Somos de uma velha guarda que se deliciava com o futebol do Rio de Janeiro, época em que o campeonato do referido Estado era o mais importante do país e quando AMÉRICA e BANGÚ figuravam no pelotão dos grandes do Estado, completado pelos pequenos Bonsucesso, Madureira, Portuguesa, Olaria, São Cristão e o Canto do Rio do Canhotinha de Ouro.
Campeonato longo, com turno e returno, sem rebaixamento e que ao seu término premiava o mais eficiente. Nos primeiros meses do ano, os maiorais do Rio e de São Paulo disputavam o charmoso torneio Rio-São Paulo. E sobravam datas para excursões pelo país e pelo exterior. Tempo bom, que não volta mais.
O futebol se transformou, virou um negócio que não é da China, perdeu o seu glamour e acabou se tornando em grande chatice na maioria das vezes. Exceções existem, mas na maioria das vezes presenciamos um futebol de má qualidade e com atores medíocres. E o pior: a maioria pensa que são craques de primeira linha.
Os anos foram passando e clubes tradicionais deste mundão que é o Brasil foram desaparecendo do mapa. Vejamos alguns a título de ilustração: Renascença, Sete de Setembro, Siderúrgica e Usipa nas Minas Gerais, Juventus e Jabaquara em São Paulo, Desportiva e Rio Branco no Espírito Santo, CEUB do Distrito Federal e uma penca de outros mais.
Nos antigamente, ‘patronos’ e assemelhados mantinham seus clubes do coração, proporcionando alegria e emoção de torcedores fanáticos, movimentando ainda a economia de determinadas cidades ou regiões. Nos dias atuais tal não acontece. E a legislação surgida encareceu e muito o custeio de um departamento de futebol profissional de qualquer clube.
Regra geral, manter um clube de futebol profissional em cidades do interior não é tarefa fácil. Ao contrário, tal iniciativa requer estudos aprofundados para não se tornar uma aventura que venha a provocar resultados danosos. Quebradeira mesmo…
O Campeonato Brasileiro da série B do ano em curso está por se encerrar, porém, faltando sua última rodada para seu encerramento já nos apresenta os quatro rebaixados para a série C do próximo ano. Dentre eles, nada menos do que GUARANI E PONTE PRETA, ambos de Campinas, uma das maiores e mais tradicionais cidades de São Paulo.
Sob a batuta do mineiro Carlos Alberto Silva, o “bugre” teve a audácia de se tornar Campeão Brasileiro em 1978, numa esquadra que entrou definitivamente para a história do clube e que contava e que contou com Neneca, Mauro, Gomes, Édson, Miranda, Capitão, Zé Carlos, Renato, Zenon, Careca e Bozó.
Como não lembrar da “Macaca” comandada por Zé Duarte e que contava com Carlos, Juninho, Oscar, Wanderley, Dicá , Polozi, Odirlei, Ângelo, Lúcio, Marco Aurélio e Tuta dentre outros, dando um trabalho danado às maiores forças do futebol paulista. Aquela final com o Corinthians em 1.977 entrou para a história…
Pois é, Campinas é uma das mais importantes cidades do Estado de São Paulo. GUARANI e PONTE PRETA figuram sim no rol de importantes e tradicionais equipes de futebol do país, inclusive sendo possuidores de grandes estádios para a prática do futebol.
No popular não estarão mais na SEGUNDA DIVISÃO do futebol brasileiro no próximo ano. Estarão na série C – na TERCEIRA DIVISÃO do futebol do país que já teve o melhor futebol do mundo e que na atualidade sequer é o melhor da América do Sul. As coisas e os tempos mudaram meu preclaro Bolivar.
0 chatíssimo futebol dos dias atuais não comporta somente a vontade, a paixão e o clubismo passional. Não dá mais. Com SAF ou sem SAF, exige planejamento e muita organização para se manter de pé, vivo e competitivo. A tradição, somente ela, por si só é insuficiente.
O alerta e recado foram dados. É mais ou menos a máxima de que “quem não tem competência não se estabeleça”. O tamanho de uma cidade, suas riquezas e tradições são importantes, porém são insuficientes quando o assunto é um tal de FUTEBOL. Anota aí Pequeno Polegar.
(*) Ex-atleta
N.B. 1– Praça de Esportes do QUIEL em vias de ser devolvida ao Município de Governador Valadares, gesto nobre de seus familiares. Oxalá sua destinação continue a contemplar a praticado do esporte em nossa cidade. Ou será que terá o mesmo destino dos campos do Bangu, Ibituruna, Periquito e Pastoril?
N.B. -2 – Encerrada a temporada de jogos de seleções na América do Sul valendo classificação para o mundial de 2.026. – O Brasil aparece em 5º lugar, tendo à frente Argentina, Uruguai, Equador e Colômbia. Há algo de podre no reino da Dinamarca.
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