Pessoas de razoável memória guardam vivas em suas memórias fatos e acontecimentos importantes, marcantes e pitorescos ocorridos na infância e na adolescência, ainda que a incredulidade sobre as narrativas seja de grande monta nos dias atuais. Acredite quem quiser, assina embaixo, Bolivar?!
Certo é que muitos vencedores dos dias atuais tiveram que “comer o pão que o diabo amassou”, viram a cobra fumar, a vaca tossir e… a porca torcer o rabo, antes de colherem os meritórios frutos apropriados para quem batalhou para tal.
Histórias e mais histórias, narrativas e narrativas, trazem à baila trajetórias de humanos simples, do povo, muitas vezes originários da zona rural ou mesmo de pequenos lugarejos, os quais, com denodo incomum batalharam por uma melhor condição de vida, de ser gente e de ter dignidade ou vê-la reconhecida. Vencedores, com méritos.
No mundo esportivo não é diferente. Pelo contrário, aos montões registros e constatações de pessoas que tiveram no esporte – e não só no futebol – a oportunidade de crescerem em todos os níveis, escolarizando-se, profissionalizando-se e dando ou restaurando a dignidade perdida pelos seus. E de quebra, estendendo a mão a inúmeros párias de nossa sociedade.
ALMYR VARGAS
Na década de 90, pelas mãos de Almyr Vargas de Paula, dirigente, empresário e ser humano incomum, estivemos diretor de futebol do Democrata Pantera. Com ele, aprendemos muito mais do que entregamos.
O dirigente em comento, que pensava alto, valorizou e muito as divisões de base do clube. Os resultados foram e são conhecidos. Conhecemos e convivemos com muita gente boa que não dá para enumerar. Mas MORAIS, MENESES, ZÉ CARLOS DE QUEIROZ, PEDRO OMAR, LÓ, o deslumbrante CÉLIO são exemplos positivos a serem mencionados. E também SILVIO JARDIM, jovem goleiro, alto, esguio, muito tímido e que buscava um lugar ao sol.
O tempo passou. Silvio tocou sua carreira, andou o mundo e, estudioso, adotou como atividade profissional a de “treinador de goleiros” assim que se despediu das quatro linhas. No América das Minas Gerais, lá está ele há mais de uma década como treinador dos ”arqueiros do deca”.
CONVOCAÇÃO
De repente, mais do que de repente, dá na mídia nacional a convocação dos atletas e integrantes de uma comissão técnica para estar à frente do ESCRETE NACIONAL em partida amistosa frente à seleção do MARROCOS.
O BAIXINHO Ramon Meneses foi chamado para comandar a nau, dela figurando, como uma grande surpresa para todo o Brasil o nome de SILVIO SIQUEIRA JARDIM para integrar a Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Futebol, na condição de treinador de goleiros. Certamente que a terra tremeu, o coração bateu forte e SILVIO teve dificuldades em acreditar. Seus amigos, companheiros e admiradores, também. Mas era e é verdade…
Existem homens, naturalmente bons, que dormem serenamente todas as noites porque despertam todos os dias com o coração aberto, onde a fé e a esperança conversam com vontade inabalável de fazer o bem.
SABEDORIA E ESPERANÇA
Há homens que se alimentam de sonhos, porque pensam torná-los realidade. Homens que acordados meditam com sabedoria e esperança em participar da construção de um mundo melhor.
Há homens que confundem as pessoas porque olham nos olhos de forma diferente, querendo mesmo buscar e descobrir a crença que cada um tem dentro de si. Veem crianças que não viram mãos estendidas…
Não foi fácil a trajetória de Silvio Jardim no mundo do futebol. Andou… viajou… penou. Obstinado, venceu. Venceu pela vontade, pela garra, pela dedicação, pela simplicidade e pela competência. Pessoa muito digna. Foi o PREÇO DA GLÓRIA alcançada.
(*)Ex-atleta
N.B.1 – Na década de 90, o Bangu Atlético Clube, de Almir Lordes, de Almirzinho Filho, de Everaldo, de dona Filhinha e de seus simpatizantes, venceu o campeonato amador e o TORNEIO REGIONAL promovido pela LFA, vencendo na final do Independente de Itanhomi (2×0 e 0x0). Na meta do Bangu, lá estava Silvio Jardim.
N.B.2 – Também Léo Cupertino, mineiro de Aimorés, é preparador físico com passagem pelo Democrata Pantera, e está na comissão técnica atual da seleção brasileira. Também um vencedor.
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