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Para tentar entender

por Marcius Túlio
Coronel reformado da PMMG

   O revanchismo  escancarado imposto pelos comunistas, derrotados em sua intentona de 64, trouxe uma sequela muito dolorosa para a História do Brasil. Inspirados na teoria de  Antonio Gramsci, descreveram uma realidade romântica em torno da ideologia comunista com inegável sucesso.

   A visão revolucionária do filósofo marxista demonstrou uma eficácia surpreendente, facilmente adequada aos anseios de civilizações emergentes. Seu foco nas Universidades e nos chamados intelectuais deu um tom de liberdade, igualdade e fraternidade, arraigadas no sentimento dos povos, traduzindo uma visão heroica e romantizada de um mundo mais justo e harmonioso.

   Abandonadas as armas, os  adeptos do marxismo optaram pelo “marxismo cultural”. Sempre se dedicando  à narrativa romântica e heroica, foram cooptando mais e mais seguidores que se tornaram fervorosos, embora não tivessem presenciado tais “revoluções”.

   De fato, o processo de tomada do poder, na narrativa de Gramsci, é profundamente heroica e convincente, afinal, no  desfecho das narrativas, o bem prevalece e o mundo se torna o paraíso. Entretanto, para nossa decepção, a narrativa não prossegue, inusitadamente a narrativa se perde no horizonte deixando o leitor a ver navios.

   No Brasil, uma civilização adolescente, ávida por aprendizagem, a narrativa gramscista encontrou terreno fértil , especialmente em face da instabilidade política desde a Proclamação da República. No pós 64, os corações brasileiros estavam machucados, foram traídos pela democracia, os militares, meio que atabalhoados, foram pegos de surpresa e tentavam resgatar a dignidade da população e da democracia, gerando inexoravelmente um ambiente favorável às investidas dos derrotados.

   Na clandestinidade, os marxistas de  “ouvir dizer”, impulsionados pelas românticas narrativas e por alguns milhares ou milhões de dinheiros internacionais nunca desistiram de seu intento de ampliar a dominação do comunismo no mundo, esquecendo-se, por omissão ou desconhecimento, que o comunismo internacional possui uma elite dirigente, em cujo núcleo, jamais pertencerão.

   O confuso e atrapalhado processo de “redemocratização” no país criou uma nova classe de “ideólogos” por assim dizer. Confundindo eleições diretas com democracia, o adolescente povo brasileiro voltou a acreditar na revolução do proletariado, enganado que foi pelos marxistas.

   Seduzido pelo frisson do trabalhismo, o povo brasileiro se permitiu dividir em facções de trabalhistas, não trabalhadores, para o deleite dos marxistas. Diante da confusão deliberadamente  estabelecida, a narrativa do filósofo italiano ganhou força, ainda que de modo turvo, distorcido, míope. Mas direcionado meticulosamente.

   De forma auspiciosa, o brasileiro imiscuiu-se num feixe de informações divergentes, fruto de uma fragilidade provocada por interlocuções demagógicas e superficiais que o levou a duvidar se suas crenças e valores, confundindo seu costume, limitando seu raciocínio. A onda progressista irracional e inconsequente passou a habitar um coração puro e sonhador, travestida de liberdade, sem limites.

   Assim, com certo êxito, o marxismo cultural se fundiu com o trabalhismo onde somente ao primeiro restaram os louros da glória, cabendo ao segundo, implacavelmente, o papel de coadjuvante, de massa de manobra,  mas sem perder a retroalimentação da narrativa motivacional.

   O somatório desse cenário de indefinições existenciais proporcionou a boa parte dos brasileiros uma submissão ao marxismo, sem sequer dimensionar seus efeitos, ou seja , sem conhecer, de fato suas bases políticas, econômicas e sociais.

   O resultado, ainda indefinido, é que boa parte de brasileiros que sonham com uma realidade em que os trabalhadores serão valorizados pelo viés comunista ou marxista ao mesmo tempo em que sonha com liberdade, fraternidade e igualdade, sem jamais se deter numa análise mais profunda que lhe mostre onde o marxismo conviveu harmonicamente com a democracia,  a História é muito generosa nesse aspecto.

   Resta, enfim, para tentar entender  sua tendência, que o brasileiro busque se informar, de forma clara, sobre as pautas e a agenda marxistas, no passado, no presente e no futuro, o que significam e quais foram, são ou serão seus efeitos.

   Paz e Luz! 

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