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Setembro Amarelo e suicídio

FOTO: Freepik

Dr. Adão Leal (*)

Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio promovido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e Associação Médica Brasileira (AMB). A campanha acontece todo ano. É a maior campanha antiestigma do mundo. Seu lema este ano é: “Se precisar, peça ajuda!” Esta é uma iniciativa que salva vidas. O suicídio está diminuindo no mundo inteiro, porém, no Brasil e em toda América Latina acontece ao contrário, está aumentando, um aumento assustador. Importante frisar que 100% dos suicídios são doenças mentais, que poderiam ser tratados e consequentemente evitados.

Um terço dos suicídios são cometidos por alcoólatras. Os que tentam suicídio durante as fases que estão bebendo ou consumindo drogas são mais propensos a se matarem do que os que estão sóbrios. Quinze por cento dos alcoólatras graves se matam.

O dano neurológico causado ao feto pelo uso de álcool e cocaína pode predispor crianças a transtorno do humor, que levam ao suicídio. Um homem estressado com predisposição genética à baixa serotonina, que teve uma criação carente e usa drogas, possui um perfil de um provável suicida.

Em países que não se conseguem obter armas e barbitúricos, facilmente a incidência de suicídio é menor. Um revólver carregado pode incentivar o portador a tirar sua vida. Nos EUA, o principal meio de suicídio é por intermédio de armas, e mais americanos se matam com armas do que são mortos por elas. Na China, uma quantidade enorme de mulheres comete suicídio com pesticidas tóxicos e fertilizantes por estarem sempre disponíveis. No Punjab, na Índia, mais da metade dos suicídios acontece por pessoas pulando na frente de trens.

Ansiedade

O suicídio pode acontecer também por uma resposta da ansiedade; não é um ato de uma mente nula, mas de uma mente torturada. Os sintomas físicos da ansiedade são tão graves que podem levar não apenas ao suicídio mental do silêncio e do sono, mas à autoagressividade física.

O suicídio em uma fase inicial da vida é disseminado. Jovens que sobrevivem a uma tentativa de suicídio devem ter nossa atenção porque seus problemas são graves, e, mesmo não entendendo os motivos da tentativa, devemos aceitar a seriedade do problema. Há uma alta dramática de suicídios entre adolescentes, mas a maior taxa de suicídio é entre homens acima dos 65 anos. Os homens suicidam muito mais que as mulheres. Difícil escapar do sentimento de culpabilidade quando sabemos do suicídio de uma pessoa próxima ou conhecida.

Pessoas bem-sucedidas se cobram muito e às vezes ficam decepcionadas, até com suas boas realizações, sentem-se frustradas e tentam se matar. A taxa de suicídio é alta entre os homens de negócio de sucesso. Cientistas, compositores, executivos de alto nível são cinco vezes mais propensos a se matarem do que a população em geral, principalmente os escritores e poetas, que têm uma taxa ainda mais alta de suicídio.

A pessoa pode ser deprimida e não se tornar suicida. Muitos dos suicidas não têm depressão. A tendência ao suicídio tem sido tratada como um sintoma de depressão, mas, na verdade, pode ser um problema que coexiste com a depressão.


(*) Dr. Adão Leal — Médico Psiquiatra da Associação Brasileira de Psiquiatria e Psicogeriatra pelo PROTER (Instituto de Psiquiatria da USP).

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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