Se existe uma expressão popular que se encaixa muito bem no período de campanha política, essa expressão é a conhecida como “papagaio de pirata”, usada para caracterizar aquele político de pouca expressão, ou até mesmo mais conhecido, que usa esse artifício para se promover eleitoralmente. Adora e faz questão de ser fotografado ao lado de famosos, atletas, líderes comunitários e religiosos, e sempre busca sair em fotos junto de “caciques partidários” mais graduados.
Por isso é comum aparecer só a cabecinha do dito cujo misturada a dezenas de outras, atrás do ombro de uma celebridade. O importante para ele é ser fotografado junto, para dizer que está sendo apoiado por aquele líder ou candidato majoritário.
Além do “papagaio de pirata político” existe o “papagaio de pirata ególatra”. Enquanto os de característica política gostam de printar fotos de seu rosto misturado à multidão, os ególatras, conhecidos também como alpinistas sociais, aparecem junto a um astro nas colunas dos jornais, como se quisessem dizer: “Estão vendo, somos amigos!”, quando na verdade tudo não passa de uma gentileza de quem detém prestígio e fama.
Mas brasileiro fatura de qualquer forma. É o que acontece no caso de filhos de imigrantes brasileiros que nascem nos Estados Unidos. Por ironia do destino, até meados da década de 90, parte da classe média e alta tinha certa resistência, um certo preconceito contra “brazucas”. Se alguém falasse que um imóvel localizado num bairro nobre foi comprado por um deles, o que valia era o valor da transação financeira, já a convivência com o “americanizado”…
Hoje muita gente da classe média que não se dá bem por aqui emigra para os EUA, na expectativa de que é mais fácil ganhar dinheiro por lá. Até avós ricos, e não são poucos, costumam dizer com o maior orgulho que têm um neto “americano”. Isto é, um filho de filho de um brasileiro, que nasceu nos EUA, que vai carregar em sua genética essa contradição. Aliás, brasileiro vira europeu até a passeio pelo velho continente. A frase num cartão postal com os dizeres “Esta é minha foto europeia, passeando nos Champs Élysees” é uma inversão, uma invenção. Nesse caso, a foto é de um papagaio com um “pirata complexado” em sua mentalidade.