Marizete Belo da Silva (*)

Em um dos princípios da Declaração dos Direitos da Criança, vemos: […] A criança deve beneficiar-se com uma educação que contribua para sua cultura geral.
Nesse sentido, partindo do entendimento que o folclore constitui-se como elemento para dar referências identificatórias ao novo ser em processo de desenvolvimento e socialização, e a escola como um espaço de transmissão dessa identidade cultural, de geração em geração, é inevitável a relação entre os dois.
Em relação à inclusão do ensino do folclore em sala de aula, nos documentos oficiais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) lei nº 9394/96, em seu Art. 1º, enfatiza que a educação envolve os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Dessa forma, no seu artigo 26 afirma que:
Portanto os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (LDB 9394/96).
Identidade e história cultural
Por meio de artes, lendas, cantigas de roda, coreografias, poesias, música, brincadeiras, sapateado, danças, mitos, ditados, comidas típicas, provérbios, o folclore auxilia as crianças a perceberem mais sobre a cultura na qual estão inseridas, enraíza a sua identidade, além de dar um sentido ao processo de socialização. Uma educação para a vida. Então repassar esses conhecimentos para as crianças é dar continuidade à nossa identidade e história cultural e que precisam ser transmitidos de geração em geração.
Não haverá perspectiva de futuro, uma visão de construção de porvir, numa aprendizagem que não tenha firmeza nas origens.
A educação que transmite, através de sua identidade cultural, o legado de uma época, povo e região, leva as crianças ao respeito pelos outros lugares bem como a outras culturas.
Portanto ensinar o folclore brasileiro na educação infantil significa despertar a curiosidade pela riqueza da nossa comunidade, do nosso estado, do nosso país. Ensina, também, a ter empatia com o próximo, a ter segurança, confiança e consciência crítica de si e do mundo.
Eu gostaria de escrever-te uma poesia…
Uma poesia que levantasse a árvore de sua queda
o dia de sua eclipse, a terra de sua decadência.
Uma poesia que abrisse o mundo como só um profundo
olhar sabe… espalhando-se sobre o horizonte visível
de terras e plantas.
Uma poesia que reconcilie a presença,
a liberdade, o ser e a vida, que apartasse
a morte, o vazio, a escravidão.
Uma poesia que a mão desenhasse; enquanto que
o corpo se tornasse ópera donde se representa a mais
singular alegria do mundo: uma poesia
Lillane Ixelles 1984
(*) Revisora do DIÁRIO DO RIO DOCE e formada em Pedagogia. Email: marizetebelo@yahoo.com.br | (33) 99820-8619
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