Luiz Alves Lopes (*)
Lá para as bandas e proximidades do Triângulo Mineiro rivalidades futebolísticas afloram, registrando a história do esporte rei nas Minas Gerais as tradicionais e acirradas disputas entre Uberlândia, Uberaba, Araguari, Araxá, Andradas, Varginha e outras mais.
Vai que de repente, no ano de 2009, a direção do RIO BRANCO de Andradas, com boas colocações no campeonato mineiro e participando da Copa do Brasil, comunica o encerramento das atividades do futebol profissional, licenciando-se por prazo indeterminado e que o direcionou para módulos e divisões inferiores.
Seguindo determinados historiadores, ao alcançar prateleira maior no denário esportivo das Minas Gerais, exigências e obrigações outras apareceram ou mesmo se faziam necessárias, dentre as quais ampliação da capacidade de público do estádio que ocupava.
Em se tratando de estádio do município ou por ela cedido a qualquer título, certo é que questões de ordem política também concorreram para a medida tomada pelo clube, sendo certo que outras mais se afloraram e fizeram parte de uma somatória.
Praticamente 15 anos são passados e não se tem notícia alguma de que a tradicional agremiação de Andradas retorne às atividades futebolísticas profissionalmente, figurando ao lado de inúmeros outros clubes históricos de Minas Gerais que tomaram o mesmo caminho.
Alguém se lembra do Bela Vista? Do Meridional? Do Metalusina? Do Asas? Do Curvelo? Do Renascença? Do Siderúrgica? Do Sete de Setembro? Do Independente de Uberaba? Do Usipa? Do Fluvasan? Do Acesita Esporte? Do Dragão de Caratinga, etc, etc, etc?
0 futebol profissional tomou um rubo altamente perigoso. Um verdadeiro terreno minado. Nele não cabem mais amadores, simplórios e pessoas apenas bem intencionadas. 0 comércio é agora para profissionais.
Nosso país é continental. Grande é a dimensão territorial das Minas Gerais. 0s deslocamentos de uma praça esportiva para outra figuram entre os maiores complicadores para se cumprirem os calendários propostos.
A modernidade que faz agonizar o futebol profissional em centros esportivos menores, mas também alcançando clubes profissionais de centros maiores, castrou a coqueluche chamada “campeonatos estaduais”, reservando-lhes míseras datas para que ocorram, afora outros procedimentos que os desvalorizam.
0s que vivem no futebol, que vivem do futebol e os que dele se apoderaram, resistem a estudos profundos que possam viabilizar a existência sadia, enxuta e não deficitária de clubes do porte médio, acenando com um calendário no mínimo razoável, precedido de outras medidas. Questão de visibilidade, de responsabilidade, de comprometimento.
Motivação, competitividade, possibilidade e viabilidade de equilíbrio financeiro figurariam obrigatoriamente em qualquer pauta de estudos e debate sério, na busca da tão sonhada saída para os amantes do futebol de clubes de menor monta.
As SAF’s aí estão. Se bem estudadas, utilizadas e aplicadas com inteligência e profissionalismo, sem o embrutecimento do ganho financeiro a qualquer custo, podem perfeitamente concorrer para o encontro da solução sonhada e pretendida.
Para quem tem juízo, se é que no futebol alguém tem juízo, não importando motivos e situação, o procedimento adotado no passado pelo RIO BRANCO de Andradas pode e deve servir de grito de alerta para a plenitude dos clubes que adotam futebol profissional no interior das Minas Gerais. Desde que se unam, eis a questão.
(*) Ex-atleta
N.B. – Partiu para o andar de cima o ex-atleta da velha guarda JAIR, dos bons tempos do Bangu e Santa Helena. Também nos deixou Irene Abbas, viúva do velho Mammoud Abbas de saudosa memória dos torcedores e simpatizantes do Democrata.
N.B.2 – No passado, quando a coisa ficava feia, buscava-se Zé Maria Pena e tudo se resolvia. E agora? Rezar e torcer? Vai PANTERA.
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Comments 1
Parabenizo a reportagem e realmente vale o alerta aos clubes do interior que ainda resistem em nosso Estado. Sou andradense e vivo em luto pela ausência do meu querido Azulão da Mantiqueira, Faço um apelo aos torcedores de Minas Gerais. Valorizem os clubes de suas cidades. Podem ter certeza que dói muito quando não podemos mais vê-los em campo.