Dileymárcio de Carvalho (*)
Gerar conexão para crescer profissionalmente não é só uma palavra de ordem desses tempos tecnológicos. Mas um recurso emocional desenvolvido que revela capacidades psicológicas e também “um tanto” da nossa estrutura psíquica que nos organizou ao longo da vida. A boa notícia é que mesmo “enraizado” de forma disfuncional, esse recurso pode ser “mexido”, potencializado e lógico: se tornar um comportamento aprendido.
Essa capacidade é muito mais do que a de interagir. Masrealmente é a que nos liga ao outro em pontos específicos de sua estrutura emocional e que, numatroca, potencializa o nosso desenvolvimento profissional. E essa é uma grande questão da conexão emocional profissional:elas nos mantêm em desenvolvimento comquem nosconectamos.
Mesmo que esteja “tudo certo” no “trabalho”, se não há desenvolvimento emocional profissional, alguma coisa está errada. Em termos práticos, as conexões vão além do chamado network, as nossas possibilidades de rede de contatos. Um “estado emocional” voltado para conexão é desenvolvedor da percepção do que nos liga ao outro no ambiente corporativo e como isso, nos retroalimenta emocionalmente.
Um momento de falta de conexão emocional pode ser medido nas sucessões de situações, em que você identifica que faltou conexão emocional. Normalmente esse sentimento vem logo depois de não entender o que “faltou” naquele momento.
Hoje se fala muito em “performar”.(Performar é um verbo inventado, derivado da expressão em inglês performance, que significa desempenho).Mas, “performar” é colocar a energia para fora e conectar com alguém que está conectado com a sua verdade. E verdade aqui é tudo que foi construído em nossa estrutura psicológica. Esse momento emocional nos ajuda a identificarquem está para ajudar e quem está para competir com você, não no lado positivo da competição, mas em constantes tentativas da pessoa em te diminuir profissionalmente. Normalmente esse comportamento fecha as conexões emocionais.
A conexão emocional acontece quando primeiro dou voz às minhas capacidades, e acredito que minhas potencialidades são realmente boas. Ao mesmo tempo, identifico essa percepção no outro sobre mim. Isso é da ordem de habilidade psicológica desenvolvida para atuar nessa modalidade.
Alguns pensamentos também limitam a conexão emocional, como dizer “alguém é melhor que eu e não vou conseguir fazer a conexão”. Aqui entra uma força interna que precisa ser visitada: O quanto você se propõe a aprender sobre você e sua estrutura psicológica? A reposta precisa gerar um posicionamento para conexão emocional com o outro. E não só no aspecto emergente do agora das interações, que são em si necessárias, mas principalmente de buscar perfis psicológicos de identidade profissional que agregam ao seu perfil.
E o que isso gera? Comportamento de sucesso, que é o mapeamento do que é forte e do que é fraco em você e do que deve ser desenvolvido, melhorado e de como fazer isso. O que eu chamo de “estado de conexão”, nos ajuda a desenvolver uma estrutura cognitiva fundamental para qualquer posicionamento profissional.
É o desenvolvimento da percepção do que de fato se apresenta no ambiente emocional das organizações e a percepção das emoções que nos liga ao outro profissionalmente e que também nos afastam. Nessa elaboração psicológica, precisamos mantera atenção para não entrarmos em caminhos emocionais que nos distanciam da possibilidade de conexão.
Conexão, com o presente tem a ver com essa leitura de como usamos nossas emoções nos enfrentamos diários da rotina do trabalho. Nelas estão as oportunidades e literalmente, muitas vezes, elas estão na nossa frente e não conseguimos ver porque não nos vemos primeiramente.
Um outro ponto psicológico emocional, é o estado de atenção para os momentos das conexões. A atenção nos dá o “tempo” de oportunidade. E aí repensamos o que já não vale mais. A questão é que sem um preparo psicológico para um “estado de conexão profissional”, a vida do trabalho, mesmo que de grande competência, pode permanecer estática.
No consultório as pessoas que buscam alinhamento profissionaltrazem várias queixas como sintomas do motivo do seunão desenvolvimento. No campo do trabalho o diagnóstico costuma ser a real falta de habilidades para conexões emocionais. E aí a máxima de Sócrates “Conheça-te a ti mesmo”, deve ser pensada como uma estratégia, primeiro de desenvolvimento pessoal.
Só posso me conectar se entendo o que de mim conecta com o outro emocionalmente. E no campo do trabalho é preciso elaborar psicologicamente como isso pode se transformar numa jornada emocionalcontínua. O outro ponto, ousando em atualizar Sócrates é: em conhecendo-te, atualiza-te e supera-te. E isso só é possível por meio de conexões psicológicas emocionais saudáveis.
(*) DILEYMÁRCIO DE CARVALHO
Psicólogo Clínico Comportamental – CRP: 04/49821
EMAIL: contato@dileymarciodecarvalho.com.br
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal