Reajustes de produtos essenciais do dia a dia preocupam valadarenses

Economista indica que o cenário econômico brasileiro passa por um momento desafiador por causa dos impactos da pandemia e decisões governamentais

Os constantes reajustes da cesta básica, gás de cozinha, gasolina, dentre outros produtos que fazem parte do dia a dia da família brasileira, estão trazendo preocupação para os consumidores no país, além do medo, insegurança e incertezas devido a pandemia. O desafio hoje é: como conseguir viver sem deixar faltar nada?!

Alguns itens da cesta básica têm aumentado muito desde o início da pandemia, como o óleo de soja, arroz, carne de boi, batata e tomate. De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, que é desenvolvida mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica aumentou em 13 das 17 capitais analisadas em janeiro, sendo que em 11 delas, a cesta básica custa mais da metade do salário mínimo atual.

Reajuste do gás de cozinha

A Petrobras já realizou três reajustes este ano no gás de cozinha, que já havia encerrado com alta de 9,24%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em Valadares é possível achar o produto em revendedoras entre 84 e 94 reais. Já o último reajuste da gasolina aconteceu no dia 9 de março, com um aumento de 8,8%, mas o preço aplicado nos postos para o consumidor final é diferente daquele cobrado nas refinarias, pois contém tributos, custos para aquisição, mistura obrigatória de biocombustíveis e margem de lucro das distribuidoras e dos postos de combustíveis.

Economista explica reflexo dos reajustes

O economista Lucas Gonçalves explica que o cenário da economia brasileira passa por um momento extremamente desafiador, não somente pelos impactos econômicos com a pandemia do coronavírus, mas também oriundas de tensões entre decisões governamentais e o impacto destas no mercado financeiro. “Diante dessa tensão a moeda brasileira foi uma das que mais desvalorizou em relação ao dólar. Tal situação faz com que boa parte dos produtores, independente do segmento, prefiram escoar sua produção para o mercado internacional e, somente após isso, venderem para o mercado interno. Com isso, os preços dos produtos em geral têm enfrentado uma alta considerável”, disse.

Economista explica que realidade econômica do país tem sido influenciada pela pandemia e decisões governamentais (foto: Arquivo Pessoal)

Em relação ao combustível, o economista ressalta que além da alta do dólar ao real, existe também o aumento da cotação do barril de petróleo, cotado em dólar, após acordos na produção feitos nos encontros da OPEP. “Essa alta especificamente, do combustível, impacta não somente a nível direto, mas toda a cadeia produtiva, como os alimentos, vestuário, etc, uma vez que o custo com o frete incrementa”, destaca.

Lucas Gonçalves destaca que nos itens da cesta básica o aumento também é observado, levando em consideração a exportação de produtos. “Visto que com o aumento dos custos logísticos, uma vez que o Brasil possui uma estrutura continental, aliado ao aumento da moeda americana e a escolha dos produtores em vender para fora, em dólar, do que vender no mercado interno, justificam esse aumento generalizado”.

Para driblar aumentos, valadarenses cortam gastos

Jussara Amaral entende que a situação não está fácil para ninguém (foto: Arquivo Pessoal)

Jussara Amaral é dona de casa e mora com duas filhas, uma de 4 anos, especial, e outra de 11 anos, no bairro São Cristóvão. Sua renda vem do benefício que a filha mais nova tem, além dos trabalhos com venda de bolos e doces. Ela ressalta que os tempos estão sendo difíceis. “Como dona de casa e mãe, um dos maiores desafios nos dias atuais tem sido o aumento que, a meu ver, é abusivo de produtos essenciais para a sobrevivência. Em tempos de pandemia, quando nossos filhos estão passando todo o tempo em casa, os gastos já aumentam por si só, mas estamos tendo ainda que enfrentar os desafios de supermercado, nos quais os produtos básicos têm subido quase que diariamente. Quando se tem criança, você tenta suprir diversificando, troca o biscoito por bolos e pães caseiros. As frutas são substituídas por produtos da época ou que estiverem em promoção no momento, a carne bovina por suína, frango e ovos, mas outros são insubstituíveis como leite e arroz. Como substituir o gás de cozinha? Impossível!”, disse.

Daniel Monteiro aumentou horário de trabalho para conseguir manter a família (foto: Arquivo Pessoal)

Daniel Monteiro é proprietário de um aplicativo de mobilidade que atua em Valadares. Ele mora com a esposa, que atualmente faz tratamento de quimioterapia e está de licença do trabalho, além dos dois filhos com idade de dois anos e meio e um ano. Ele revela que teve que aumentar a carga de trabalho para conseguir se manter. “Eu e meu irmão temos um aplicativo de mobilidade, mas só com o aplicativo não conseguimos viver. Eu rodava na rua antes 8 horas por dia e dedicava até seis horas na administração do aplicativo. Só que agora tenho que rodar na rua de 10 a 12 horas, às vezes até fazer viagens para fora da cidade para conseguir um dinheiro a mais para conseguir manter o trabalho e a casa. Tive que cortar algumas coisas – por exemplo, não pago mais plano de saúde pra mim, enquanto minha esposa está usando o plano do Estado. Temos que racionar algumas coisas para dar conta de pagar tudo. Com relação aos meus filhos, tínhamos uma pessoa para ajudar minha esposa a cuidar e agora quem ajuda são meus pais ou meus sogros. A gasolina aumentou demais, início de ano tem todos impostos para pagar, como IPVA, IPTU, documentação do carro, taxa de lixo, etc. A cesta básica também aumentou demais, comer carne vermelha todo dia não é mais a realidade, e temos que alternar para frango, omelete, dentre outras opções”.

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