Dileymárcio de Carvalho (*)
A verdade é que o nível de exigência de habilidades comportamentais aumentou em todas as profissões. O difícil é que colaboradores e gestores ainda não absorveram que os impactos da pandemia nas outras áreas da vida têm relação direta com o trabalho. Mas para muitos é como se as repostas ao desempenho no trabalho tivessem sido preservadas desses impactos. Mas nesse fluxo, quando se é cobrado um pouco mais, as respostas emocionais veem sempre seguidas de estresse. Mas o trabalho não espera as adequações emocionais?
As próprias mudanças no contexto mundial são gatilhos para estresse. E como tudo aconteceu de forma tão rápida, para muita gente é difícil selecionar uma emoção que diminua o impacto do estresse generalizado, no caso todo o impacto causado pelo Coronavírus em todas as áreas da vida. Mas na vida do trabalho, a pressão para a retomada de prontidão, não consegue, sem uma análise emocional específica, “colocar nos devidos lugares” cada emoção e sentimento. Toda a estrutura psíquica recebeu estímulos disfuncionais no contexto da pandemia.
Há pelo menos dois caminhos psicológicos para esse enfrentamento e adequação: O primeiro, parte de uma busca individual do colaborador em identificar o quanto e o que externamente é um estressor de impacto em sua rotina. E também identificar como esse estressor está diretamente ligado ao contexto da pandemia. O outro caminho é o organizacional preventivo. Ele coloca a empresa com a responsabilidade das adequações e “leituras” dos diversos ambientes externos que fazem parte da cadeia estressora de seus colaboradores e agir sobre eles.
No caso do colaborador, a identificação passa pela compreensão do que ainda não se estabilizou nos cenários externos. Você voltou ao trabalho, mas como ficou a rotina de um filho em idade escolar, de pais em grupos de riscos, de amigos e parentes que tiveram perdas de morte por conta da doença? Esses são fatores impactantes nas respostas emocionais desse momento. Também as empresas precisam ter mapeado todos os caminhos estressores que envolvem o colaborador em sua vida fora da empresa. E é preciso ter coragem para assumir que o profissional é uma pessoa integral e que foi sim impactado com os cenários desenvolvidos em apenas um ano.
Só essas sugestões de atividades aqui, já trazem resultados positivos na percepção por parte de um colaborador de que está sendo compreendido como um todo pela empresa. E o próprio colaborador, quando faz as suas identificações, pode desenvolver forças psicológicas necessárias para a manutenção saudável do seu desempenho profissional.
Os efeitos colaterais da pandemia no trabalho estão agora se manifestando. E o enfrentamento é primeiro com treino de habilidades comportamentais. É preciso assim, desenvolver novos “caminhos neurais” que possibilitem a absorção pelo cérebro para sentimentos e emoções para as respostas comportamentais exigidas nesse tempo. E exigência de respostas de desempenho então precisam ser estudadas dentro desse contexto maior e atual.
Mudou sim, mudou tudo na estruturação dos comportamentos de colaboradores e empresas. Como fazer? “ALINHAMENTO DE COMPORTAMENTOS EMOCIONAIS DE ADEQUAÇÃO ÀS MUDANÇAS”. O que significa nesse momento treinar novos comportamentos psicológicos, entendendo a individualidade de cada colaborador. Novos recursos psíquicos são fundamentais e necessários para que aí sim, se possa exigir desempenho. Mas é preciso garantir condições emocionais para que as respostas às exigências de performance sejam asseguradas na estrutura psíquica de cada um.
(*) Dileymárcio de Carvalho
Psicólogo Clínico Comportamental- CRP:04/49821
E-mail: contato@dileymarcio.carvalho@gmail.com