A cada iniciar de ano, profissionais da área econômica tentam realizar, de maneira assertiva, as previsões dos principais indicadores para uma cidade, região, país ou até mesmo, em patamar global. Alguns organismos, com o FMI – Fundo Monetário Internacional – divulgam documentos com o WEO – World Economic Outlook -, trimestralmente, com a média das expectativas dos profissionais da área para algumas regiões e principais países do mundo.
Figura 1
Em nível de Brasil, o boletim Focus, disponível no site do Banco Central, é semanalmente divulgado com um compilado das expectativas sobre a economia brasileira.
Figura 2
Mas o que tais números querem dizer?
Bom, olhando em nível de mundo, o relatório do FMI mostra que o crescimento global, ceteris paribus, (ou coeteris paribus, termo do latim muito utilizado na economia que significa, nesse caso, que o cenário acima foi construído mantidas inalteradas todas as outras coisas. Ou seja, qualquer alteração brusca sobre o que se sabe sobre o mundo, hoje, poderá alterar as previsões) será maior em 2020 do que em 2019, puxado pelos países emergentes e economias em desenvolvimento, não pelos países desenvolvidos.
Sobre os desenvolvidos, os EUA crescerão menos no atual ano, comparando com o ano anterior. Vale salientar que a economia é amplamente discutida por lá, principalmente, em ano eleitoral, caso do ano atual. A Zona do Euro, composta pela maior parte dos países da União Europeia, que aderiu à implementação da moeda única, entregará um crescimento levemente maior, mostrando mesmo que, de modo muito lento, alguma recuperação desde a crise, em tal grupo de países, evidenciada pela situação grega a partir de 2010. Já em relação às economias em desenvolvimento, a Índia possivelmente terá um PIB maior que a China em 2020, ao passo que Rússia, Brasil e África do Sul, os 3 países dos BRICS, que nos últimos anos puxaram a média de crescimento desse grupo para baixo, ao menos crescerão mais no atual ano.
Em relação ao Brasil, nosso PIB aumentará mais no ano corrente em relação ao ano anterior, na continuidade do movimento de recuperação econômica que o país vive. Acompanhado de uma taxa básica de juros, que deve fechar 2020, de acordo com o boletim Focus, em 4,5% (mesmo oscilando dentro do ano), com o dólar permanecendo acima dos R$ 4,00, inflação próxima ao centro da meta, recuperação mesmo que lenta da produção industrial e com a continuidade na luta contra o incremento da dívida pública.
É fato que uma crise econômica se assemelha a uma “descida de elevador”, ao passo que uma retomada seria uma “subida de escadas”, ou seja, a velocidade da retomada naturalmente é mais lenta e existe capacidade ociosa das empresas, o que significa que o nível de emprego não vai recuperar instantaneamente. Mas é certo que, coeteris paribus, será possível assimilar uma melhoria do ambiente econômico nacional em 2020.
Link para o WEO – FMI – https://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2019/10/01/world-economic-outlook-october-2019
Link para o Boletim Focus – https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus
(*) bacharel em Ciências Econômicas pela UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, especialista em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV – Fundação Getúlio Vargas. É Assessor de Investimentos da XP Investimentos, sócio da Mayor Investimentos, Gestor de Investimentos do Instituto de Previdência Municipal de Governador Valadares e Professor na Faculdade Pitágoras.
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