos e criativos não faltam. Não é necessário remeter o torcedor à ideia de violência, que sempre contribui para gerar mais violência.


(*) Crisolino Filho, é escritor, advogado e bibliotecário
E-mail: crisffiadv@gmail.com  –  Whats App: (33) 9.88071877
Escreve nesse espaço quinzenalmente

Comments 1

  1. Sancho Netto Da Cruz says:

    👏👏👏👏👏👏

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