“Se algum dia à minha terra eu voltar, quero encontrar…” (Agnaldo Timóteo).
Jogos de futebol de equipes ou de seleções de atletas profissionais: entre os árbitros ou ao lado deles perfilam os agrupamentos de atletas. A maioria aproveita o momento do Hino Nacional, não importando se de sua pátria ou de outrem, balançando cabeças, mascando chicletes, fazendo gingas com o corpo, misto de aquecimento e tudo o mais. Menos cantar ou acompanhar o hino de forma respeitosa. Nem pensar!
Bons tempos das aulas de Organização Social e Política Brasileira (OSPB), de Religião, de Moral e Cívica e de um punhado de coisas boas. Hino Nacional e Hino da Bandeira, sempre na ponta da língua. “Tempo bão, não volta mais…” (Lilico).
Dona FIFA, dona UEFA, dona Conmebol, dona CBF, Ministérios, Secretarias de Esportes e um punhado de gente olhando para seu próprio umbigo (os verdadeiramente donos do negócio chamado futebol), normatizaram, regularizaram e disciplinaram a legislação do futebol profissional de uma forma tão draconiana que o “garoto-moleque” ao chegar a um determinado clube já teve incutido em sua mente uma tal de ‘OROPA’.
Barcelona, Real Madrid, Juventus, Internazionale, PSG, Bayern, City, United, Tottenham, Benfica, Porto, Milan, Roma, Nápoli, Arsenal, Liverpool, Lion, Mônaco etc, etc, etc, afora os mercados chinês, russo e o atual eldorado das arábias se transformaram em tentações para ninguém botar defeito. Sonho único a ser alcançado. Clube do coração, qual é Mané?
Vulnerabilidade da legislação vigente, cuja mudança não interessa aos poderosos, faz com que muito cedo nossos jovens craques, promessas futurosas, se mandem para outros ‘mundos futebolísticos’ mediante ressarcimento pouco mais do que humilhante. Nossos clubes, endividados, alguns literalmente quebrados, se sujeitam a tal política.
E assim, ainda não lapidados, parte grande parte de nossas joias e promessas. Muitos sucumbem. Outros tantos, encontrando grandes treinadores e estrutura profissional, são devidamente trabalhados e lançados paulatinamente. Não são poucos os que dão certo. Alguns inclusive viram celebridades.
Nos saudosos tempos de ouro do futebol brasileiro chegar à seleção canarinho era o máximo. Verdadeira glória! Realização plena. Tínhamos em quantidade e qualidade, o que dava um trabalho danado. Vavá ou Mazola, Gilmar ou Castilho, De Sordi ou Djalma Santos, Beline ou Mauro Ramos, Dida ou Pelé, Garrincha ou Julinho, Gerson ou Rivelino, Moacir ou Didi, Dino Sani ou Zito, Zagalo ou Pepe. Paremos por aqui.
Nos dias atuais, a desbotada seleção brasileira, sempre que convocada, se reveste da quase totalidade de atletas que atuam no exterior, que lá vivem um tempão, que não estão nem aí para os nossos problemas, que não têm identidade alguma com o torcedor de seu país e acham que estão fazendo um favor danado em vestir o manto brasileiro. Acaba se tornando uma seleção sem sal.
Craques, não craques, bons jogadores nascidos na terra de Cabral, também envelhecem. Lá fora o profissionalismo é de resultado. Se a vitalidade e vigor físico não são os de pelo menos de uma década passada, há um ‘muito obrigado’ e siga em frente.
E o que vem ocorrendo? Velhos e milionários craques brasileiros ficaram e estão soltos no mercado. Sem espaços nos grandes clubes de fora do país, “uma velharada” danada está retornando aos clubes brasileiros, aos chamados grandes em especial, ganhando salários fora de nossa realidade, inflacionando o futebol da terra de Cabral e direcionando clubes ao “matadouro para abate futuro”. Questão de tempo!
E o que é pior: jogando pouco, tomando o lugar de jovens promessas ou mesmo de atletas de capacidade técnica regular, que correm, que têm disciplina técnica, que não simulam contusões e que não comandam grupinhos.
E os dirigentes – sufocados e à mercê das torcidas organizadas, verdadeiros gângsteres – se quedam, partem para aventuras financeiras e concorrem para um caos geral, que não está muito longe.
Como bom seria se o craque de ontem, bem situado financeiramente, realizado, ao retornar ao seu país, num gesto de grandeza e de felicidade, mediante remuneração simbólica, se dispusesse a atuar nas suas últimas (quem sabe duas) temporadas vestindo a ‘camisola’ do clube de seu coração ou daquele que oportunizou sua bem-sucedida carreira?! É querer demais?
Certo é que de navio, de avião de carreira, de jatinho particular, pegando carona, enfim de todo modo, uma tralha danada de jogadores de futebol pra lá do mais pra cá, desembarca dia sim outro também no território brasileiro, sob holofotes e foguetório, como se craques ainda fossem. Não mais o são. Foram. É a realidade. Veja se canta aí Bolivar: “A hora do Adeus…” (Matogrosso & Mathias).
(*) Ex-atleta
N.B. – Waldemar PENA, no Canadá, com as bênçãos do Criador, adotando procedimentos para retorno de todos os seus à Terra de Santa Cruz. Vai dar tudo certo…
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