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O perigo das redes sociais

FOTO: Freepik

Você já se pegou rolando o feed das redes sociais e, de repente, se sentiu inferior? Como se a vida de todo mundo fosse mais emocionante, mais perfeita do que a sua? Você abre o Instagram e é bombardeado por fotos de viagens incríveis, corpos impecáveis, conquistas profissionais, relacionamentos perfeitos de pessoas conhecidas ou desconhecidas. Tudo parece tão distante da sua realidade. E então, uma pergunta surge: “Será que a minha vida está realmente boa assim?”

A comparação social é algo intrínseco ao ser humano, um mecanismo que evoluímos ao longo do tempo para nos adaptar e sobreviver. Nosso cérebro constantemente processa o mundo ao nosso redor através das comparações. Mas se é algo natural, por que a comparação pode ser tão prejudicial para a nossa saúde mental?

A resposta está no excesso de comparação. Em um mundo onde as redes sociais nos mostram apenas os recortes mais seletivos da vida dos outros, tendemos a cometer um erro: nos comparar com uma versão idealizada e, muitas vezes, irreal da realidade. Aquela foto de férias paradisíacas? Foi escolhida entre dezenas de outras, tentando mostrar apenas o lado positivo. O relacionamento perfeito? É só uma fração de um dia, sem revelar os momentos difíceis que todos enfrentam. E, no fim, o que vemos é uma versão filtrada da vida alheia, que pode parecer muito mais interessante e emocionante do que a nossa.

Essa comparação constante nos leva a acreditar que a “grama do vizinho é mais verde”, quando, na verdade, ela pode ser feita de plástico. E o mais perigoso disso tudo: enquanto estamos tão ocupados olhando para a vida dos outros, esquecemos de valorizar a nossa própria jornada, com suas vitórias e desafios, que são tão reais quanto qualquer foto nas redes sociais.

Com o acesso constante de estímulos e consumo de tantas informações, não gera somente comparação, como leva a pessoa a sentir ansiedade, inveja, insegurança ou até mesmo a sensação de estar perdendo alguma coisa. A impressão que passa é que estamos “ficando para trás” ou “não sou sendo bom o suficiente”, quando vemos os outros vivendo experiências que consideramos desejáveis. 

Nas redes sociais, a comparação torna-se ainda mais distorcida e, muitas vezes, prejudicial. Ao observarmos as postagens de outras pessoas, não temos acesso às informações completas e verdadeiras sobre suas vidas, o que torna qualquer comparação injusta. Sem esses dados, tendemos a preencher as lacunas com nossas próprias projeções e suposições, o que pode levar a conclusões errôneas. O que vemos online é apenas uma perspectiva filtrada, não um fato concreto.

Essa dinâmica reflete o “Mito da Caverna” de Platão, onde prisioneiros acorrentados dentro de uma caverna só viam sombras projetadas na parede, acreditando serem essas sombras a realidade completa. Da mesma forma, nas redes sociais, consumimos imagens e postagens que representam apenas sombras da realidade, muitas vezes distorcidas e incompletas.

Ao vermos alguém do nosso círculo social, com condições financeiras semelhantes, indo a um lugar pouco acessível, podemos questionar como ela conseguiu o dinheiro. Criamos uma série de especulações, projetando nossa própria realidade nas lacunas de informações que não temos sobre a pessoa. No entanto, assim como os prisioneiros da caverna, estamos apenas vendo sombras da realidade e interpretando-as com base em nossas próprias percepções limitadas.

O problema não está em se comparar ocasionalmente, mas em se perder nesse ciclo incessante de comparação, onde as métricas de felicidade dos outros se tornam padrões de insatisfação para nós mesmos. Nossa autoestima fica minada, e começamos a duvidar de nosso próprio valor.

A chave para romper esse ciclo está em resgatar nossa percepção da realidade. Lembre-se: o que vemos nas redes sociais é apenas uma fachada. A vida real, com todas as suas imperfeições, é muito mais rica e interessante do que qualquer filtro possa mostrar. E, talvez, a verdadeira felicidade não esteja em medir nossas vidas pela régua do outro, mas em aprender a apreciar o que temos, com todos os altos e baixos que fazem parte do nosso caminho.

Agora, pense: em vez de se comparar com a vida dos outros, que tal focar no que você pode construir, viver e celebrar em sua própria jornada? Afinal, a sua vida, com toda a sua autenticidade, é mais do que suficiente.


(*) Psicóloga, pós-graduanda em Neuropsicologia pela Unifesp | CRP 04/62350

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