Mercado Municipal volta à sua rotina neste sábado após ser interditado nesta sexta

Foram dois dias de tensão para os comerciantes, entre reuniões, vistorias do Corpo de Bombeiros, interdição e anulação da interdição

Interditado na manhã de ontem (23), o Mercado Municipal foi reaberto neste sábado (24), por volta das 7h15, para alívio dos comerciantes que passaram momentos de tensão neste impasse. A decisão da anulação da interdição saiu ontem à tarde, em sentença proferida pelo juiz Marcelo Cândido, da 3ª Vara Cível da Comarca de Governador Valadares.

O Mercado Municipal havia sido interditado por não ter o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), pois nem todas as lojas haviam se adequado ao projeto previsto no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) sobre prevenção de incêndio e pânico. Na reabertura de hoje, de acordo com o novo Decreto Municipal nº 11.393, podem funcionar os estabelecimentos como feiras de produtos alimentícios, mercearias, açougues, padarias e similares. Já os outros estabelecimentos do Mercado Municipal poderão funcionar de segunda a sexta-feira, entre 9h e 17h, com 1/3 (um terço) da capacidade de atendimento.

Sandro Damasceno indica que interdição não era justa com quem havia se adequado (foto: Fábio Velame)

Sandro Damasceno é proprietário de distribuidora de doces no Mercado Municipal. Ele revelou que teve um gasto de cerca de R$ 15 mil para poder adequar sua loja ao projeto, já que são três pavimentos e mais um depósito. “Como aqui é só uma edificação, pela le, os bombeiros estavam corretos. Só que existe um jargão na justiça que diz: ‘nem tudo que tem legalidade é justo’. Tinha que olhar para o bom senso, e o juiz Marcelo Cândido foi para esse lado para conceder essa anulação de interdição. Já que teve essa intervenção, findou a ameaça de fechamento por hora. O sentimento era de frustração com a interdição, pois já estamos sofrendo há uma ano e meio com a pandemia e não seria viável ficar fechado.

Gabriel Ribeiro explica que foram vividos momentos de aflição pelos comerciantes durante este impasse de interdição (foto: Fábio Velame)

Proprietário de um açougue, Gabriel Ribeiro revela que foi momentos de aflição estes últimos dias, pois o comércio já vivia momentos difíceis por causa da pandemia. “Tínhamos uma perspectiva de ser um fechamento parcial, mas acabou desfavorável para nós; fechou total ontem. Ver o Mercado Municipal ser interditado foi um sentimento que não consigo descrever. Era um momento de aflição, pois já havíamos sendo avisados que a interdição poderia acontecer, além de o comércio estar sofrendo ao longo da pandemia, situação que piorou bastante com a onda roxa. Agora é uma esperança do comércio ser retomado. A gente vai fazer uma reunião com a associação para saber o que pode ser feito em relação às lojas que não se adequaram, se é por falta de dinheiro, de espaço ou outra situação. Adequei minha loja, mas nem todos conseguiram. A minha colega, que tem uma loja ao lado, perdeu o segundo andar, já que não havia espaço para uma escada”.

Willian Andrade é proprietário de uma loja de legumes e também trabalha com tele-entrega. Com a possibilidade de interdição, ele resolveu deixar as mercadorias em casa e preparar a logística de entrega hoje para as vendas que já haviam sido feitas. “Temos um tele-entrega bem conhecido e não quis “pagar pra ver” com a possível interdição. Não poderia deixar de atender nossos clientes, aí hoje ficamos só por conta das entregas. Tinha uma estrutura de encomendas agendadas e decidi manter as mercadorias na minha residência, mesmo perdendo vendas no balcão hoje por não abrir a loja.

Willian Andrade espera que sejam definidas as pendências o quanto antes (foto: Fábio Velame)

De acordo com Willian Andrade, após ser reprovada uma escada na vistoria do Corpo de Bombeiros, foi feito um novo projeto pela ACCM e hoje sua loja está adequada. Ele vê esta reabertura do Mercado Municipal com novos olhos. “Nesta pandemia muitos lojistas não tinham uma renda financeira para fazer as adequações, até porque os orçamentos tiveram acréscimos nos valores de 70%, por conta do material que estava mais caro. Com este novo processo, vejo uma grande oportunidade para nós. Muitas pessoas me enviaram mensagens comovidas pela situação de interdição. Entendemos que o Mercado Municipal é um patrimônio da nossa cidade e, às vezes, nós mesmos, os próprios lojistas, não temos noção de quão importante somos. Esta é uma oportunidade para crescer e refletir sobre a situação. Vi uma união neste período, dando uma força um pro outro e conversando nos bastidores; isso abriu nossos olhos. Espero ter uma melhora muito grande a partir deste momento e que também seja definido logo, sem ficar neste impasse”.

O presidente da Associação Centro Comercial Mercado Municipal (ACCM), Wirlen Portela, diz que a anulação da interdição foi um momento de alívio para todos os comerciantes. “Muita alegria as pessoas poderem reabrir suas lojas, pois era um sonho que estava sendo destruído com o fechamento. Muitas vidas estavam sendo prejudicadas e todos nós estávamos preocupados com o que seria do futuro”, disse.

Wirlen Portela revela que haverá novo prazo que será estipulado para finalização das adequações em todas as lojas (foto: Fábio Velame)

Wirlen Portela conta que buscou um acordo com o Ministério Público e Corpo de Bombeiros e explica que haverá uma nova data para finalizar as pendências para assim conseguir o AVCB. “A associação agradece ao Corpo de Bombeiros e ao Ministério Público pelas portas de diálogo e também ao prefeito André Merlo, que se engajou nesta luta contra a interdição. Este acordo apalavrado é justamente para assumir um compromisso que seria o último prazo, porque todos os outros já foram exauridos em todas as esferas. A associação vai assumir parte do compromisso e a prefeitura assumirá a outra para juntos sanarmos essas coisas”.

Atualmente, são 96 lojas que estão de acordo com o projeto contra pânico e incêndio. De acordo com Wirlen Portela, 82 lojas faltavam adequações, sendo que 35 delas já haviam feitas as modificações e aguardavam nova inspeção do Corpo de Bombeiros. Além disso, há 25 lojas que não foram vistoriadas por estarem fechadas há muitos anos.

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