Dileymárcio de Carvalho (*)
Mas, medicamento não modifica sua rotina… Remédio não organiza contingências de mudanças… Primeiro, deve-se entender que quem define sobre o uso de medicamento para ansiedade é o médico, de preferência se ele é neurologista, psiquiatra ou cardiologista. Remédio é uma substância que age no corpo. Quando falamos de cérebro, estamos falando das circuitarias neurais e é lá, nos chamados neurotransmissores, que os medicamentos, aqui falando sobre a ansiedade, vão agir.
A oscilação de hormônios como dopamina, serotonina ou noradrenalina, entre tantos outros, pode sim desencadear a ansiedade. Muitas vezes a modulação médica é suficiente. Mas, quando se trata das questões relacionais e emocionais externas e internas, os remédios não vão mudar os comportamentos externos, envolvendo outras pessoas, e os internos, aquilo que você sente e ninguém vê.
Muita gente continua trabalhando medicada, e o remédio não significa incapacitação para a vida laboral. O grande desafio está mesmo nas mudanças de contingências. Nas parcerias com psiquiatras, neurologistas e cardiologistas, frequentemente recebo clientes encaminhados por eles para o chamado “desmame”: redução gradativa de um remédio, que também só pode ser feita pelo médico. E onde entro, então? Com o trabalho da psicologia comportamental.
Primeiro, entendendo que a abordagem comportamental na psicologia é por evidência. Ou seja, está baseada em princípios e validações científicas, por isso é também a mais recomendada pelos médicos. Não se trata de um conjunto de ideias, filosofias e princípios que mais se parecem dogmas. Seguindo desse conceito, o trabalho é desenvolver na pessoa novos comportamentos em relação a suas atividades profissionais e pessoais.
Sempre digo aos meus alunos que não há mudança emocional sem novos comportamentos. Reconhecer que você sente algo, inclusive a ansiedade, e não fugir dos seus sintomas e muito menos de responder ao que “ela” está querendo dizer é um primeiro enfrentamento emocional. Em seguida a isso vem o levantamento da história de reforçamento profissional, que levou a pessoa aos estados de ansiedade a ponto de precisar de uma ajuda médica.
O caminho é muito desafiador. Cada cliente tem uma história emocional com a sua própria história profissional. Na maioria das vezes identificamos que a causa da ansiedade não está apenas no trabalho atual, mas foi um conjunto de outras histórias que só agora estão “paralisando” a pessoa. Por isso, ela literalmente procurou remédio.
Continuar trabalhando e tomando remédio para ansiedade muitas vezes é uma fuga ao enfrentamento de mudanças que, em muitos, muitos casos mesmo, será mudar de trabalho. Quer falar comigo sobre isso? Que tal me chamar no meu e-mail ou nas minhas redes sociais por mensagem: @dileycarvalho e-mail: contato@dileymarciodecarvalho.com.br
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