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Um novo filme

FOTO: Freepik

É missão quase impossível tirar o Brasil da vanguarda do atraso. Aqui para se eleger nossos representantes, mesmo que os mesmos sejam milionários, temos a obrigação de financiar suas campanhas políticas a título da famosa frase de que isso ocorre “em nome da democracia”. Democracia que neste ano de 2024 vai consumir nas eleições municipais cerca de R$ 4,9 bilhões (quatro bilhões e novecentos milhões de reais) através do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Somada essa quantia gigantesca com o valor do Fundo Partidário, que é distribuído anualmente para as agremiações se manterem, são mais R$ 1,2 bilhão (um bilhão e duzentos milhões de reais), totalizando R$ 6,1 bilhões (seis bilhões e cem milhões).

Imaginem se essa montanha de recursos fosse aplicada em hospitais, escolas, obras de saneamento, estrutura rodoviária, creches, segurança, etc? Se é democracia, que cada candidato providencie uma maneira de financiar sua campanha, sem se envolver em sistemas de corrupção, claro. Se não tem condições de disputar o pleito agora, se prepare, então, para o futuro. Se assim não o for, é provável que o grande cineasta norte-americano Wood Allen apareça por aqui para filmar uma população transformada em mera espectadora de exageros políticos, e é bem possível que isso aconteça.

Nossa complexa condição de país que ainda não se acertou como desenvolvido, um filme intitulado de “TURISTAS”, produzido por John Stockwell já em 2006, e lançado por aqui em fevereiro de 2007, os protagonistas da película interpretam turistas que visitam o país, inclusive, uma atriz portuguesa interpreta uma visitante sueca, quando são passados para trás pelos “espertos” do Rio. Detalhe: foi o primeiro filme americano totalmente filmado no Brasil.

Parodiando, nada mais “valadarense neurótico, valadarense nervoso”, do que cenas de alguém “admirando” sacolas de plástico, garrafas pet, lama, pneus e sofás jogados na fétida água do córrego do Figueirinha sob uma ponte, ali nas imediações entre o Mercado Municipal e a Igreja de Lourdes. O que deveria ser um “BOULEVARD” é uma área degradada há vários anos, que já passou por dezenas de administrações, que continua filmada ali com precária canalização, margens abertas, falta de iluminação, muito mato e sujeira, que não remete a nenhuma película sensacional, não é a película de uma cidade que está desenvolvida.

Outra fita: podemos analisar assim a situação do Dólar em Governador Valadares. Até há 10, 20, 30 anos atrás, o valadarense emigrava para trabalhar nos EUA, quando fazia seu pé de meia, remetendo recursos para seus parentes aplicarem aqui, assim construíam ou reformavam casas e apartamentos, compravam carros, etc. em síntese, faziam girar a roda da economia. Como muitos deles foram se acostumando fazendo suas vidas por lá, casaram, tiveram filhos, e como muitos já estão na terceira ou quarta geração com bisnetos, não pensam em investir mais por aqui. Lá compram casas, fundam associações para se fortalecerem enquanto emigrantes, e, aos poucos, se distanciam, como acontece com toda colônia de emigrantes mundo afora.

Vencido o ciclo da madeira, da mica, da pecuária, e agora nos parece do Dólar, a cidade tem de procurar urgentemente alternativas para gerar trabalho e renda, caso contrário, poderá reviver o filme “O Dólar Furado”, de 1965, com Giuliano Gemma, ou com o aumento contínuo dos impostos vai ser a única alternativa das futuras administrações para conseguir gerir as necessidades básicas do município. Uma das maiores “indústrias” de GV, a “VERDINHA”, está minguando, e, como a fonte pode secar, é hora de realizar novos filmes sobre nossa economia, até porque, em função da tecnologia, é uma tendência mundial o desaparecimento da moeda física, assim como muitos setores do comércio que migrarem para o mundo digital, é hora de a cidade ter um novo roteiro para um novo longa-metragem.


(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário | E-mail: crisffiadv@agnaldo-souza | Whatsapp: (33) 98807-1877 | Escreve nesse espaço quinzenalmente

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