Dileymárcio de Carvalho (*)
Não existe mesmo emprego estável e isso não deve fazer você viver a inconstância emocional de sofrer diariamente com essa realidade. O enfrentamento com recursos psicológicos certos é o seu principal investimento emocional para passar por exaustão, dor física e emocional, quando descobre que “não dá mais para você e nem mesmo para a empresa, que era sua família”.
E essa é a questão: a realidade das mudanças não só do mercado, mas do fluxo de humor da empresa, e sempre ressalto: empresas têm sim comportamentos emocionais próprios, definem o rumo da vida profissional e do tempo de vida profissional de cada um no local de trabalho. Nesse sentido, algumas lições emocionais são importantes:
A primeira que a empresa não pode ser sua “família” e nem “sua segunda casa”. Esse é um discurso emocional estratégico de lideranças e que acaba por mascarar carências afetivas de aceitação e vazios emocionais. Não, a empresa não pode ser sua família e sua casa. Tem algo errado nesse jogo.
Isso significa que serei frio com as minhas relações no ambiente do trabalho? Não, mas empresas e ambientes corporativos são outras instâncias da vida relacional que jamais vão substituir família e a casa da gente. Então, empresa, ainda que lugar relacional representa outro nível de entrega emocional e isso precisa ser trabalhado de forma saudável.
Enfrentar essa realidade emocional já é um fortalecimento na identificação de papéis e do “lugar emocional” que a empresa de fato precisa ter na minha vida. Em muitos relatos clínicos, ouço sempre: “dei a minha vida por aquele lugar, era a minha verdadeira casa”. E lógico, a destruição emocional e psíquica está alojada em uma pessoa agora, “sem casa e sem família”. As consequências psicológicas de uma falta de lar e família são as mesmas no psicológico dessa pessoa que não aprendeu qual o lugar emocional de uma empresa.
E sentir e ter essa consciência não me deixa menos eficiente, produtivo ou feliz com “aquilo que faço” e em aliança com as pessoas com as quais eu trabalho. A grande lição emocional é descobrir o que falta na minha “casa emocional e na minha família emocional” que me faz transferir para a instância trabalho essas funções emocionais.
Quando a figura emocional “trabalho/família-casa” cai, eu passo a entender que precisarei recompor e enfrentar uma realidade emocional. Então, vamos sair desse discurso e usar o melhor da nossa capacidade e do nosso relacional no trabalho. Mas, vamos cuidar e procurar de fato ter e estar na “minha casa e família real”. Só elas podem ocupar a função emocional que é só cabe a elas.
Mas lógico até dá para convidar alguém da empresa para fazer parte da minha família. Mas empresa definitivamente não pode “ser minha casa e muito menos minha família emocional”.
(*) DILEYMÁRCIO DE CARVALHO – PSICÓLOGO CLÍNICO COMPORTAMENTAL- CRP: 04/49821 E-MAIL contato@dileymarciodecarvalho.com.br @dileycarvalho
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.